O Corinthians conquistou o tetracampeonato da Copa do Brasil neste domingo (21), ao vencer o Vasco por 2 a 1 no Maracanã, no Rio de Janeiro. O triunfo na partida de volta da final, após empate sem gols no jogo de ida na Neo Química Arena, garantiu ao clube paulista seu quarto título na competição e colocou fim a um jejum de 16 anos sem levantar a taça.
Jogo eletrizante define campeão no Maraca
Corinthians abre vantagem com contra-ataque letal
Sob o comando do experiente Dorival Júnior, o Timão adotou postura cautelosa desde o apito inicial. A estratégia defensiva priorizava a compactação das linhas e apostava em transições rápidas para surpreender o adversário.
O plano funcionou perfeitamente aos 18 minutos da primeira etapa. Matheuzinho recebeu pela direita e rapidamente acionou Yuri Alberto na ponta oposta. O camisa 9 dominou, ajeitou o corpo e finalizou com precisão no canto de Léo Jardim: 1 a 0 para os visitantes.
O tento corintiano desestabilizou momentaneamente o time da casa. Yuri Alberto quase ampliou minutos depois, em lance similar, mas desta vez a bola passou por cima da meta vascaína.
Reação cruzmaltina empata a partida
A partir da metade inicial, o Vasco de Fernando Diniz encontrou seu caminho. Explorando as laterais com Paulo Henrique e Rayan, o clube carioca descobriu que os cruzamentos e jogadas pelos flancos seriam fundamentais para superar o sistema defensivo adversário.
Aos 40 minutos, veio a igualdade. Após erro de Raniele no meio-campo, Andrés Gómez avançou pelo lado esquerdo e cruzou na segunda trave. Nuno Moreira apareceu livre para cabecear e recolocar o Vasco na disputa: 1 a 1.
Segundo tempo: Memphis decide e Corinthians segura pressão
A etapa final começou com o Gigante da Colina mais ofensivo. Paulo Henrique e Puma Rodriguez criavam perigo constante pelos lados, mas o time cruzmaltino se expunha aos contra-ataques.
Aos 18 minutos, o cenário que Fernando Diniz temia se concretizou. Breno Bidon driblou Barros no meio-campo e disparou em velocidade, iniciando jogada de três contra dois. Em rápida troca de passes – de Matheuzinho para Yuri Alberto -, o holandês Memphis Depay apareceu para finalizar de carrinho e devolver a vantagem ao Corinthians: 2 a 1.
Desesperado, o técnico vascaíno promoveu sucessivas alterações, lançando Vegetti, GB, Tchê Tchê, Matheus França e David. Apesar da pressão nos minutos finais, a organização tática de Dorival Júnior prevaleceu. Hugo Souza ainda fez defesa crucial em tentativa de Rayan aos 48 minutos. Quando Wilton Pereira Sampaio encerrou a partida aos 53 minutos, explodiu a festa alvinegra.
Vasco 1 x 2 corinthians
Ficha técnica completa da final
VASCO 1 x 2 CORINTHIANS
Copa do Brasil 2025 – Final (jogo de volta)
Data: 21 de dezembro de 2025, 18h
Local: Maracanã (RJ)
Público: 67.111 torcedores (62.420 pagantes)
Renda: R$ 13.214.612,50
Gols:
Yuri Alberto (18’/1ºT) – Corinthians
Nuno Moreira (40’/1ºT) – Vasco
Memphis Depay (18’/2ºT) – Corinthians
Cartões amarelos:
Vasco: Cuesta, Thiago Mendes, Vegetti
Corinthians: Yuri Alberto, Carrillo, Matheuzinho
Escalações:
Vasco: Léo Jardim; Paulo Henrique, Carlos Cuesta, Robert Renan e Puma Rodríguez; Barros (Vegetti), Thiago Mendes e Coutinho (Tchê Tchê); Nuno Moreira (GB), Andrés Gómez e Rayan. Técnico: Fernando Diniz
Corinthians: Hugo Souza; Matheuzinho, André Ramalho, Gustavo Henrique e Matheus Bidu; Raniele (Carrillo), Maycon (André), José Martínez e Breno Bidon (Garro); Memphis Depay e Yuri Alberto. Técnico: Dorival Júnior
Arbitragem: Wilton Pereira Sampaio (GO), auxiliado por Bruno Boschilia e Victor Imazu (PR). VAR: Marco Aurelio Augusto Fazekas Ferreira (MG)
Heróis do título corintiano
Yuri Alberto: artilheiro decisivo na final
Unanimemente escolhido como melhor em campo, Yuri Alberto foi o grande protagonista da conquista. O atacante marcou o primeiro gol, deu assistência para Memphis e impressionou pelos números: três finalizações, 28 ações com bola e uma grande chance criada.
