No mês da Consciência Negra, quando o país celebra a força, a memória e a resistência do povo negro, o clássico da literatura infantil “Violeta, a Princesa Cor de Bombom” ganha uma nova temporada de lançamento literário no Rio de Janeiro. A obra, escrita por Veralinda Menezes, completa 16 anos e será lançada em unidades do Serviço Social do Comércio (Sesc RJ), em sessões gratuitas, acessíveis e voltadas para toda a família.
A programação inclui contação de histórias com dramatização e música, rodas de conversa com crianças, palestra sobre a importância da diversidade nos contos de fadas e sessão de autógrafos com a autora. O projeto propõe uma reflexão sobre o protagonismo negro nos contos de fadas e a representação feminina como agente de poder no imaginário coletivo.
Contemplado pelo edital Edital de Cultura Sesc RJ Pulsar – Apresentação Literária, o projeto “Dezesseis Anos de Violeta, Princesa Cor de Bombom” reafirma a importância de representatividade no universo lúdico e mágico das histórias infantis, trazendo à cena a primeira princesa negra da literatura brasileira. Mais do que um conto de fadas, a obra propõe um diálogo sobre empoderamento feminino, identidade e diversidade.
Sheron Menezzes, ainda criança, foi impedida de brincar de princesa porque, segundo as colegas, “não existem princesas negras”. Foi a partir desse episódio marcante que Veralinda Menezes decidiu escrever uma história de princesa para sua filha. O rosto da personagem foi inspirado em Sheron — sua musa — e a roupa da princesa no vestido que ela usou no baile de debutante.
O livro foi lançado em 2008 e desde então se transformou em contação de histórias, CD com canções originais e apresentações em feiras literárias por todo o país.
Ambientada no Reino Tropical — território imaginário povoado por reis, rainhas, fadas, guerreiros e heroínas negras — a história acompanha a jornada de Violeta, princesa que luta para provar ao pai que não é preciso um “filho homem” para liderar um povo. Entre batalhas mágicas e aventuras encantadas, a narrativa ressignifica o papel feminino nas histórias infantis, inserindo meninas e meninos negros como protagonistas de seus próprios sonhos.
“Violeta nasceu para mostrar que meninas negras também podem ser princesas, heroínas, rainhas e guerreiras. O imaginário infantil é uma semente poderosa: quem se vê no conto, se reconhece no mundo real.” — Veralinda Menezes, autora.
EDUCAÇÃO E TRANSFORMAÇÃO SOCIAL
Embora o livro apresente uma protagonista princesa, ele também contribui para a educação de meninos, incentivando o respeito aos sentimentos e às decisões das mulheres. Ao abordar temas como autonomia e liberdade de escolha, a obra abre espaço para discutir relações afetivas mais respeitosas e equitativas, ainda distantes da realidade de muitas mulheres no país.
ORIGEM E REPRESENTATIVIDADE
Veralinda Menezes é a autora do livro e, como mãe, criou a primeira princesa negra da literatura infantil brasileira. A motivação surgiu quando sua filha foi impedida de brincar de princesa por causa do tom de pele “cor de bombom”. O episódio evidenciou a ausência de representações positivas de meninas negras no imaginário infantil. O livro foi lançado em 2008 e retorna em 2025 com uma edição especial.
A autora usou elementos da miscigenação brasileira para nomear tons de pele associados a doces populares como chocolate e doce de leite. A escolha busca criar um vocabulário afetivo e próximo do universo infantil, ampliando as possibilidades de identificação das crianças com os personagens.
SINOPSE
A história acompanha a trajetória de Violeta, princesa de um reino tropical. Entre vestidos de seda e armaduras, ela luta ao lado de reis, rainhas, fadas, gênios e piratas na defesa de seu território e na conquista do respeito de seu pai e de seu povo.
A obra apresenta personagens negros em posições centrais, sem que a narrativa seja pautada pela questão racial, naturalizando a presença de corpos e histórias negras no espaço da fantasia.
