“Corpo negro presente” ressalta saber afro-brasileiro na Tijuca

Ocupação gratuita traz 20 programações culturais nos dias 11, 12 e 13/11, no Centro Coreográfico do Rio de Janeiro

por Redação
NUDAFRO

Nos dias 11, 12 e 13 de novembro, o Centro Coreográfico da Cidade do Rio de Janeiro, na Tijuca, será palco da ocupação “Corpo negro presente”. Durante os três dias haverá cerca de vinte programações, entre espetáculos, performances, lançamentos de livro, apresentação de vídeos e documentários, oficinas e rodas de conversa com temática afro-brasileira. Toda a programação é gratuita e os ingressos podem ser retirados através da plataforma Sympla.

O evento tem como objetivo apresentar ao público tudo o que está sendo produzido com temática preta na capital carioca e disseminar saberes ancestrais para fomentar interesse na produção artística afro-referenciada.

A mostra vai estar espalhada em todos os espaços do Centro Coreográfico do Rio de Janeiro. As oficinas e os lançamentos de livro serão no Loft, assim como o ajeum, horário reservado para um café e troca de experiências, no intervalo das programações.

As performances e espetáculos de dança serão no Teatro Angel Vianna e os bate-papos e exibição de vídeo serão na sala multimídia. Para todas as programações basta retirar o ingresso na plataforma digital Sympla. No caso das oficinas, há o limite de 20 inscrições. Já para os espetáculos, a capacidade do teatro é de 150 pessoas.

O projeto da ocupação “Corpo Negro Presente” é totalmente independente e começou a se desenvolver a um ano e meio, através de discussões entre o Núcleo de Pesquisa em Dança e Cultura Afro-brasileira (NUDAFRO) da Universidade Federal do Rio de Janeiro e coletivos independentes, segundo explica uma das coordenadoras da ocupação, a Doutora em Artes Cênicas pela UNIRIO, professora Tatiana Damasceno.

“Surgiu a partir de conversas com alguns coletivos que trabalham a cultura afro-diaspórica e quis fazer um evento em que eles pudessem estar juntos pensando, conversando, dialogando sobre o tema. O NUDAFRO abraçou a ideia e o centro coreográfico entrou como parceiro. A partir daí, começamos a ver com os coletivos o que cada um poderia trazer para o evento”, relembra.

A produção envolveu pelo menos cinquenta profissionais que, nos últimos meses, se dedicaram a preparar performances, espetáculos, oficinas, vídeos e o lançamento de livros abordando discussões sempre atuais sobre a temática negra.

“Nesses três dias, o público vai poder entrar em contato com artistas pretes, mulheres, homens e terão a oportunidade de ter contato com pesquisas diferenciadas, do empoderamento de ser mulher, do corpo preto, como ele atua dentro da cidade, como ele é visto. Esse corpo preto que é discriminado de várias formas, sendo pouco ou nada assistido pelo poder público”, ressalta a organizadora.

Além de pesquisadores e estudantes interessados em artes, a ocupação quer levar os saberes afro-brasileiros e ancestrais ao público em geral, particularmente o do entorno.

 “É muito importante dar espaço para exaltar e colocar em pauta os saberes afro-referenciados e partilhá-los com a sociedade para mostrar às pessoas como a nossa ancestralidade é linda, potente e movimenta forças para continuarmos produzindo arte e vida na coletividade. É uma forma de motivar diálogos e conversas para aproximar esses saberes que ficam em lugares distantes dos equipamentos culturais”.

Um dos criadores do espetáculo Naíses que está em cartaz na ocupação, Luís Silva, reforça a importância do tema o espetáculo que segue a mesma linha da mostra.

“Acho que a gente já tem muitas outras pessoas se colocando para produzir essas temáticas, mas quanto mais a gente fala sobre isso, mais visibilidade a gente dá para a diversidade presente nesse corpo, corpo preto, periférico, urbano, que traz as suas ancestralidades, outras formas de ver o mundo. Quanto mais a gente abrange corpos diversos, mais potente fica essa narrativa”, opina o artista que é mestrando em Estudos Contemporâneos das Artes pelo PPGCA da UFF.

Ocupação usa diversas linguagens artísticas para difundir saber negro

A programação da ocupação “Corpo negro presente” usa várias linguagens artísticas para difundir o saber negro e valorizar a ancestralidade. Ao longo dos três dias, o público poderá acompanhar espetáculos, performances, lançamento de livros e participar de rodas de conversa sobre o tema.

A programação começa na sexta-feira (11), com a oficina Escritas do Tempo e Expressividade Cênica, ministrada pela facilitadora professora Maria Alice Motta, que ocorre entre 15h30 e 17h. Meia-hora depois ocorre o ajeum, o café diário para troca de experiências entre os visitantes e participantes do evento.

Às 18h, haverá o lançamento de dois livros da pós-doutorada em Artes Cênicas pela ISCTE/Lisboa de Denise Zenicola: Performance e Ritual: a dança das Iabás no xirê e; Máscaras Decoloniais: dança e performance.

A partir das 19h começam as performances na ordem: “Gira, Ialodê!”, criação e interpretação de Ariane Mendonça;  “PerF^V”, de Pedro Avlis;  “Arte da Cura”, de Maria Carol Leguedê; “Presente Orixá” , de Luiz Gustavo dos Santos (LG);  “Banzo”, de Rhaiane Silvestre. Encerrando a noite há o espetáculo Mask Liv®e, do coletivo Muanes Dançateatro.