Visivelmente emocionado após o apito final, o camisa 9 desabafou: “Valeu a pena todo esforço e sacrifício. No jogo passado sofri muito com dores. Mostramos que merecemos muito esse título. Todas as nossas vitórias eram tratadas como sorte ou azar do adversário, nunca mérito nosso.”
Na temporada 2025, Yuri Alberto terminou como artilheiro do Corinthians com 19 tentos em 58 partidas. Na Copa do Brasil, foram oito gols, dividindo a artilharia da competição.
Memphis Depay: contratação milionária justificada
O holandês confirmou seu valor ao marcar o gol do título. Ao longo da campanha, Memphis foi decisivo também contra Palmeiras (oitavas) e Cruzeiro (semifinal).
Com a conquista, o atacante garantiu bonificação contratual de R$ 4,725 milhões e conquistou seu primeiro troféu nacional no Brasil, o décimo da carreira. Na temporada, participou de 21 gols (11 assistências e 10 tentos), liderando as estatísticas ofensivas do clube ao lado de Yuri Alberto.
Breno Bidon: joia da base brilha no momento crucial
O jovem volante teve papel fundamental no segundo gol. Foi ele quem driblou Barros e iniciou o contra-ataque que resultou no tento de Memphis. A torcida rapidamente apelidou o jogador de “Breno Iniesta” nas redes sociais.
Na semifinal contra o Cruzeiro, Bidon também foi decisivo ao converter o pênalti da classificação, após Hugo Souza defender duas cobranças.
Hugo Souza: herói improvável da campanha
Embora pouco exigido na final, Hugo Souza foi peça-chave na semifinal ao defender penalidades de Gabigol e Wallace contra o Cruzeiro. Com dez defesas em cobranças da marca da cal, tornou-se o quarto maior pegador de pênaltis da história corintiana.
Trajetória vitoriosa até o título
O Corinthians construiu campanha quase impecável, mantendo invencibilidade de sete jogos sem sofrer gols até a semifinal.
Terceira fase: Corinthians 1 x 0 Novorizontino
Oitavas de final: Corinthians 3 x 0 Palmeiras (placar agregado) – vitórias de 1 a 0 fora e dentro de casa, com gol decisivo de Memphis
Quartas de final: Corinthians 3 x 0 Athletico-PR (agregado) – triunfos de 1 a 0 no Paraná e 2 a 0 em São Paulo
Semifinal: Corinthians 1(5) x (4)2 Cruzeiro – vitória de 1 a 0 fora, derrota de 2 a 1 em casa, classificação nos pênaltis
Números da campanha:
- 8 jogos disputados
- 6 vitórias no tempo regulamentar
- 1 empate
- 1 derrota
- 11 gols marcados
- 3 gols sofridos
- Artilheiro: Yuri Alberto (8 gols)
Vasco: sonho do bicampeonato frustrado
O clube cruzmaltino chegou à final após 14 anos, desde o título de 2011. A campanha incluiu invencibilidade até a semifinal e três classificações nos pênaltis.
Principais resultados:
- Primeira fase: União Rondonópolis 0 x 3 Vasco
- Segunda fase: Nova Iguaçu 0 x 3 Vasco
- Terceira fase: Vasco 1(7) x (6)1 Operário-PR (nos pênaltis)
- Oitavas: Vasco 3 x 1 CSA (agregado)
- Quartas: Vasco 2(5) x (3)2 Botafogo (nos pênaltis)
- Semifinal: Vasco 2(4) x (3)2 Fluminense (nos pênaltis)
Números gerais:
- 10 partidas disputadas
- 4 vitórias no tempo normal
- 5 empates
- 1 derrota
- 15 gols marcados
- 7 gols sofridos
Dorival Júnior: especialista em decisões
A conquista marcou a quarta Copa do Brasil de Dorival Júnior em cinco finais disputadas. O treinador havia erguido a taça pelo Santos (2010), Flamengo (2022) e São Paulo (2023).
