Quando se fala em excelência em hospitalidade, nem tudo se resume a um serviço exemplar, staff qualificado, localização impactante e acomodações que primam pelo conforto, os quais, em conjunto, tornam a experiência de hospedagem em algo singular. De acordo com a CEO da Brazilian Luxury Travel Association (BLTA), Camilla Barretto, outros aspectos podem ser determinantes.
“Para mim é muito claro que arquitetura, design e paisagismo transcendem a estética. Como filha de arquiteto e vivido desde a infância neste universo, entendo que ambientes bem projetados estimulam conexões emocionais, trazem bem-estar e laços profundos com o entorno. Na indústria da hospitalidade de luxo, mais do que oferecer conforto é necessário criar experiências marcantes e saber fazer o bom uso da caneta e do papel para dar forma a estes estímulos que ficam na memória e imprimem o desejo de estar ali e voltar sempre que possível. São, acredito, formas sutis de se diferenciar”, avalia.
De acordo com Camilla, a associação reúne inúmeros exemplos que se destacam por apresentar edifícios icônicos, bem como de arquitetura sustentável, e atendem as demandas de um público exigente que busca opções que respeitem o entorno onde estão inseridos e transmitem a essência da região em que estão localizados.
Na Pousada Maria Flor (Fernando de Noronha/PE), afirma a gerente Uendi Siekierski, ao contratar uma prancheta estrelada da arquitetura para assinar o layout da propriedade ela lembra que a dupla curitibana Priscilla Muller & Solo Arquitetos recebeu o desafio de desenvolver um projeto com linhas inovadoras que se integrassem à exuberante natureza do arquipélago. Segundo ela, o resultado foi muito além do esperado. “A pousada impressiona com suas linhas contemporâneas e exclusivas, ao mesmo passo que respeita e enaltece a paisagem local, recorrendo a componentes orgânicos e fazendo jus ao paraíso que nos cerca e ao perfil de hóspede que nos visita”, diz.
Ela complementa que o contato junto à natureza preservada de Noronha nunca esteve tão valorizado. Dentro deste contexto diz que ser parte deste paraíso é respeitá-lo. “Somos uma construção que impressiona, agradando aos olhos e respeitando o meio ambiente, trazendo valores de sustentabilidade que vão ao encontro do nosso público-alvo”, sintetiza. Uendi acrescenta que o diálogo entre arte com conceito sustentável, design, qualidade e responsabilidade ambiental são a grande aposta da Maria Flor.
Valorização do conhecimento ancestral
Ainda em território banhado pelas águas mornas do Atlântico, porém já no continente, o Rancho do Peixe (Preá/CE) teve por premissa, ao conceber seus bangalôs de frente para o mar, valorizar o conhecimento ancestral e nativo, tendo em vista que as pessoas que nasceram na região já têm todo o conhecimento geracional de quais são as melhores soluções para aproveitar o melhor da natureza local.
“Nossos bangalôs e construções sustentáveis foram feitos por mãos nativas, como as de Juscelino Pereira Muniz, que é nosso designer, arquiteto e inteligência suprema por trás dos nossos projetos”, afirma a coordenadora de Comunicação do hotel, Anne Beatrice Sousa Lima. Em harmonia com o entorno que abraça a propriedade, os hóspedes vivem uma imersão natural com plantas nativas até dentro do local de banho. “Nossa proposta é que cada um possa se sentir em meio à natureza todas as horas do dia”, diz.
Quanto aos ambientes, Anne Beatrice afirma que as designers de interiores são estrelas locais. “As empreendedoras Deniza e Diane são as nossas grandes inspirações e cenógrafas. Elas conseguem usar os materiais disponíveis na natureza e transformar o que seria descartável aos olhos de qualquer um em arte. Além disso, Flávio, nosso artesão de mãos cheias, é o responsável por móveis, decoração rústica e tudo que se encontra na pousada”, diz.
Mais ao sul, no Estado vizinho do Rio Grande do Norte, a Toca da Coruja (Pipa) tem um compromisso especial com a valorização da economia local, conforme afirma uma das sócias, Isis Faria. Fiel à essa premissa, conta que escolheram trabalhar com a arquiteta Barbara Gouveia, natural do vilarejo, em projetos desenvolvidos em conjunto com as próprias proprietárias para criar um layout que respeita o estilo colonial brasileiro da região.
Em relação ao paisagismo, Isis diz que a conexão com o verde tem um significado especial. Segundo ela, o fundador da Toca da Coruja, um agrônomo apaixonado, cultivava uma história de amor com a natureza, sempre respeitando o ecossistema. A propriedade tem a maior área verde preservada no centro da Praia da Pipa, proporcionando aos hóspedes uma experiência única de imersão e tranquilidade. Internamente, autenticidade e conforto andam lado a lado. Os interiores foram projetados com um olhar atento às tradições, trazendo o espírito das antigas fazendas coloniais. Móveis originais garimpados em fazendas e conventos conferem um charme rústico e sofisticado.
Ainda no Nordeste do país, Evelyn Gavioli, sócia-proprietária da Pousada Estrela D’Água (Trancoso/BA), acaba de concluir um projeto de readequação do premiado hotel-boutique com o arquiteto Alexandre Silveira, da Primo Arquitetura e Urbanismo, que envolveu o restaurante, o salão de jogos e a varanda sob a premissa de se preservar as referências da região e priorizar o não descarte. “Nos propomos a dar vida nova a objetos, móveis e estruturas que fazem parte de nosso legado e da memória afetiva de nossa equipe e de nosso hóspedes” , afirma a empresária.
