Direito à cultura: encontro reúne representantes de 12 países em Niterói, com apoio da Fundação Casa de Rui Barbosa

Direitos culturais e democracia em debate: encontro internacional reúne representantes de governos locais de 12 países, gestores, sociedade civil e especialistas para discutir boas práticas e estratégias de políticas culturais que assegurem o direito à cultura. A abertura do Seminário Internacional Cultura e Democracia: América Latina pelos Direitos Culturais aconteceu na última terça-feira (2), no Teatro Popular Oscar Niemeyer, em Niterói, reunindo delegações internacionais e brasileiras em um amplo debate sobre gestão cultural, participação social e garantia dos direitos culturais.

A Fundação Casa de Rui Barbosa, vinculada ao Ministério da Cultura, participou da mesa de abertura. Representando o MinC, o presidente da FCRB, Alexandre Santini, integrou a mesa ao lado de Márcia Rollemberg, secretária de Cidadania e Diversidade Cultural do Ministério da Cultura e presidenta do IberCultura Viva, Leonardo Giordano, secretário das Culturas de Niterói, Fernanda Sixel, primeira-dama de Niterói e responsável pelo Escritório de Políticas Transversais de Direitos e Cuidados do município, Jorge Rodrigues, coordenador da Secretaria Técnica Permanente da Rede Mercocidades, Joaquim Desmery, secretario de Educación, Culturas y Deportes de Quilmes na Argentina e vice-presidente de Governança e Integração Cultural do Mercocidades, Franco Metaza, parlamentar do Mercosul, Mário Pragmácio, representante do Instituto Brasileiro de Direitos Culturais, e Matheus Lima, subsecretário das Culturas de Niterói.

Santini destacou a relevância do debate sobre direitos culturais em escala mundial e o protagonismo de Niterói nesse cenário. Ele lembrou que em 2019 foi realizada a primeira edição do seminário, e que a continuidade dessas ações demonstra o compromisso da cidade com a pauta:

“Niterói realizou em 2019, em um momento difícil para a democracia brasileira, a primeira edição deste seminário. Essa ousadia, naquele momento, foi um gesto de coragem que marcou o compromisso da cidade com a cultura e colocou Niterói como protagonista nacional e internacional da defesa do direito à cultura e das políticas públicas culturais. Hoje, em novembro de 2025, nós retomamos esse seminário mesmo depois de tantos ataques à democracia e à cultura ao longo da história. Essa ação acontece em um contexto de reconstrução do Ministério da Cultura, que está em pleno vigor sob a liderança de Margareth Menezes e da retomada das políticas culturais no Brasil. E com Niterói mantendo e ampliando suas políticas culturais de forma estruturante e contínua. Niterói é um farol para pensar as políticas culturais no Brasil e na América Latina.”

Santini ressaltou ainda que, os temas dos direitos culturais estão no centro dos debates mundiais, como evidenciado na Mondiacult: “A gente sabe o que significa o direito à saúde, à educação, mas o direito cultural é algo que ainda precisamos traduzir e mensurar. A resposta para isso está nos territórios, no contato direto com as pessoas, está nos governos locais e em ações como essa, que reúne diversos países, sociedade civil e gestores para pensar caminhos e um futuro cultural.”

A presidenta do IberCultura Viva, Márcia Rollemberg, destacou a força de uma ação conjunta capaz de incidir na agenda global. Em suas palavras: “Os direitos culturais levantam o conjunto dos direitos, inclusive os territoriais. Para demarcar um território indígena há uma identidade ético-racial; para demarcar um quilombo também; e é igualmente o direito da periferia, o direito à cidade.”

Márcia, que também é secretária de Cidadania e Diversidade Cultural do Ministério da Cultura do Brasil, ressaltou ainda que os 21 anos da Política Cultura Viva do Brasil e os 11 anos do IberCultura Viva demonstram como a cultura é método de transformação, inclusão, reconhecimento de potências e trabalho em rede. Por fim, a presidenta convidou Mercocidades a aderir à campanha Mercosul sem Racismo, que também deve contar com a participação do IberCultura Viva.

A mesa dialogou diretamente com as diretrizes da Mondiacult, conferência global da UNESCO que reafirmou a cultura como direito e como dimensão estratégica do desenvolvimento sustentável. Nesse contexto, o seminário trouxe ao centro o debate sobre direitos futuros, perspectiva que orienta políticas culturais comprometidas tanto com as urgências contemporâneas quanto com a projeção de futuros baseados em justiça, cuidado e participação social.

Já o secretário das Culturas de Niterói, Leonardo Giordano, afirmou:“A discussão sobre os direitos culturais é fundamental. Vamos iniciar refletindo sobre os direitos estruturais e finalizar com um debate decisivo que envolve a participação de todas as pessoas aqui presentes, de diversos países, inclusive. Os direitos culturais estão no centro dos grandes desafios contemporâneos. Se olharmos para a questão democrática, veremos que as democracias estão ameaçadas pela chamada guerra cultural. Quando afirmamos que a cultura é um direito do povo, estamos, de muitas formas, oferecendo respostas concretas a esses desafios mais amplos que atravessam o nosso tempo.Niterói investe em cultura porque acredita profundamente no seu potencial transformador. Esses avanços não são fruto do acaso. Eles refletem o compromisso firme da gestão municipal, com apoio dos nossos pares e de tantas pessoas envolvidas, em garantir que a cultura seja, de fato, um direito. E, ao fazer isso, reafirmamos que  vamos seguir construindo uma cidade de portas abertas para a inteligência, para quem nos visita, para quem vive, para as boas experiências e para a capacidade criativa que move a sociedade.”

A programação segue até 4 de dezembro com mesas, debates e atividades abertas ao público. Os encontros realizados ontem aprofundaram o diálogo latino-americano, fortaleceram a cooperação internacional e reafirmaram a cultura como elemento essencial para a democracia e para a plena garantia dos direitos culturais.

Realizado pela Prefeitura de Niterói, por meio da Secretaria Municipal das Culturas, com apoio da Fundação Casa de Rui Barbosa (FCRB), o seminário posiciona a cidade no centro dos debates globais sobre participação social, democracia cultural e cultura como direito.

Related posts

Cabo Frio Convention celebra os belos eventos que acontecem em dezembro na cidade

Arraial do Cabo realiza final de competição de jogos educativos com prêmios para os alunos vencedores

Robert Plant traz turnê mundial “Rugido De Outono” ao Rio de Janeiro