Christovam de Chevalier celebra 25 anos de carreira literária com obra na qual reitera a paixão pela escrita e reflete sobre o mundo pós-pandemia e dualidades como vida e morte
Mestre na arte de imprimir em seu itinerário um vibrante deslimite entre vida e poesia, entre observação e construção, entre palavra e ato de escrever. (Flávia Souza Lima)
“São 25 anos de dedicação à escrita e de perseverança na carreira literária”. Com essa frase o poeta e jornalista Christovam de Chevalier abre a apresentação de Da lida do tanto da vida (7 Letras), sua nova coletânea de poesia, com a qual ele celebra suas bodas de prata na literatura. Ao longo dessa trajetória, o escritor consolidou-se como “farol entre os poetas de sua geração (…), celebrado (também) pelos que o precedem”, como constata a poeta e jornalista Flávia Souza Lima no prefácio da edição, cuja orelha é assinada pelo poeta e agitador cultural Igor Calazans. “Da lida do tanto da vida” é dividido em três partes, com textos agrupados por temas afins, relacionados ao labor da escrita (Da lida), aos (des)encontros em tempos de relações líquidas (Do tanto) e, por fim, poemas inspirados por fatos ou efemérides da atualidade (Da vida). A coletânea chega às livrarias em agosto e será lançada no dia 17 de setembro, na Livraria da Travessa de Ipanema, no Rio de Janeiro.
“Libreto liberto\objeto abjeto\sonho senão”. Com esses versos, Christovam arremata “Um livro a ser escrito”, poema dedicado a Arnaldo Antunes utilizado como prólogo na coletânea. A escrita é, de fato, a vocação do poeta e é sobre sua relação com ela que ele trata em Da lida, primeira parte da obra. “Não poupa esforços\ e tenta de um tudo\repõe os destroços\do grito que é mudo\\Tanto persevera\tanto ele escreve\essa tal quimera \para a qual vive”, constata ele em “Arte poética”. Além de reverenciar o ato da escrita, o poeta celebra nomes que o influenciaram como Chacal, Ledusha Spinardi e Salgado Maranhão, entre outros.
A segunda parte do livro, “Do tanto”, é uma compilação de poemas sobre o amor. Os textos abarcam aspectos que vão da euforia por sua chegada aos ocasos das relações, passando pelas frustrações dos desencontros, como mo poema “Ilusão à toa”: “O vinho respira, alheio à tua demora\ playlist e petiscos não me entretém\ No corredor, ouço algo inda agora…\ Abro a porta, a luz rutila. É ninguém”. Ausência e encontros compõem uma das muitas dialéticas abordadas ao longo da coletânea.
Como a que há entre a vida virtual e a real. “As coisas\não estão\na tela\ que temos\ nas mãos”, arremata o poeta em “A vida real”. O poema abre a terceira e última parte do livro, “Da vida”. A partir dali, o leitor encontrará textos provocados por fatos relevantes ou corriqueiros, mas todos verídicos. A dualidade entre os mundos analógico e tecnológico volta à baila em “Pelo centro da cidade”, em versos como “Andam sem olhar ao redor\ sem ver o que está no chão\ como se soubessem de cor\ o que pisam e onde estão”.
Os conflitos bélicos e urbanos, como os que acontecem no Hemisfério Norte ou no Brasil, não escapam à observação do poeta, que os aborda em “As guerras de todos nós”. “Assim é em Kiev\ Krimeia, Kharkiv\ Maputo, Magreb\ Teerã, Tel aviv (…)Na Praça Seca\ em Braz de Pina\ onde se disseca\ o sangue na tina”, observa ele.
A dicotomia entre diferentes forças ou fatores é apontada por Igor Calazans na orelha da edição. E, como ele observa, Christovam nos “inquieta sobre a realidade e a fantasia do mundo”. O resultado é, como o próprio poeta destaca, “uma obra rica, muito bem organizada, simples (em suas notas mais singelas) e profunda (em reflexões)”.
O autor:
Christovam de Chevalier é jornalista e poeta. Trabalhou no Jornal do Brasil e em O Globo e edita, hoje, o site de notícias “New Mag”. É autor de “Um livro sem título” (1998); “No escuro da noite em claro” (2016); “Marulhos, outros barulhos e alguns silêncios” (2019), “Inventário de esperanças e outros poemas” (2021), editados pela 7 Letras, e da instalação “Marulhos” (2019), apresentada no Oi Futuro. Tem poemas publicados nas antologias “É agora como nunca”, organizada por Adriana Calcanhotto e editada no Brasil (Cia das Letras) e em Portugal (Cotovia); “Poesia para pandemia”, organizada por Paulo Sabino, e “Ponte de Versos 25 anos” (Ibis Libris), organizada por Thereza Christina Rocque da Motta, e nas revistas “Rua” (Unicamp), “Poesia Sempre” (Biblioteca Nacional), “Poesia Visual” (Oi Futuro).
Serviço:
Título: “Da lida do tanto da vida”
Autor: Christovam de Chevalier
Editora: 7 Letras
Lançamento: agosto de 2024
Formato: 14 X 21cm
Número de páginas: 92
Preço: R$ 54,00