Também na Bahia, o Barracuda Hotel & Villas (Itacaré/BA) tem seu projeto paisagístico assinado pelo arquiteto Sidney Linhares, o qual foi elaborado a partir dos princípios de ecogênese, utilizando o mosaico florístico regional para manter as características locais e reduzir os impactos causados pela implantação do conjunto urbanístico/arquitetônico. Em relação aos ambientes, o projeto da arquiteta Janice Miguel foi concebido como uma transição natural entre a paisagem exuberante da região e as villas e outras edificações, valorizando a pureza e a simplicidade das formas e dos materiais.
Nesse sentido, a composição dos ambientes e a distribuição do mobiliário foram concebidas para aproveitar ao máximo as vistas do mar e da mata. Na ambientação é evidente a mescla de peças executadas por artesão e carpinteiro locais com obras de design de nomes consagrados, como Sergio Rodrigues, Carlos Motta e Jader Almeida, só para citar alguns. Além disso, o uso de diferentes fibras, palhas e sementes trouxe uma riqueza de texturas da diversidade brasileira, tornando os espaços mais orgânicos e acolhedores.
Experiência arquitetônica no Planalto Central
Funcionalidade, estética e uma conexão genuína com a cidade. Estes são os pilares da proposta arquitetônica do B Hotel (Brasília/DF) concebida por Isay Weinfeld, cuja assinatura traduz os valores e reforça a identidade do hotel, oferecendo ambientes contemporâneos e integrados ao contexto local. Weinfeld também é responsável pelo projeto interno, assegurando que cada detalhe reforce a coesão estética e funcional do hotel. “Buscamos um diálogo entre arte e design com peças que refletem brasilidade e autenticidade. Do mobiliário até as obras de arte, cada elemento enriquece a experiência sensorial dos hóspedes e reforça nosso conceito”, afirma a diretora de Comunicação do empreendimento, Liana Watson.
Sofisticação e autenticidade na Serra da Mantiqueira
Em termos de paisagismo, Liana destaca a preocupação de valorizar o bioma do Cerrado com incorporação de árvores e plantas nativas, promovendo sustentabilidade e autenticidade. “Essa abordagem reforça nossa conexão com a natureza, criando espaços verdes que dialogam com a identidade da região e enriquecem a experiência dos hóspedes”, pondera.
Por falar em paisagismo, a Fazenda Santa Vitória (Queluz/SP) encontra-se em um cenário privilegiado: a verdejante Serra da Mantiqueira. Segundo sua sócia-fundadora, Fábia Raquel, a propriedade rural valoriza a conexão dos hóspedes com a natureza. “Nosso projeto paisagístico integra os elementos naturais ao espaço construído. Os jardins que cercam esses ambientes e os caminhos que ligam uns aos outros formam uma experiência. Consideramos sempre o uso da flora local e de exemplares exóticos, pois cada um tem suas próprias formas e cores e tudo isso é repertório para essa narrativa verde”, diz.
Fábia complementa que a proposta arquitetônica (de Fernanda Sarkis e Ton Kneip) dialoga com o entorno, ao mesmo tempo em que valoriza o conforto, a sofisticação e a autenticidade. “Fernanda e Ton mesclam elementos contemporâneos em espaços predominantemente rústicos, respeitando a paisagem e a cultura com linguagem acolhedora”, aponta. Quanto ao design de interiores, foi pensado pelos arquitetos em parceria com equipe interna da fazenda, buscando equilibrar sofisticação, rusticidade, conforto e respeito pelo ambiente, proporcionando aos hóspedes um refúgio de tranquilidade e bem-estar em ambientes que respeitam a história e as características da fazenda.
Design ao pé da letra
No sul do país, o LK Design Hotel (Florianópolis/SC) já explicita em seu nome o quanto este aspecto se destaca. Nesse sentido, Ana Ogata, arquiteta da Wkoerich, cita a frase de Terence Hilley, curador do MoMa: design é desejo disfarçado de função. De acordo com ela, os profissionais responsáveis pelo projeto do hotel sintetizaram na forma o desejo de provocar as mais diversas sensações. “Buscamos a valorização das linhas puras da arquitetura, associadas às sensações criadas pelo paisagismo, para enaltecer a beleza do horizonte e a tranquilidade da brisa. A relação da arquitetura com o contexto urbano e a atmosfera criada pelo paisagismo deve criar experiências inusitadas e memoráveis. Com essa determinação, os espaços foram pensados para valorizar encontros, atraindo a curiosidade de quem percorre suas fachadas, que confunde os limites do espaço público e do privado. A arquitetura convida quem está fora à experiência de entrar e provoca quem está dentro a explorar um novo enquadramento da cidade”, afirma.
BLTA
A BLTA (Brazilian Luxury Travel Association) foi criada em 2008 por um grupo de empresários que identificou a necessidade de se unir de forma institucional a fim de desenvolver o segmento de turismo de luxo no Brasil. Atuante no mercado nacional e internacional por meio de ações institucionais, comerciais e promocionais de forma associativa ou por meio de parcerias, o principal objetivo da BLTA é a promoção e fortalecimento do Brasil como destino turístico para o mercado de luxo mundial. A BLTA soma 68 associados (60 hotéis e 8 operadoras), um grupo formado por exclusivos hotéis, resorts, pousadas e operadoras de viagens brasileiras que têm o objetivo de promover experiências autênticas, sofisticadas e sustentáveis no país.
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