A disputa pelo título da Copa do Brasil 2025 seguirá indefinida até o último capítulo. Nesta quarta-feira, diante de quase 50 mil torcedores na Neo Química Arena, Corinthians e Vasco protagonizaram um duelo travado que terminou sem gols, mantendo todas as possibilidades abertas para a partida decisiva no Rio de Janeiro.
O confronto teve mais tensão do que beleza. Duas jogadas de perigo real — ambas invalidadas por posição irregular — e uma bola na trave resumiram as emoções de uma noite onde a cautela prevaleceu sobre a ousadia. Agora, tudo se resolve no domingo, às 18h, no Maracanã.
Cautela tática domina o primeiro ato
Com renda superior a R$ 5,4 milhões e o segundo maior público do estádio paulista em 2025, o ambiente prometia fogo. O que se viu, porém, foi um jogo estudado, quase acadêmico, onde Fernando Diniz e Dorival Júnior priorizaram não sofrer antes de pensar em atacar.
O Vasco apostou na pressão adiantada que caracteriza o trabalho de Diniz. Aos 18 minutos, a estratégia quase rendeu frutos. Andrés Gómez lançou Rayan em profundidade, o atacante tocou por baixo de Hugo Souza e explodiu em comemoração. A alegria durou segundos: o árbitro Rafael Rodrigo Klein, alertado pelo VAR Daniel Nobre Bins, corretamente assinalou impedimento.
O Corinthians respondeu aos 26 minutos com uma jogada que ilustrou sua dependência de bolas paradas. Ángel Garro cobrou falta na segunda trave, André Ramalho desviou, Yuri Alberto tentou acrobacia e Memphis Depay completou para a rede. Nova anulação, desta vez com o holandês flagrado além da linha defensiva.
Os cartões para Raniele e Robert Renan encerraram uma etapa inicial que deixou claro: nenhum técnico estava disposto a correr riscos desnecessários.
Vasco superior, mas sem efetividade
A segunda metade começou com a mesma tônica, mas o time carioca demonstrou maior controle sobre as ações. Aos 21 minutos, veio o lance mais perigoso da partida. Philippe Coutinho cruzou da direita, Cauan Barros apareceu na pequena área e carimbou a trave de Hugo Souza. Foi o momento em que o título pareceu mais próximo para o Cruzmaltino.
Dorival Júnior reagiu com mudanças. Maycon e Carrillo entraram aos oito minutos, seguidos por Vitinho e André vinte minutos depois. Diniz, em contraste, manteve confiança nos mesmos 11 atletas até a reta final, sinal de que o plano funcionava.
Nos minutos finais, o Corinthians criou sua melhor oportunidade. Matheus Bidu trocou passes com Memphis pelo lado esquerdo e cruzou rasteiro para Yuri Alberto. O camisa 9 finalizou firme, mas Léo Jardim se esticou todo e salvou. O impedimento já havia sido marcado, mas o lance animou a arquibancada paulista, que viu sua equipe finalmente pressionar.
Histórico favorece o Timão, mas cenário beneficia o Vasco
O Corinthians busca seu quarto troféu da Copa do Brasil, 16 anos após a última conquista. A campanha atual incluiu triunfos sobre Novorizontino, Palmeiras, Athletico-PR e, nas semifinais, uma dramática classificação diante do Cruzeiro nos pênaltis, onde Hugo Souza se tornou herói ao defender duas cobranças.
O Vasco, que começou sua jornada ainda na primeira fase, eliminou União Rondonópolis, Nova Iguaçu, CSA, Botafogo e Fluminense — este também nas penalidades, com Léo Jardim como protagonista. A conquista do bicampeonato seria histórica, relembrando o título de 2011 contra o Coritiba.
A provocação atravessou a noite na Neo Química Arena. Uma faixa com os dizeres “sou campeão do mundo, você não conseguiu” reacendeu a memória de 2000, quando o Corinthians venceu justamente o Vasco nos pênaltis no Maracanã para conquistar o Mundial de Clubes. Vinte e cinco anos depois, os papéis se invertem: o palco será o mesmo, mas quem buscará vingança é o time carioca.
Arbitragem precisa e jogo bem conduzido
Rafael Rodrigo Klein comandou a partida com segurança. As duas anulações por impedimento foram incontestáveis, e o VAR atuou com a precisão necessária. Os três cartões amarelos distribuídos refletiram a intensidade física sem comprometer o andamento do jogo.
Taticamente, o Vasco demonstrou melhor organização ofensiva e domínio nos momentos de transição. O Corinthians encontrou dificuldades para construir jogadas pela linha de fundo e dependeu excessivamente de cruzamentos e lances de ensaio. A igualdade no placar, no entanto, não significa igualdade técnica — o time de Diniz foi superior, mas não converteu superioridade em gols.
Tudo ou nada no templo do futebol carioca
O domingo promete ser diferente. No Maracanã, com sua torcida empurrando e a possibilidade de levantar a taça jogando em casa, o Vasco tende a ser mais propositivo. O Corinthians, obrigado a vencer, pode encontrar nos contra-ataques a arma que não conseguiu usar em São Paulo.
Se o empate persistir após os 90 minutos regulamentares, a disputa de pênaltis será inevitável. E ali, os dois goleiros que brilharam nas semifinais — Hugo Souza pelo Corinthians e Léo Jardim pelo Vasco — podem novamente decidir quem erguerá o troféu mais cobiçado do calendário nacional.
A final está aberta. A emoção, garantida. E o futebol brasileiro terá seu grande campeão coroado sob as luzes do Maracanã, em uma decisão que promete escrever mais um capítulo memorável na história da Copa do Brasil.