Educação transforma realidade na periferia de Rio das Ostras e impulsiona jovens rumo à universidade

No coração da comunidade de Praia Âncora, o Centro Cultural de Educação Popular – Cepro desenvolve, há 17 anos, um projeto que oferece educação, cultura e apoio social a moradores da periferia. O espaço, mantido por voluntários, reúne cursos, debates, biblioteca e bolsas de R$ 200 para jovens. A iniciativa ganhou relevância após duas alunas conquistarem vagas em universidades públicas federais neste ano. O objetivo, segundo a coordenação, é garantir permanência escolar e reduzir a evasão. Em meio ao aumento da demanda, o Cepro busca novas parcerias públicas e privadas para seguir funcionando.

O Cepro atua junto a crianças carentes do bairro Âncora. Foto: assessoria de imprensa

O Cepro funciona como ponto de referência comunitária desde 2008. De acordo com informações da própria instituição, o projeto nasceu da necessidade de oferecer apoio pedagógico e cultural a jovens com pouco ou nenhum acesso a atividades educativas formais. As ações começaram com aulas ministradas por educadores voluntários e evoluíram para um programa estruturado que combina reforço escolar, atividades culturais e incentivo financeiro para estudantes em situação de vulnerabilidade.

A presidente do Cepro, professora Guilhermina Rocha, afirma que o trabalho desenvolvido no espaço “busca garantir que estudantes tenham condições reais de permanecer na escola e ampliar seu horizonte acadêmico”. Segundo ela, o apoio financeiro e pedagógico representa “uma oportunidade concreta de mudança para famílias que há muito tempo enfrentam barreiras sociais”.

A coordenação explica que a bolsa mensal de R$ 200 é fundamental para evitar que jovens deixem os estudos para trabalhar. O recurso, obtido por meio de editais públicos e doações, cobre gastos básicos e cria uma rede de permanência considerada essencial para que estudantes possam se preparar para vestibulares e exames federais. De acordo com o Cepro, esse apoio contribuiu para que duas irmãs da comunidade fossem aprovadas recentemente em instituições públicas federais.

Além das atividades formais, o espaço desenvolve ações culturais que ampliam repertórios e estimulam pensamento crítico. Entre elas estão sessões de cinema com produções brasileiras, sempre seguidas de debates; aulas de música conduzidas por professores voluntários; e o acesso livre à biblioteca popular com acervo superior a cinco mil livros, disponível para toda a comunidade. O projeto também mantém um brechó comunitário, cuja renda auxilia na manutenção das atividades.

O Cepro mantém o clube do livro com foto na educação antirracista. Foto: divulgação

O reconhecimento do Cepro como Ponto de Cultura, concedido por meio de programa Federal, ampliou a visibilidade da iniciativa. Segundo especialistas ouvidos pela instituição, projetos comunitários têm papel estratégico na redução das desigualdades educacionais em territórios periféricos. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE mostram que regiões com menor renda apresentam taxas mais altas de abandono escolar.

Crianças em atividades do Centro Cultural de Educação Popular de Rio das Ostras. Foto: divulgação

Para Brenda Iolanda, assessora de projetos do Cepro, a continuidade das ações depende do engajamento da sociedade. “O apoio de empresas, instituições e cidadãos é decisivo para que possamos manter as bolsas, os cursos e as atividades culturais. Cada parceria ajuda a garantir que mais jovens tenham acesso a oportunidades que antes pareciam distantes”, afirma.

Com a ampliação do número de participantes e a demanda crescente por atividades educativas na região, o Cepro reforça que novas parcerias são essenciais. A instituição destaca que a mobilização pública pode assegurar a continuidade de um trabalho que, segundo sua equipe, “muda trajetórias por meio do acesso à educação e à cultura”.

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