Educação online não é só tecnologia: como engajar docentes experientes na era digital

A educação online tornou-se uma realidade incontornável na era digital, transformando a maneira como o aprendizado é distribuído e absorvido. Embora este formato proporcione inúmeras possibilidades, sua aplicação levanta questões complexas, particularmente para professores experientes que lidam com o desafio de adaptar métodos convencionais a um ambiente virtual. Este contexto requer não só o conhecimento de ferramentas tecnológicas, mas também uma reformulação do papel do docente, que deve estabelecer um vínculo relevante com os estudantes em um ambiente que, à primeira vista, pode parecer distante e impessoal.

Foto: Aline Von Bahten

Por isso, a transição para a educação online requer uma reavaliação de práticas. Segundo Aline Von Bahten, consultora em inovação e excelência educacional, muitos docentes têm dúvidas quanto à qualidade do ensino no formato digital. “Eles precisam se sentir mais seguros de que a qualidade do que fazem no presencial será mantida no digital. É uma das coisas que eu mais escuto,” afirma. Para isso, formações que demonstram como traduzir aprendizagens para o ambiente online são essenciais. “Gosto da ideia de ensinarmos o docente a recriar contextos autênticos e reais no digital, aproximando as atividades da prática, para que o aluno tome decisões e interprete como faria na vida real.”

Outro grande obstáculo é a percepção do engajamento do aluno. “O professor precisa perceber se o aluno está engajado, gostando das atividades e aprendendo de verdade, e tudo isso passa por estratégias bem planejadas,” diz Aline. Por isso, o equilíbrio de ferramentas tecnológicas com práticas tradicionais pode simplificar o processo. “O professor pode usar tecnologias como apoio em atividades já tradicionais. Por exemplo, usar um aplicativo para votação ou outras ferramentas que promovam a participação de alunos que, de outra forma, não se manifestariam.” Além disso, é perceptível uma resistência às novas tecnologias, associada ao medo do desconhecido, como o efeito da inteligência artificial no processo de aprendizado. “Os professores temem que os alunos usem IA para resolver atividades sem realmente aprender. Por isso, é importante criar tarefas que exijam posicionamento e reflexão, algo que a IA não pode fazer por eles,” orienta Aline.

É crucial entender que o futuro da educação online vai muito além de gravar aulas e disponibilizá-las, segundo a especialista. “Só gravar um vídeo não é uma educação de qualidade online. A educação exige que o aluno vivencie uma experiência de aprendizagem que o transforme, que o faça não ser mais o mesmo após essa experiência,” defende. Isso envolve o planejamento de interações que estabeleçam uma presença digital verdadeira, permitindo ao educador acompanhar o avanço do estudante e fornecer feedbacks personalizados.

Assim, a participação de professores experientes na educação a distância não se limita apenas à implementação de ferramentas tecnológicas, mas também a uma mudança na forma de ensinar e aprender. “O futuro é uma educação contextualizada, que se aproxime da prática real e prepare os alunos para desafios que encontrarão e que ainda nem conhecemos,” conclui Aline.

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