Dia do Rock encerra o primeiro fim de semana do Rock in Rio com Avenged Sevenfold em uma apresentação arrebatadora

Avenged Sevenfold: Foto: Wesley Allen

Os primeiros três dias da edição especial de 40 anos do Rock in Rio foram históricos! A Cidade do Rock foi transformada em um mundo de magia, garantindo dias de muita festa e paz para as 300 mil pessoas que passaram pelo evento neste fim de semana. Teve entretenimento ao gosto de cada visitante, que pode assistir videomapping com show de luzes e pirotecnia, aviões da Esquadrilha Céu em um balé coreografado com música, fogos de artificio e fumaça nas cores do festival a apresentações de bailarinos e pernaltas espalhados pelo Global Village, oferecendo um novo colorido ao festival. Com o primeiro dia já recebendo nota 9 atribuída pelo público, fãs de todas as idades e gerações completas aproveitaram as experiências da abertura de portas ao fim de cada dia de evento – das áreas das marcas, com distribuição de muitos brindes, aos brinquedos. Já o musical “Sonhos, Lama e Rock n’ Roll” teve um público de 7 mil pessoas. E se o parque de diversões não deixou ninguém parado, os palcos ofereceram ao público um capítulo à parte, com apresentações de tirar o fôlego de sexta à domingo.

No Dia do Rock, os tons da Global Village deram cor a um dia com uma temperatura agradável para os fãs do gênero, que tradicionalmente vestem cores mais escuras. Nos palcos, momentos inesquecíveis. Duas das maiores bandas de rock do país — que também se apresentaram na histórica edição de 1985, ainda que em outra formação — abriram os palcos Sunset e Mundo, respectivamente, Barão Vermelho e Os Paralamas do Sucesso. Com integrantes da banda original (Mauricio Barros e Guto Goffi), o primeiro animou o público com uma sequência de hits como “Exagerado”, “Bete Balanço” e ”Pro Dia Nascer Feliz”. A banda apresentou a nova música “Do Tamanho da Vida”, um presente de Lucinha Araújo, mãe de Cazuza. Já Os Paralamas do Sucesso abriram o show com imagens da primeira vez que pisaram no Palco Mundo, em 1985, uma época em que as atrações não investiam em cenografia. A banda liderada por Herbert Vianna mostrou porque é uma das mais respeitadas pelo público até os dias de hoje. Herbert, Bi Ribeiro e João Barone colocaram o público para dançar ao som de sucessos como “Vital e sua Moto”, “Alagados” e “Meu erro”.

O casal Clayciara e Santiago Camelo, moradores de Niterói, trouxeram a filha Bliss Camelo, de 1 ano e 1 mês, para curtir seu primeiro Rock in Rio. “Nós fizemos questão de apresentar a Cidade do Rock à nossa filha porque a gente adora o festival, amamos música e rock. Queremos ensiná-la essa cultura, porque música é vida e traz felicidade”, comenta a mamãe coruja, que vestiu a filha com a camisa do lendário Pink Floyd.

No começo da tarde, a Esquadrilha Céu apresentou no Palco Mundo um ballet aéreo com show pirotécnico de tirar o fôlego, deixando rastros de fumaça nas cores do festival e sincronizados com uma trilha sonora inédita composta por Zé Ricardo, vice-presidente artístico da Rock World. A apresentação é uma homenagem a edição de 2001 — quando aeronaves sobrevoaram o Rock in Rio convocando o público para o emblemático três minutos de silêncio. A noite continuou com a esperada apresentação do Journey que entregou uma apresentação nostálgica com “Don’t Stop Believin” sendo entoado em cada canto da Cidade do Rock.  

O estilo de Amy Lee, líder do Evanescence, ditou o look das mulheres na noite deste domingo, com meia arrastão, muito preto e um estilo gótico. E a banda entregou o rock que os fãs aguardavam, cantando os clássicos como “My Immortal”, que teve versos cantados em português pela vocalista e “Bring me to Life” — formando uma plateia “estrelada” pelas luzes dos celulares. Retornando à Cidade do Rock depois de 11 anos, a banda Avenged Sevenfold encerrou apresentações do Palco Mundo neste domingo (15). O grupo de heavy metal fez um show potente, com destaque para os riffs de guitarra, em clássicos como “Hail to the King” e “Buried Alive”.

