Primeiro de maio é Dia do Trabalhador e, nos últimos anos, as relações entre empresa e empregado mudou muito. Tanto o trabalhador quanto o contratante têm desejos e necessidades muito diferentes do que tinham há cerca de três anos. De acordo com o Ministério do Trabalho, a média de tempo que um trabalhador fica no emprego não chegou a dois anos em janeiro de 2023. E, entre jovens de 18 a 24 anos, essa média não chega a 9 meses. “Isso mostra não só uma dificuldade em reter talentos, mas também que o desejo de estabilidade profissional não é mais algo tão relevante para o trabalhador”, avalia a especialista em educação executiva Cámilla de Souza.
Já o coach em carreiras e especialista em Programação Neurolinguística (PNL) da Leadership School, Cláudio Domingos ressalta que o jovem de hoje tem uma ilusão de que vai crescer e ganhar dinheiro muito rápido sem esforço e sem enfrentar problemas e desafios, então acaba pulando de emprego em emprego. “O profissional de hoje tem se mostrado imaturo. Não quer se comprometer, não quer encarar responsabilidades altas, mas quer ganhar alto. O movimento das startups colaborou para disseminar essa ilusão. Mas a realidade da maioria das empresas é outra”, explica Domingos.
Nesse movimento, profissionais mais maduros e experientes, que antes eram preteridos por trabalhadores mais jovens, vêm retornando à cena. Até 2021, a força de trabalho com mais de 50 anos representava 10% do mercado de trabalho, mas atualmente, no Brasil, pessoas acima dos 50 anos representam 17% da força de trabalho, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED). “O profissional maduro tem experiência que só a vida traz. Além disso, demonstra mais comprometimento, melhor postura profissional e fidelidade à companhia”, comenta Souza.
Soft Skills em alta
A escolaridade e competência técnica ainda são necessários para a contratação, mas só isso não é suficiente. Segundo estudos realizados pela consultoria de recursos humanos Michael Page, 91% das pessoas são contratadas por causa de suas habilidades técnicas, porém mais da metade é demitida por atitudes comportamentais. “As soft skills estão entre os elementos mais considerados na hora de manter o profissional. Elas definem a boa convivência que o mantém na empresa. Inteligência emocional, saber trabalhar em equipe, ter pró-atividade, por exemplo, são qualidades que podem ser desenvolvidas, mas que muitas pessoas não dão atenção”, ressalta o especialista Cláudio Domingos.
Soft Skills é um termo inglês muito utilizado no mercado de trabalho, para se referir às habilidades e competências relacionadas ao comportamento humano. Então, saber identificar e trabalhar nelas é o ideal para ter boas relações e se manter em um emprego como uma referência.
Apesar de o desemprego estar alto no país – 12 milhões no ano de 2022, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) – 84% das empresas têm dificuldades em contratar funcionários. Já a pesquisa feita pelo Infojobs, empresa de soluções para recursos humanos, mostra que o maior problema é a desqualificação do profissional.