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Do lixo ao palco: Queimados ganha espaço cultural para jovens

O Circo Escola Benjamim de Oliveira vai promover atividades culturais e será utilizado para os ensaios da Trupe Jovens Malungos

No dia da fundação da ONG Se Essa Rua Fosse Minha (SER), 12 de outubro, a entidade lançou a primeira lona cultural de Queimados, município da Baixada Fluminense. O Circo Escola Benjamim de Oliveira ocupou um espaço que antes era utilizado como depósito de lixo ilegal pelos moradores da região. O local vai abrigar um centro de atividades culturais e sociais, com o objetivo de promover o desenvolvimento de crianças, adolescentes e jovens da região por meio da arte e do circo.

A lona, que conta com uma programação diversificada de oficinas de circo, dança, teatro, música e outras atividades, tem como objetivo promover a inclusão social e o desenvolvimento humano através da arte. Walter Mesquita, coordenador do projeto e presidente do SER, explicou que a ideia do projeto não está voltada para o desenvolvimento de habilidades técnicas de circo, mas para ser um espaço de convivência e confluência de cultura.

“Vamos promover várias atividades culturais, sendo o carro-chefe o circo social, mas também haverá modalidades transversais, como cidadania, debates relacionados à raça, gênero”, contou Mesquita. “A ideia não é formar artistas de circo, é formar cidadãos plenos dos seus direitos, seus deveres. A gente quer integrar temas como cidadania e cultura, pois a gente acredita que o circo social é uma ferramenta poderosa para transformar vidas”, completou. O coordenador explicou, ainda, que o espaço está aberto para que outros atores da região possam ocupar com atividades culturais

Além das atividades para a comunidade, a lona também servirá como um ambiente para os ensaios da Trupe Jovens Malungos, que foi formada por 12 alunos com recursos do Governo Federal, via Ministério da Cultura, Termo de Fomento n.º 952256/2023 após audição de seleção. Eles são remanescentes das aulas de circo que foram ministradas no Colégio Estadual São João e que, atualmente, estão se preparando para apresentações em escolas públicas de Niterói com o espetáculo “Meu Brasil Brasileiro”. Para ensaiar e investir na carreira circense, esses jovens ganham uma ajuda de custo da entidade no valor de R$400.

Participante desse projeto, Samanta Belo, 17 anos, conta que a lona representa um sonho realizado: “quando eles falaram que iriam fazer (a lona), eu acreditei e fiquei muito feliz, mas estava demorando. E eu sempre ficava pensando nisso porque é algo que eu nunca imaginei viver e agora estou vivendo”. A artista conta que foi na escola, onde participou do evento, que ela teve o contato mais próximo com os artistas. “Assim que eu vi eu sabia que precisava fazer isso para o resto da vida. Eu me apaixonei completamente pelo que eles estavam fazendo lá”.

A Lona Cultural é a continuidade do projeto que funcionava em São João de Meriti, do qual Ester Marinho, 21 anos, fazia parte. Na ocasião em que ingressou no projeto, a artista circense comentou que não estava em uma boa fase financeira. “Sempre me envolvi e gostei muito de arte, mas eu sempre tive muita vergonha de tudo e nunca me senti capaz de fazer as coisas. Quando eu cheguei lá, eles me fizeram sentir muita vontade e me apaixonei, porque eu vi que podia e hoje não me vejo longe”. Marinho conta que a lona é a realização de um sonho que nunca pensou que fosse se realizar. “Ter essa lona aqui no nosso próprio território materno é um grande privilégio inimaginável”.

O Se Essa Rua Fosse Minha (SER) surgiu em 12 de outubro de 1991 idealizado pelo sociólogo Herbert de Souza, o Betinho. A entidade tem o objetivo de contribuir para a garantia e defesa de direitos de acesso à cidadania para crianças, adolescentes e jovens em situação de vulnerabilidade social, por meio do investimento em suas capacidades criativas e transformadoras. Com a Lona Cultural, a ONG SER espera contribuir para a formação de novos talentos, fortalecer a cultura local e oferecer um espaço de convivência e lazer para a comunidade de Queimados. “A gente quer que daqui seja um trampolim para que eles ganhem o mundo”, finalizou Walter.

Sobre Benjamim de Oliveira

Benjamim de Oliveira (1870-1954) foi o primeiro palhaço negro do Brasil e uma figura central na história do circo no país. Nascido na cidade de Pará de Minas, em uma época de grande exclusão racial, ele se destacou não apenas pela habilidade como palhaço, mas também como ator, cantor, compositor e dramaturgo. Benjamim trouxe inovações ao circo, misturando teatro com números circenses, ajudando a criar o conceito de circo-teatro, um formato que fez muito sucesso no Brasil. Com seu talento multifacetado, ele superou barreiras impostas pelo racismo, tornando-se um ícone da cultura popular e abrindo caminho para futuros artistas negros no Brasil.

Serviço:
Lona cultural Circo Escola Benjamim de Oliveira

Endereço: Rua Professor Edgard, 368,  Jardim Queimados, Queimados RJ
Contato: 21 99557-3059

Informação à Imprensa:

Flávia Ferreira | 21 9.7502-7998 | flaviaferreira.press@gmail.com

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