No sábado (12) a oficina “Na boca de quem presta pombagira canta história”, da Fabiana Pinel, é a primeira programação do segundo dia do evento, no horário de 15h às 16h30. Na sequência tem o lançamento do livro e da exposição “Meu Corpo Terreiro”, de Xandy Carvalho e as convidadas Helena Theodoro, Tatiana Damasceno, Katya Gualter e Ruth Torralba. O intervalo para o ajeum será 18h

 Às 19h, a Companhia Padê Dança Afro Diaspóricas de Terreiro, estreia o espetáculo “Meu Corpo Terreiro”.

O último dia do evento começa mais cedo, a partir das 14h30. O domingo é dedicado às oficinas, rodas de conversa, apresentações de danças e de vídeos.

A primeira programação do dia será a oficina rebolativa, de Jack Karen, das 14h30 às 15h30. Na sala multimídia haverá rodas de conversa e apresentação de vídeos, a partir das 16h. O bate-papo será com os coletivos: Urbano, NUDAFRO e PPGDAN com a participação de Aline Teixeira, Luís Silva, Katya Gualter, Xandy Carvalho, Tatiana Damasceno, e com a provocadora Ivy Brum.

Entre as projeções estará o primeiro episódio da série documental Coletiva de Dança. “Artistas do Brasil” aborda o tema relativo à presença e a ausência da mulher nas danças urbanas.

Também haverá apresentação do vídeo Ire, do coletivo NUDAFRO (Núcleo de Pesquisa em Dança e Cultura Afro-brasileira) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). ”Ire” é uma criação onde arte e vida florescem a partir de diferentes espaços físicos, oníricos e corpóreos.

Haverá ainda a exibição da produção Pra-ArQ-Sença, do arquivo Pra-ArQ-Sença (prática, arquivo, presença corpo-orais e escritas). O vídeo é fruto de processos e caminhos partilhados na disciplina Processos de Criação Afro referenciados: coreografia, interpretação, encenação e ancestralidade, ministrada no Programa de Pós-Graduação em Dança da UFRJ no primeiro semestre de 2022 pelo Coletivo Sankofa, liderado pelos professores Tatiana Damasceno, Katya Gualter e Xandy Carvalho.

A partir das 17h haverá a performance ‘Encruza-Ilhadas”. Criada e interpretada Taciana Moreira; Thais Lorraini e Th Vieira, a apresentação é resultado da disciplina Processos de Criação ministrada em 2022/1 – PPGDAN /UFRJ.

A última programação da mostra é o espetáculo Naízes, que traz para o palco discussões sobre o atravessamento dos corpos que foram deixados à margem da sociedade e da vida. Naízes convida o público a conhecer os saberes, costumes e guerrilhas do povo preto.

Um dos criadores do espetáculo, Luís Silva, reforça a importância do tema o que, segue a mesma linha da mostra.

“Acho que a gente já tem muitas outras pessoas se colocando para produzir essas temáticas, mas quanto mais a gente fala sobre isso, mais visibilidade a gente dá para a diversidade presente nesse corpo, corpo preto, periférico, urbano, que traz as suas ancestralidades, outras formas de ver o mundo. Quanto mais a gente abrange corpos diversos, mais potente fica essa narrativa”, opina o artista que é mestrando em Estudos Contemporâneos das Artes pelo PPGCA da UFF.

Ocupação “Corpo negro presente”
Ficha Técnica: 

Organização e curadoria: Tatiana Damasceno e Luís Silva – UFRJ
Produção: Coletivo NUDAFRO
Fotografia: Rafaella Olivieri
Assessoria: Lu Cavalcante/ Fone: 91 99144-2082
Formação de plateia: Roy D’Peres

Coordenadores do evento:

Tatiana Damasceno

Doutora em Artes Cênicas / UNIRIO.  Mulher negra, candomblecista, artista, docente e pesquisadora nos Cursos de Dança (Licenciatura, Bacharelado e Teoria) e do Curso de Pós-Graduação em Dança do Departamento de Arte Corporal da Escola de Educação Física e Desportos da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Coordenadora do Núcleo de Pesquisa em Dança e Cultura Afro-Brasileira. Integrante GrupAR (Grupo de Pesquisa Ancestralidades em Rede).

Luís Silva

Luís Silva é artista da cena e fazedor cultural, formado em Bacharelado em Dança e Licenciado em Dança pela UFRJ e Mestrando em Estudos Contemporâneos das Artes pelo PPGCA da UFF. Atua no setor artístico, passando pelas áreas de música, fotografia, dança e produção cultural. Integra a coordenação do Coletivo NUDAFRO e do projeto de pesquisa Coletivo Urbano UFRJ, atua na produção artística da DeVir Cia de Dança e na Direção da Coletivando Art, organização de artistas e coletivos independentes.

Serviço– Ocupação “Corpo negro presente”, evento gratuito, no Centro Coreográfico do Rio de Janeiro (Rua José Higino, 115 – Tijuca), nos dias 11, 12 e 13 de novembro em horários diferenciados. Na sexta, a partir das 15h30; sábado, das 15h e domingo, a partir das 14h. Classificação: Livre. Retirada de ingressos pelo Sympla. Informações pelos fones: 3238.0601 / 3238.0357.

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