Deborah Colker apresenta “Sagração” no Teatro João Caetano

O espetáculo reúne obra clássica de Stravinsky e cosmogonias originárias

por Redação
Sagração - Flavio Colker

O Ministério da Cultura, a Petrobras e o Instituto Cultural Vale apresentam “Sagração”, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura. O espetáculo realiza temporada popular de 17 de julho a 17 de agosto Teatro João Caetano.

Na versão dirigida por Deborah Colker, a música clássica de Stravinsky encontra ritmos brasileiros no espetáculo inspirado por visões ancestrais sobre a origem do mundo. “Sagração” estreou no dia 21 de março de 2024 no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Fundada em 1994, a Companhia realizou mais de duas mil apresentações em mais de 100 cidades de 35 países, totalizando um público de cerca de 4 milhões de pessoas em todas as suas performances.

“Durante esses anos, assistimos e participamos de muitas transformações na cultura, na política e na economia. Chegamos até aqui porque temos este espírito de evolução, que é um tema muito precioso para o novo espetáculo”, avalia o diretor executivo João Elias, que fundou a companhia de dança com Deborah Colker.

O processo criativo de “Sagração” durou dois anos e meio. O espetáculo é uma livre adaptação de “A Sagração da Primavera”, obra composta pelo russo Igor Stravinsky, que ganhou projeção mundial pela montagem estreada em Paris em 1913, com coreografia de Vaslav Nijinsky e produção de Sergei Diaghilev para os Ballets Russes. A composição musical é considerada revolucionária por introduzir estruturas rítmicas e harmônicas nunca antes utilizadas em partituras.

“Quando decidi recontar esse clássico, pensei que teria de ser a partir da cosmovisão de povos originários do Brasil”, lembra Deborah, que também é pianista. “Stravinsky foi responsável por pontos de ruptura e provocação entre o erudito e o primitivo. ‘A Sagração da Primavera’ representa esses pontos de evolução da humanidade”.

Foi em uma viagem para o Xingu, durante o Kuarup, e no encontro com as aldeias indígenas Kalapalo e Kuikuro, que Deborah conheceu Takumã Kuikuro. O cineasta contou à ela como o povo do chão recebeu o fogo do Urubu Rei. Essa história é dançada e acompanhada por narração do próprio Takumã e faz parte da coleção de cosmogonias que a diretora reuniu para montar a dramaturgia do espetáculo.

“Tudo só poderia ter começado com uma mulher. Uma avó. A avó do mundo”, conclui Deborah, que, com a assessoria de Nilton Bonder, revisitou a mitologia judaico-cristã. Do livro “Gênesis”, as passagens sobre Eva e a serpente e também Abraão ganham cenas que destacam momentos de ruptura. “São dois mitos que elaboram sobre a consciência humana: pela autonomia de uma mulher que desperta para caminhos interditados e transgride; e de um homem que sai da sua casa e cultura em direção a si mesmo”, destaca Nilton Bonder. Além das alegorias bíblicas, a coreógrafa também buscou referências na literatura científica.

“A versão mais recente da nossa espécie é a Homo sapiens sapiens que, assim como outros seres, precisa se adaptar constantemente”, pontua Deborah, destacando a presença das personagens que representam bactérias, herbívoros e quadrúpedes no espetáculo. “Nossa dramaturgia é feita da poesia presente em mitos e teorias que pensam a existência da vida em nosso planeta”. A coreógrafa, em parceria com o diretor musical Alexandre Elias, introduziu à partitura instrumental de Stravinsky a sonoridade pujante das florestas e ritmos brasileiros.

Boi bumbá, coco, afoxé e samba foram introduzidos à criação de Stravinsky. Aos acordes de instrumentos de orquestra, o diretor musical adicionou flauta de madeira, maracá, caxixi e tambores. Os paus de chuva também entram em cena no arranjo executado ao vivo pelos bailarinos. Para dar vida às narrativas e trajetórias do espetáculo, o cenógrafo Gringo Cardia incorpora 170 bambus de 4 metros de altura que simbolizam resistência e flexibilidade.

Ficha técnica

  • Criação, Direção e Dramaturgia DEBORAH COLKER
  • Direção Executiva JOÃO ELIAS
  • Direção Musical ALEXANDRE ELIAS
  • Direção de Arte GRINGO CARDIA
  • Dramaturgia NILTON BONDER
  • Figurinos CLAUDIA KOPKE
  • Desenho de Luz BETO BRUEL
  • Fotografia FLÁVIO COLKER

 Serviço

Teatro João Caetano

  • Praça Tiradentes, s/n – Centro – Rio de Janeiro
  • Data: 17 de julho a 17 de agosto, de quinta a domingo.

Horários:

  • Quintas – 20h
  • Sextas – 20h
  • Sábados – 18h
  • Domingos – 17h

Valores:

  • Plateia e Balcão Nobre – R$30/R$15
  • Balcão Simples – R$20/R$10

Classificação indicativa: 10 anos

Desconto Petrobras: 50% para a força de trabalho mediante apresentação do crachá funcional para a compra de até 2 ingressos.

Desconto Instituto Cultural Vale: 50% para a força de trabalho mediante apresentação do crachá funcional para a compra de até 2 ingressos.

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