A OBRA
Princesa Violeta constrói uma narrativa na qual a força da figura feminina se alia a elementos do universo mágico. A princesa lidera um exército e ocupa um espaço de poder, inserindo desde cedo no imaginário infantil a ideia de que mulheres podem governar e decidir seus próprios caminhos. A narrativa também trata de valores como respeito aos mais velhos e cuidado com a natureza.
Criado para circular entre literatura, teatro e música, o livro traz canções da própria autora e tem sido objeto de pesquisas acadêmicas. A obra foi comparada em estudos à Negrinha, de Monteiro Lobato, por seu impacto na representação de crianças negras no Brasil. Veralinda Menezes tem trajetória reconhecida no campo artístico e cultural, com presença em programas nacionais, premiações e teses dedicadas à sua produção.
LEITURA COMO FERRAMENTA DE MUDANÇA
Ler Princesa Violeta – A Princesa Cor de Bombom é um ato de educação e transformação. O enredo traz à tona questões de gênero e poder. A princesa ouve do pai que ele desejava um filho homem. A partir disso, aprende a lutar e a liderar. Também enfrenta situações em que é pressionada a se casar, resistindo à ideia de submissão. Essas narrativas ecoam situações cotidianas e permitem que crianças cresçam com outras referências.
A autora constrói uma história sem centralizar o conflito racial, mas com protagonistas negros e diversidade de tons de pele e papéis. Príncipes, heroínas e antagonistas pertencem a diferentes tonalidades, refletindo a realidade brasileira de forma direta.
O livro amplia o imaginário de meninas e meninos negros, ensinando que também podem ocupar papéis centrais nas narrativas de fantasia. Essa perspectiva atua como instrumento de autoestima e formação simbólica, essencial para a construção de uma sociedade menos desigual e menos violenta.
Além de marcar os 16 anos da obra, o evento de lançamento do livro contará com uma programação especial, pensada para dialogar com crianças, famílias e educadores. A proposta é unir literatura, música e conversa para ampliar o repertório simbólico e afetivo do público infantil.
A programação inclui contação da história com dramatização e muita música, roda de conversa com as crianças, palestra sobre a importância da diversidade nos contos de fadas e sessão de autógrafos com a autora, transformando o lançamento em um espaço vivo de troca, aprendizado e celebração da representatividade negra.
O projeto será apresentado nas unidades do Sesc RJ em Três Rios, Niterói, Nova Iguaçu, Grussaí, Barra Mansa, Tijuca, Quitandinha, Duque de Caxias e Madureira. As apresentações têm classificação livre, duração de 50 minutos e contarão com intérprete de Libras apenas na sessão do Sesc Tijuca, reforçando o compromisso com a acessibilidade e a inclusão.
A iniciativa da produtora Príncipes Negros Cultural, criada por Veralinda Menezes ao lado dos filhos artistas Drayson e Sol Menezzes, dialoga com o lema que inspirou toda a jornada: “Se não existe, a gente faz.”
Programação:
01/11 – 15h – SESC TRÊS RIOS
07/11 – 14h – SESC NOVA IGUAÇU
08/11 – 16h – SESC NITERÓI
15/11 – 17h – SESC GRUSSAÍ
16/11 – 15h – SESC BARRA MANSA
20/11 – 15h – SESC TIJUCA (com intérprete de Libras)
23/11 – 11h – SESC QUITANDINHA
29/11 – 15h – SESC DUQUE DE CAXIAS
30/11 – 15h – SESC MADUREIRA I
FICHA TÉCNICA
Livro:
Escritora: Veralinda Menezes – @veralinda.menezes
Ilustrador: Rogério Marques Cardoso
Editora: Príncipes Negros Cultural – @princesavioletalivro
Contação de histórias:
Idealização e autoria: Veralinda Menezes
Contação de histórias: Chelle
Direção artística: Drayson Menezzes
Equipe Técnica:
Direção de produção: Paty Lopes
Intérprete de Libras: Thamires Ferreira (sessão Tijuca)
Direção financeira: Marta Caminha
Filme e fotografia: Rodrigo Menezes
Assessoria de imprensa: Julio Luz
Produção e realização: Príncipes negros Cultural