Impressionante: Dorival não é eliminado da Copa do Brasil desde as quartas de final de 2016. Em 2025, sua estratégia incluiu poupar jogadores titulares no Brasileirão antes da decisão, priorizando totalmente a competição de mata-mata.
“Mudamos a postura, mudamos o entendimento. Os jogadores acreditaram e merecíamos sorte melhor pelo volume e oportunidades criadas”, analisou o técnico após a classificação à final.
Expulsão de Fernando Diniz marca final
O técnico vascaíno foi expulso nos acréscimos após confusão com jogadores corintianos. Diniz deixou a área técnica e iniciou discussão, recebendo cartão vermelho direto de Wilton Pereira Sampaio.
Premiação milionária e vaga na Libertadores
O tetracampeonato garantiu ao Corinthians R$ 97.791.750 em premiações, sendo R$ 77.175.000 apenas pelo título, somados às cotas acumuladas desde a terceira fase.
O Vasco embolsou R$ 57.109.500 como vice-campeão. Curiosamente, caso fosse campeão, o clube carioca teria superado a premiação corintiana, pois acumulou R$ 24.034.500 em cotas desde a primeira fase – R$ 3.417.750 a mais que o Timão.
Além do valor, o Corinthians garantiu vaga direta na fase de grupos da Libertadores 2026 e disputará a Supercopa Rei contra o Flamengo em 24 de janeiro de 2026.
Ranking de maiores campeões atualizado
Com o tetracampeonato, o Corinthians igualou o Palmeiras na terceira colocação entre os maiores vencedores da Copa do Brasil:
- Cruzeiro – 6 títulos (1993, 1996, 2000, 2003, 2017, 2018)
- Grêmio – 5 títulos (1989, 1994, 1997, 2001, 2016)
- Flamengo – 5 títulos (1990, 2006, 2013, 2022, 2024)
- Palmeiras – 4 títulos (1998, 2012, 2015, 2020)
- Corinthians – 4 títulos (1995, 2002, 2009, 2025)
Os títulos anteriores do Timão foram conquistados sobre Grêmio (1995), Brasiliense (2002) e Internacional (2009).
O Vasco permanece com título único na competição, conquistado em 2011 diante do Coritiba. Foi o último troféu nacional do clube, que buscava encerrar jejum de 14 anos.
Festa e tensão no Maracanã
O estádio registrou público de 67.111 torcedores e renda superior a R$ 13 milhões. A torcida vascaína preparou mosaicos especiais, incluindo referência à música do rapper BK: “E no final, meu sonho é igual: família, churrasco no quintal, ver meu time na final.”
Antes da partida, aproximadamente 200 corintianos ocuparam setor destinado a torcedores rivais do Vasco (concessionários do Maracanã). O Batalhão Especializado de Policiamento em Estádios (Bepe) transferiu o grupo para o setor visitante, onde foram disponibilizadas 4 mil entradas.
A polícia utilizou spray de pimenta e munição de borracha para conter confrontos antes da entrada no estádio, sem feridos. Classificada como jogo de risco máximo, a final contou com mais de 1.700 agentes, sendo 680 do Bepe.
Corinthians encerra jejum e volta à elite
O tetracampeonato representa marco fundamental na recente trajetória corintiana. O clube encerra oito anos sem conquistas nacionais – a última havia sido o Brasileirão de 2017.
Para time que enfrentou grave crise financeira e administrativa, o troféu simboliza retomada. A eficiência corintiana, baseada em solidez defensiva e aproveitamento cirúrgico das oportunidades, contrastou com o domínio territorial vascaíno que pecou na finalização.
Para o Vasco, restou a frustração de não conseguir acabar com 14 anos sem título nacional. Vegetti, artilheiro do time, chorou copiosamente no gramado após entrar apenas no segundo tempo e ter atuação discreta.
O Corinthians retorna à elite do futebol brasileiro com direito de disputar a Libertadores e entra em 2026 como um dos favoritos aos títulos nacionais. Para a apaixonada Fiel Torcida, o tetracampeonato representa a realização de um sonho alimentado durante 16 longos anos de espera.