Chega às livrarias pela editora Cobogó Não me entrego, não!, livro com o texto da peça de Flávio Marinho que celebra a trajetória do ator Othon Bastos. O lançamento no Rio de Janeiro acontece em 19 de fevereiro, às 19h, na livraria Janela, no Shopping da Gávea — o mesmo endereço do teatro Vanucci, onde o espetáculo já foi visto por dezenas de milhares de espectadores. A publicação marca o encerramento da temporada de sucesso, em cartaz até 23 de fevereiro.
Aos 91 anos de vida e com mais de 70 anos de carreira, Othon Bastos é um dos maiores atores brasileiros. Atuou em grandes clássicos do teatro, do cinema e da televisão, marcando gerações de espectadores e tornando-se uma referência na cultura do país. Em Não me entrego, não!, através de seus relatos, somos transportados para os bastidores de produções como Deus e o Diabo na Terra do Sol, filme de Glauber Rocha, e Um grito parado no ar, peça de Gianfrancesco Guarnieri. Em cena, também está uma Memória corporificada, que dialoga com o artista e completa lacunas. Com uma ampla gama de referências, o texto propõe reflexões sobre a sua rica trajetória, abordando aspectos do trabalho, amor, teatro, cinema e política.
Não me entrego, não! é uma jornada divertida e emocionante por alguns dos momentos mais importantes das artes brasileiras, através de um de seus protagonistas. Com a peça, Othon Bastos foi indicado ao Prêmio Shell de Melhor Ator. O espetáculo também concorre ao prêmio APTR em cinco categorias: dramaturgia e direção (Flávio Marinho), ator protagonista (Othon Bastos), espetáculo e produção não-musical.
Trechos
“OTHON:
Artista, o teu nome já nasce na lista dos que vão sangrar de paixão e dor. É marca, é sina, não tem remissão. Vai cumprir missão até se esvair com o teu sinal da cruz, tua dor de raiz. Criar é mais importante que ser feliz.”
“OTHON:
[imitando Glauber Rocha] “Othon, vem comigo, preciso de você para fazer meu filme.” Expliquei a ele que não podia, que tava ensaiando uma peça. “Eu compro o teu passe!” Como assim? E fomos pro teatro. Não é que ele convenceu a produção de me ceder para o filme por 2 semanas por cem mil cruzeiros? [para Memória] Memória, quanto vale cem mil cruzeiros hoje em dia?
MEMÓRIA:
36 reais e 45 centavos.
OTHON:
E lá fui eu pro fim do mundo fazer Deus e o Diabo na terra do sol por R$ 36,45.”
O artista
Othon Bastos é um dos mais importantes atores brasileiros. Nascido em 1933, em Tucano, na Bahia, atuou em clássicos do cinema, como Sol sobre a lama, de Alex Viany, O pagador de promessas, de Anselmo Duarte, Deus e o Diabo na terra do sol e O dragão da maldade contra o santo guerreiro, ambos de Glauber Rocha, Capitu, de Paulo César Saraceni, Os deuses e os mortos, de Ruy Guerra, São Bernardo, de Leon Hirszman, Bicho de sete cabeças, de Laís Bodanzky, Central do Brasil, de Walter Salles Jr. ou O paciente, de Sérgio Rezende. Com formação teatral, iniciou sua carreira no Teatro Duse, de Paschoal Carlos Magno, estudou teatro na Weber Douglas School, em Londres, e participou da escola de teatro da Universidade Federal da Bahia. Fez os quatro mais importantes espetáculos dirigidos por José Celso Martinez Correa — Os pequenos burgueses, de Máximo Gorki, O rei da vela, de Oswald de Andrade, e duas de Bertolt Brecht, Galileu Galilei e Na selva das cidades —, e durante 15 anos esteve à frente da Othon Bastos Produções Artísticas, companhia fundada por ele e por sua mulher, Marta Overbeck, produzindo espetáculos como Castro Alves pede passagem, Um grito parado no ar, Caminho de volta, Ponto de partida, Murro em ponta de faca e Dueto para um só. Na televisão, participou de oitenta telenovelas. É uma grande referência na história da cultura brasileira.
O autor
Flavio Marinho é escritor, dramaturgo, tradutor e diretor com mais de 90 espetáculos no currículo — entre peças, musicais e shows. Escreveu peças como Judy: O arco-íris é aqui — pela qual recebeu prêmios como o APTR de Melhor Autor e o É Sobre Musicais de Melhor Texto e Melhor Espetáculo —, Cauby! Cauby! Uma lembrança! e Se eu fosse você — O musical, entre outros. Também para o teatro traduziu peças como O manifesto, de Brian Clark, Na sauna, de Nell Dunn e A rosa tatuada, de Tennessee Williams. Tem inúmeros livros publicados, dentre eles Abalou Bangu (2003) , Cauby! Cauby! (2007), A vingança do espelho – A história de Zezé Macedo (2012) e Judy: O arco-íris é aqui (2022). Foi redator e colaborador em programas de TV como Escolinha do Professor Raimundo e Zorra Total e escreveu roteiros de shows como Roberto Carlos Especial 94. Durante 14 anos, atuou como crítico teatral em veículos de imprensa como O Globo, Jornal do Brasil, Última Hora, Tribuna da Imprensa, Vogue e Elle, entre outros. Por Não me entrego, não! Marinho recebeu o troféu de Melhor Autor no prêmio FITA de teatro em 2024.
A coleção
A Coleção Dramaturgia publica, desde 2012, textos de dramaturgos da cena teatral brasileira e internacional. Os livros colaboram com o debate e a construção da memória do teatro do nosso tempo, marcando um novo registro do cenário da dramaturgia contemporânea. Em 2015, a Cobogó lançou ainda a Coleção Dramaturgia Espanhola, mais tarde a Coleção Dramaturgia Francesa (2019) e a Coleção Dramaturgia Holandesa (2022). A Coleção Dramaturgia possui mais de 100 títulos publicados, diversas peças premiadas, de mais de 70 importantes autores teatrais.
- Autor: Flávio Marinho
- Idioma: Português
- Número de páginas: 64
- Editora: Cobogó
- ISBN: 978-65-5691-160-1
- Capa: Gamba Júnior
- Encadernação: Brochura
- Formato: 13×19 cm
- Ano de publicação: 2025
- Preço: R$ 52,00
- CDD: 927.92028092