Edifício: a construção literária nada convencional de Leandro Jardim

Após um intervalo de seis anos, o escritor, poeta e letrista Leandro Jardim está lançando seu novo livro de poemas, “Edifício” (Editora Patuá). No livro, Leandro trabalha a poesia como uma forma de construção, leitura e de comunicação com os diferentes mundos em que vivemos.

Separado por quatro capítulos temáticos, totalizando cerca de 40 poemas, o livro combina ironia e lirismo, o metafisico e o mundano, tradição e modernidades. O primeiro capítulo, batizado como Timeline, explora em linguagem crítica o universo digital em que se dá grande parte da nossa experiência de vida hoje. O capítulo seguinte, que dá nome ao livro, reflete em tom mais lírico sobre os limites do que entendemos por construção, literal e metaforicamente. Os versos do capítulo Mundos, por sua vez, ecoam os sentimentos derivados da inescapável diversidade daquilo que nos circunda. E, em Paisagem, capítulo final, o autor parece se sentar ao lado do leitor para conversar sobre tudo o que se torna possível pela lente simples da contemplação.

Renomada poeta contemporânea, Bruna Mitrano faz de seu prefácio uma consistente análise de todos os capítulos e traça um belo panorama da poética que o leitor vivenciará a partir dali.

“Logo na primeira seção, “Timeline”, somos convidados a refletir sobre a descartabilidade da vida, a efemeridade dos acontecimentos e o valor das relações humanas na era digital – na qual prevalecem a solidão e um silêncio diferente daquele que serve de estímulo para a criação, um silêncio que representa a falta de diálogo”, antecipa Mitrano.

“Para além da crítica ao individualismo, os poemas dessa seção expõem uma violência da velocidade. O corpo que exaure e perde o controle diante da pressa e da pressão. Aqui, o dinamismo dos nossos dias é mostrado também em seu aspecto negativo, o de sufocamento”, conclui a poeta para seguir caminhando com sua análise até o último capítulo:

“Revelando a paisagem da janela ou a janela da paisagem, o Edifício de Leandro Jardim guarda o infinito, porque é vida, porque é corpo”.

Para o crítico literário Marcos Pasche, que assina o posfácio, “este novo livro alça feitos notáveis ao expandir a percepção do real e os limites do metadiscurso”.

Ainda segundo Pasche, “Leandro é leitor amadurecido que se mostra mais íntimo de sua própria linguagem no traço de cada poema e na arquitetura geral do livro”.

Constituindo-se como a voz por detrás do “Edifício”, o poeta Jardim demonstra gratidão pelo diálogo com outros autores. Não só os que escreveram o prefácio e o posfácio, mas também a todos que o ajudaram a construir seu livro, como Paulo Scott, Kátia Bandeira de Mello Gerlach, Tarso de Melo, Anderson Fonseca e Bruna Kalil Othero: “Fui presenteado com leituras que me ajudaram a decifrar este “Edifício” com uma profundidade que me encheu de alegria”, comenta.

Os poemas de Leandro Jardim trazem em sua construção uma leve referência à poesia concreta – sem trocadilho – já mostrada a partir do projeto gráfico da própria capa da obra, onde as letras da palavra Edifício estão fixadas na página de maneira isolada. Elas apenas estão unidas e sustentadas pela letra “í”, da sílaba tônica, grifada em verde sobre a capa de cor azul, enquanto as demais letras seguem na cor branca.

Ainda sob o aspecto gráfico/ estilístico, predominam na obra a letra minúscula e a ausência de pontuação; e na estruturação frasal de tantos versos se nota um espaçamento entre as palavras maior do que o convencional, como a permitir a passagem do ar que interfere tanto no compasso da leitura, quanto na construção de sintaxes e de sentidos – como pontuou Marcos Pasche no posfácio. Ou seja, um livro ao mesmo tempo belo e, por assim dizer, nada convencional. Edifício está disponível nas melhores casas do ramo e também através do site da Editora Patuá: https://www.editorapatua.com.br/.

Mini Bio

Morador da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, Leandro Jardim é escritor de poesia, prosa e letra de canção. Publicou a elogiada novela “A Angústia da Relevância” (2016), a coletânea de poesia “Peomas” (2014) e o livro de contos “Rubores” (2012), todos pela Editora Oito e Meio, além de outros dois de poesia, ‘Os poemas que não gostamos de nossos poetas preferidos’ (Orpheu, 2010) e ‘Todas as vozes cantam’ (7Letras, 2008). Em parceria musical com Rafael Gryner, lançou os EP’s “O Sonhador” (2014) e “Sementes musicais para um mundo cibernético” (2011). Também escreveu canções com parceiros como Diogo Cadaval (banda Mocambo), Clara Valente e Matheus VK. Foi colunista da Revista Philos, e possui contos e poemas publicados em diversas antologias revistas e literárias.

Lançamento em São Paulo:

Dia 23.06.23, sexta-feira

Local: Patuscada Livraria e Café

Horário: a partir das 19h

Endereço:  Rua Luis Murat, 40 – Pinheiros

Dados Catalográficos:

Edifício

Autor: Leandro Jardim

Editora Patuá

Número de páginas: 80

14 x 21 cm

Preço Sugerido: R$ 45,00

ISBN: 978-65-5864-458-3

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