Em 2024, Rayka Araujo será a primeira mulher trans a desfilar na Sapucaí como porta-bandeira

Rayka Araujo

Desde que ensaiou os seus primeiros passos, o samba se tornou um lugar de resistência e representatividade. O mesmo acontece na vida da porta-bandeira Rayka Ribeiro Araújo, que vem se mantendo persistente em sua luta e em seu lugar de fala como uma mulher trans, que vive em uma sociedade arraigada de preconceitos velados.

O ano de 2024 será um divisor de águas na vida de Rayka e também para a comunidade LGTBQIAP+. Isto porque, a sambista, de 37 anos, será a primeira mulher trans a desfilar como guardiã de um pavilhão de uma escola de samba na Marquês de Sapucaí.

Moradora de Niterói, a Cidade Sorriso, Rayka virá na avenida como segunda porta-bandeira da escola de samba União do Parque Acari, pelo quarto ano consecutivo. Além da paixão pelo samba, a niteroiense é proprietária do ateliê Fábrica de Carnaval Unidos Produções, local onde confecciona roupas e adereços para muitas personalidades do mundo do samba.

Em 2019, quando a sambista chegou à União do Parque Acari, através de convite da diretoria da agremiação, para assumir o posto de terceira porta-bandeira, veio carregando no coração um compromisso: o de representar, por meio do seu trabalho, toda a comunidade LGTBQIAP+, rompendo fronteiras e quebrando os paradigmas do preconceito dentro do Carnaval.

Ocupa há quatro anos esse lugar de guardiã do pavilhão de uma agremiação, o qual em grande parte, senão dizer, em sua totalidade, é protagonizado por mulheres, significa para Rayka Araújo uma oportunidade ímpar. Isto porque, sendo uma mulher trans, é para ela como receber um prêmio todas as vezes que empunha majestosamente a bandeira da escola.

“Uma mulher trans pode sim defender, exaltar amor, carinho e responsabilidade a um pavilhão de uma escola de samba. Muitos pensam que é fácil. Mas não é, não.  Lutamos todos os dias contra o preconceito das pessoas, que em alguns momentos vem dos nossos pares, que consideram que não somos merecedoras de estar ali como porta-bandeira”, desabafa Rayka.

De lá pra cá, a porta-bandeira ultrapassou barreiras e venceu muitos obstáculos, o para ela, antes dessa escalada repentina, seria imaginável. Atualmente, é também a segunda porta-bandeira da Combinados do Amor, Mas já passou por agremiações como a Bafo do Tigre, Grupo dos 15, Unidos do Sacramento e Amigos da Ciclovia, escolas de samba que desfilam na cidade de Niterói. Em 2024, irá realizar um grande sonho, o de desfilar na Marquês de Sapucaí, empunhando o pavilhão da sua escola do coração, União do Parque Acari.

“Trabalhei muito para um dia realizar esse sonho. Primeiramente, ser reconhecida. E no ano que vem poder mostrar para todos a minha força e garra. E lutar contra tudo aquilo que está no meu caminho, chegando ao sonho maior de toda porta-bandeira, a Marquês de Sapucaí”, confessa a porta-bandeira.

Rayka acompanha a agremiação desde o segundo ano da fundação, e busca se inteirar e estar presente sobre tudo relacionado à escola, além de estar presente todos os eventos nas quadras, sempre focada e com o sorriso no rosto. A sambista ocupa na hierarquia da escola o posto de segunda porta-bandeira da União do Parque Acari, e juntas vão desfilar em 2024 pela primeira vez na Marquês de Sapucaí.

Related posts

Clube do Ser realiza mais uma edição no Rio de Janeiro

Escritas Subversivas – Substantivo Feminino estreia festival que transforma a Praça dos Direitos Humanos em um polo de celebração da literatura produzida por mulheres periféricas

Com presença de Carol Barcellos, embaixadora, Luta Pela Paz celebra 25 anos em festa no Museu de Arte do Rio