No palco Sunset, logo na sequência da apresentação do Barão Vermelho, o Planet Hemp subiu ao palco comemorando os 30 anos da banda, formada atualmente por Marcelo D2, BNegão, Formigão, Pedro Garcia, Daniel Ganjaman, Nobru e Venom. O show contou ainda com participação especial da Pitty. Em seguida, a banda Incubus emocionou os fãs com um set que contou com o cantor Di Ferrero na plateia. Encerrando a noite, os veteranos do Deep Purple mostraram porque são uma das maiores bandas de rock da história. Um dos pontos altos do show foi com ”Smoke On The Water”, primeiro riff que as crianças aprendem na guitarra. Em sua primeira apresentação no Rock in Rio, a banda lotou o espaço do palco Sunset e o público vibrou a cada canção.

Capturando memórias: os pontos imperdíveis e o photopass no Rock in Rio

Pontos instagramáveis e momentos para registrar na memória e… no redes. Nesta edição, a organização do Rock in Rio trouxe uma novidade para o público que visita a Cidade do Rock: fotógrafos oficiais do evento, os Photopass, alocados nos melhores pontos do festival para que os fãs possam garantir seus registros e levá-los para casa. Entre os espaços estão o tênis com lama representando a edição de 1985, a estátua do criador do festival Roberto Medina, o pórtico de entrada escrito “Rock in Rio”, as fontes do Global Village e Rock in Rio, a icônica Roda Gigante, o portal do musical e o cinema na Rota 85, além dos prédios icônicos do Global Village. Assim como o visual dos palcos encanta a todos, com formatos e cores diversas – um show à parte.

Valdir Zalanes, de 60 anos, vivenciou o primeiro Rock in Rio em 1985. Agora,ele veio de São Paulo para celebrar os 40 anos do festival e conta como ficou feliz em poder fotografar no tênis enlameado: “Fantástico esse tênis, porque eu lembro de quando eu estava deitado na lama. Esse ponto de foto vai bombar em tudo é claro, não apenas nas redes sociais”, comenta.

Dança de ritmos encanta no Global Village

No Global Village, o público confere apresentações diárias de balé, que abrem as atividades no novo espaço. Dezesseis bailarinos representam, por meio da dança, os ritmos indianos, africanos, irlandeses e brasileiros, com destaque para a gafieira e o samba. Com mais de 20 anos de mercado, a diretora e coreógrafa do Elenco Brasileiro, Patricia Kfouri, recebeu o convite de Zé Ricardo para comandar o direcionamento artístico e contar as histórias, neste espaço inédito. Segundo a coreógrafa, a ideia das atrações é reforçar a diversidade dentro da dança.

“O nosso propósito é entregar para o público essa união de povos e de raças. É trazer as pessoas para dentro desse espaço e fazer com que se sintam em casa e que aqui seja o lugar onde possam dançar”. Patricia também destaca a parceria com a figurinista Juliana Ibarra, que atuou ativamente para a construção do projeto: “A troca que tivemos antes foi fundamental. O figurino não foi construído depois da coreografia, foi um trabalho conjunto. Por isso tem a cara da performance e traz o conceito das músicas. Conseguimos trazer uma indiana tradicional de uma forma moderna, por exemplo, além das cores dos ritmos africanos e o malandro do samba”, pontua.

Palco Supernova trouxe diferentes conversas para este domingo do Rock

O clima rock and roll que invadiu a Cidade do Rock neste domingo também tomou conta do Palco Supernova. O primeiro show do dia, The Monic convida Eskrota, promoveu um eletrizante encontro de sons e artistas, que estavam com seus recados feministas na ponta da língua. O segundo show foi do Black Pantera. O trio, que tem influências do hardcore, punk e thrash metal colocou o público para dançar com grandes sucessos, que criticam o racismo e as desigualdades sociais. A banda também promoveu uma bela roda só de mulheres vibrando entre os espectadores do show. A aguardada banda Crypta entregou tudo que os fãs vieram buscar: vocais potentes, canções envolventes e muita presença de palco. Por fim, Dead Fish fechou a noite com suas músicas politicamente engajadas e mensagens de protesto contra a poluição.

