EEmbaixadores da Alegria celebra a riqueza ancestral dos povos originários

A escola, que vem transformando o Carnaval do Rio no mais acessível do mundo, abre o Desfile das Campeãs com enredo de altíssima relevância sociocultural Xande de Pilares é um dos compositores do samba-enredo que fala sobre a urgente preservação da natureza

por Jorge Rodrigues
EEmbaixadores da Alegria celebra a riqueza ancestral dos povos originários

Primeira e única escola de samba do mundo voltada a pessoas com deficiência, a Embaixadores da Alegria abre o Desfile das Campeãs das escolas de samba do Grupo Especial do Rio de Janeiro pelo décimo-sétimo ano, com o enredo “O casamento entre o Céu e a Terra”, que fala sobre a riquíssima cultura dos povos originários, da sua indelével ancestralidade e das relações que envolvem a preservação do meio ambiente. O samba-enredo é assinado por Xande de Pilares, Gilson Bernini e Clovis Pê.  O desfile da Embaixadores da Alegria, no dia 8 de março, é apresentado pelo Ministério da Cultura e Volkswagen Caminhões & Ônibus. Com patrocínio da Rio Brasil Terminal e Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro. Com os apoios da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, da Riotur, da Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência e da Liesa.

“A ideia do enredo já vem na cabeça há muitos anos. Gosto de procurar enredos interessantes nas livrarias. Foi assim que achei um livro chamado “O casamento entre o Céu e a Terra” do teólogo Leonardo Boff. De cara, imaginei um enredo para Embaixadores da Alegria”, revela Paul Davies, cofundador da Embaixadores da Alegria, que é considerada mais do que uma escola de samba; uma escola de vida. Ano passado, a organização social sem fins lucrativos foi contemplada com o Grande Prêmio do Carnaval Brasileiro 2024 “Tia Ciata” na categoria Resistência Carnavalesca, pela Federação Nacional das Escolas de Samba.

“Chegamos ao décimo-sétimo desfile da Embaixadores da Alegria com muito respeito à história construída até aqui. Muita criatividade, resistência, profissionalismo, mas acima de tudo, amor ao propósito de enxergar as potencialidades das pessoas com deficiência. Nesses últimos dezessete anos de acessibilidade na cultura do Brasil, navegamos por tempestades, congelamentos de investimentos, mas o nosso inexorável trabalho de inclusão de pessoas com deficiência sempre esteve ancorado em três pilares: trabalho incansável, propósito bem definido e amor ao próximo. Carrego comigo um lema da família do navegador Ernest Shackleton: pela resistência, conquistamos”, conta Caio Leitão, cofundador da Embaixadores da Alegria.

Abrindo o Sábado das Campeãs, a Embaixadores da Alegria levará para o desfile uma mensagem poderosa com profundidade lírica, que promete emocionar e conscientizar os foliões nas arquibancadas do sambódromo. O riquíssimo conceito de “O casamento entre o Céu e a Terra” oferece múltiplas camadas de interpretação, podendo abordar espiritualidade, cultura, ecologia e ancestralidade.

“A unificação e a equalização das diferentes vozes não param após o desfile. A inclusão por meio da arte, da música e da cultura vão além da Quarta-feira de Cinzas com outros projetos incentivados, como a segunda edição do Festival O Que Move Você?, que foi realizado na Cidade das Artes”, complementa Caio Leitão, cofundador da Embaixadores da Alegria. Num momento em que a vida está cada vez mais célere, hiperconectada e polarizada, a Embaixadores da Alegria cria pontes entre o passado e o presente, pessoas com e sem deficiência, digital e analógico, e – definitivamente – cria um diálogo uníssono entre o Céu e a Terra.

O desfile

O enredo entrelaça arte, poesia e crítica social. A comissão de frente vai encenar a separação inicial entre o céu e a terra e a jornada para restaurar essa harmonia, com movimentos coreografados representando o diálogo entre as forças divinas e humanas.

A Embaixadores da Alegria desfilará com cinco setores temáticos. O primeiro é “O sopro do começo – O Céu e a Terra em união”. Nele retratam-se o mito da criação e o equilíbrio inicial entre os elementos divinos e terrenos. Mostra-se a harmonia original, onde a natureza e a espiritualidade estavam unidas como uma dança perfeita. Figuras indígenas, pássaros sagrados e os elementos da natureza (vento, fogo, terra e água) podem ser representados de maneira simbólica e colorida.

O segundo setor é “Vozes da ancestralidade – os guardiões da Terra”. O destaque são as culturas indígenas como guardiãs do equilíbrio entre o Céu e a Terra, com suas crenças, seus cantos e rituais que reforçam a interdependência entre homem e natureza. Este setor mostrará a sabedoria ancestral por meio de símbolos como o cocar, a pintura corporal, os rituais de colheita e as celebrações à Mãe Terra.

O terceiro setor apresenta “A modernidade e a ruptura da harmonia”, mostrando a desconexão causada pela industrialização, pelo consumismo e pela devastação ambiental. Contraste entre a exuberância da natureza e a destruição causada pela ganância humana. Este setor trará elementos como rios poluídos, florestas queimadas e a luta pela sobrevivência das culturas tradicionais.

O quarto setor é “O chamado das vozes indígenas”, um chamado à reflexão. A reconexão com o respeito à natureza e o resgate da sabedoria ancestral são apresentados como caminhos para restaurar o equilíbrio. Representações de líderes indígenas e movimentos de preservação ambiental ganham destaque.

E o quinto e último setor apresentará “O casamento entre o Céu e a Terra – a sinfonia restaurada”, celebrando o restabelecimento da harmonia entre o divino e o terreno, o homem e a natureza. Cores vibrantes, flores renascendo, animais livres e o Céu em comunhão com a Terra marcam esse momento apoteótico. Este setor reflete esperança e um futuro sustentável, em que a humanidade finalmente compreende seu papel como parte do todo.

O samba-enredo

O CASAMENTO ENTRE O CEÚ E A TERRA

Compositores: Xande de Pilares, Gilson Bernini e Clovis Pê

Sou eu o verdadeiro dono desse chão

Sou eu o guardião, raiz da existência

Ouvindo o grito da Mãe Natureza

Pedindo mais amor e consciência

Segue o homem destruindo

Mas o Céu abraça a Terra

Esse eterno casamento

Faz a paz vencer a guerra

Quero ver meu paraíso

Livre como foi um dia

Uma dança na cadência

Em perfeita harmonia

Vou no toque do tambor

Herança dos ancestrais

Sou estrela que reluz

Em crenças e rituais

Rios, matas e florestas estão chorando

A cobiça continua poluindo e devastando

Falta respeito, sabedoria

Ninguém ouve o coração

No vale-tudo dessa tecnologia

Manter a tradição é preservar

E buscar a solução

É honrar a minha história

E também o meu cocar

Da aldeia para o mundo, o passado é lição

O presente é de luta em comunhão

A esperança vem cantar um novo dia

Numa só voz Embaixadores da Alegria.

Serviço:
Desfile Acessível da Embaixadores da Alegria 2025 – “O casamento entre o Céu e a Terra”,
Data: 8/3/25 – sábado
Horário: 19h – Concentração: 16:30h – No balança mas não cai
Local: – Sambódromo da Marquês de Sapucaí –  R. Marquês de Sapucaí  – Santo Cristo,

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