Cuidado quando for falar de mim

“Cuidado quando for falar de mim” no Teatro Municipal Café Pequeno

por Redação

“Cuidado quando for falar de mim”, Idealizado e dirigido por Ricardo Santos, e conta com encenação da peça e rodas de conversa nasceu nas trocas estabelecidas em reuniões de acolhimento da ONG Grupo Pela Vidda, onde o diretor indicado ao Prêmio Shell 2019 pelo espetáculo O Rinoceronte, foi convidado a ministrar uma oficina teatral. A oficina não chegou a acontecer, mas, a partir desses encontros, Ricardo percebeu o quanto era urgente falar do HIV, seus impactos na vida da população, os avanços da medicina e os estigmas de uma doença social.

“Fiquei com a ideia na cabeça e segui na pesquisa para além do Grupo. O ponto de partida está em falar das relações que se estabelecem quando atravessadas pelo HIV, vivendo ou convivendo com o vírus. Ao longo de dois anos de pesquisa entrevistamos transexuais, homens e mulheres cisgênero, lésbicas, gays, pessoas na terceira idade, enfim, foi uma ampla amostragem. A partir dos depoimentos colhidos, percebemos nessas trajetórias um aprofundamento e uma forma de refletir sobre grupo de risco, morte civil, violência doméstica, aborto, feminização do vírus, superação, acolhimento etc. São trajetórias que esbarram em muitas outras questões para além do HIV”, salienta Ricardo.

Tendo a dramaturgia construída com base em fatos, o espetáculo encontra o ficcional em alguns pontos e traz o cotidiano como forma de aproximação, criando pontes de identificação. “Em cena, as trajetórias dos personagens têm em comum o atravessamento pelo HIV, não o vírus. Não pretendemos trazer na essência da montagem o olhar da vitimização, tampouco o lugar de inferiorização”, salienta o diretor, que encontrou uma nova forma de levar o depoimento à cena atravessado pelo tempo e o espaço, como forma de deslocar o presente do futuro e do passado.

“Ao passo que a ciência muito avançou em relação ao HIV, o estigma e o preconceito em quase nada avançaram. Não se fala sobre o HIV, simplesmente teme-se o vírus”, pondera. “Porque é possível dizer sem rodeios que se é diabético ou hipertenso e não se fala do mesmo modo sobre o HIV, se todos têm a mesma classificação técnica de doença controlada? O HIV é um vírus social, carregado de estigmas e repleto de fantasmas do passado, que vive impenetrável no imaginário e no consciente coletivo”, ressalta o diretor.

Assegurar o direito de ser respeitado, independente da sorologia, é de suma importância para Ricardo, que acredita que o silêncio adoece e mata. “A frase do título é uma forma de alerta. Envolve o respeito. Pressupor o que de fato não se conhece é uma forma de preconceito. Os espaços de diálogo conquistados por meio da mobilização estão abalados por um crescente silêncio que sufoca as vozes críticas. Hoje é possível viver bem com HIV, mas não é como viver sem ele”, finaliza.

SERVIÇO – Única Apresentação:

“CUIDADO QUANDO FOR FALAR DE MIM”

  • 25 de outubro de 2022.
  • Terça, às 20h
  • Teatro Municipal Café Pequeno
  • Av. Ataulfo de Paiva, 269 – Leblon
  • Ingressos: R$ 40,00
  • Duração: 70 minutos
  • Classificação Indicativa: 16 anos

Vendas:

https://www.sympla.com.br/evento/cuidado-quando-for-falar-de-mim-8-festival-midrash-de-teatro/1747213?_gl=1*c2d04e*_ga*MTEzNzk5NDkzOS4xNjQzODA2NDY2*_ga_KXH10SQTZF*MTY2NTE3NzgwMi4xODguMS4xNjY1MTc4MzkwLjAuMC4w

*FICHA TÉCNICA*

  • Direção e Idealização do Projeto: Ricardo Santos
  • Elenco: Juracy de Oliveira, Laura Araújo, Maurício Lima, Nina da Costa Reis, Taye Couto, Vinicius Teixeira e Whiverson Reis
  • Participação em Vídeo: Jordhan Lessa
  • Texto: Carolina Lavigne
  • Assistente de Direção e Vídeos: Isabella Raposo
  • Figurino: Tatiana Rodrigues
  • Direção Musical: Rodrigo Marçal
  • Iluminação: Eugenio Oliveira
  • Programação Visual: Josué Ribeiro
  • Assessoria Técnica: Márcia Rachid e Regina Bueno
  • Técnico: Igor Gouvêa
  • Produção Executiva: Leticia Napole e Júlio Luz

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