Destaques do Espaço Favela com Ster, MC Hariel e Poze do Rodo

Quem abriu o Espaço Favela no Dia do Rock foi Ster, que anunciou durante o show o lançamento da música “Encaxa” e recebeu a mãe e a irmã no palco. Juntas, as três cantaram uma versão de “A Carne Negra”, de Elza Soares, entoando que “a carne mais barata do mercado foi a carne negra — mas não é mais!”. Um dos shows mais aguardados da noite foi o de MC Hariel, que antes mesmo de começar já reunia um público significativo. Durante a apresentação, o paulista cantou o hit “Veracruz” em homenagem ao MC Kevin, lançamentos de seu álbum Funk Superação e parcerias com Iza, Péricles e Gilberto Gil.

Para encerrar o dia no Palco Favela, o MC Poze do Rodo animou a noite com seus hits “Eu fiz o jogo virar”, “Diz aí qual é o plano”, “Essência de cria” e muitos mais. O artista arrastou uma multidão animada e ainda foi para o meio do público, cantar junto aos fãs. Ele chamou os três filhos, Júlia, Miguel e Laura, para cantar “Me dá sua mão” e, na sequência, convidou sua namorada Vivi para subir no palco e a pediu em casamento. As alianças chegaram de drone. No final, o rapper cantou funks antigos e fez homenagem ao seu time do coração, o Flamengo. Na hora de ir embora, o público implorou por um último hit e, muito emocionado, relembrou amigos que já faleceram, com a música “Mundo covarde”.

Sonhos e emoção no palco do musical

O musical “Sonhos, Lama e Rock and Roll” contou novamente com a presença especial de Roberto Medina na plateia, além de Zé Ricardo, responsável pela Direção Musical e Trilha Sonora. Rodrigo Pandolfo, que interpreta o presidente e fundador do Rock in Rio, Roberto Medina, no espetáculo, destacou a felicidade com a aderência do público: “Eu estou surpreso, primeiro com a lotação desse teatro, porque são quatro apresentações por dia, em um teatro de aproximadamente 800 lugares. Então, estou muito surpreso e emocionado”. Ele ainda mencionou o quanto a história do festival retrata perseverança: “Contamos uma história de força, de superação, de coragem, de firmeza, determinação, resiliência e inspiração”.

Pandolfo também ressaltou a presença constante de Roberto Medina ao longo do processo: “Ele aparece sem avisar. Volta e meia a gente vê o Medina dando uma olhadinha. E é muito interessante, porque desde os ensaios ele está presente, acompanhando, animado”.

Malu Rodrigues, que interpreta a autora Elizabeth Lobo na fase de 1984 do musical, também compartilhou a emoção de fazer parte do musical: “Meu pai estava no primeiro Rock in Rio, ele veio e chorou copiosamente. Para a gente que faz musical, ter uma performance do gênero dentro do maior festival de música e entretenimento do mundo é incrível, um sonho realizado”. Ela destacou como o público está reagindo: “As pessoas estão amando, todo mundo que vem, que posta, que fala, que conhece… todo mundo está gostando muito”.

Sustentabilidade e Pluralidade

Com um plano de acessibilidade cada vez mais robusto, o Rock in Rio busca deixar a experiência da pessoa com deficiência (PCD) cada vez mais confortável e segura. A operação, que atende também a outros públicos que precisam de atenção especial, começa na compra do ingresso com canais de comunicação exclusivos e se estende por todas as áreas da Cidade do Rock. Na venue do festival, uma arquitetura acessível: banheiros exclusivos, que passaram a ser unissexs para que acompanhantes possam oferecer suporte; intérpretes de libras; empréstimo gratuito de cadeiras motorizadas e kits sensoriais (com abafadores e outros elementos assistivos). Outra infraestrutura que agradou foi a sala sensorial que conta com equipe especializada de terapeutas ocupacionais e equipamentos para acolher, em especial, as pessoas neurodivergentes.

O casal Guilherme Fonseca, 32, analista de RH, e o marido Werner Barros, 32 anos, aprovaram a experiência de acessibilidade. “As cidades têm muito o que aprender sobre acessibilidade com o Rock in Rio”, avalia Werner.

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