Em “Caixa de vazios”, Vicente Humberto encontra na falta um terreno fértil para refletir sobre vida e linguagem

Radicado entre Minas Gerais e Goiás, o poeta explora temas como rotina, inquietude e afetos a partir da beleza do simples, em obra publicada pela Ficções Editora

por Redação
Em “Caixa de vazios”, Vicente Humberto encontra na falta um terreno fértil para refletir sobre vida e linguagem

O livro de poemas “Caixa de vazios” (152 págs.) dá continuidade à carreira literária do escritor e engenheiro mineiro Vicente Humberto (@vicentehumbertoo). Composto por quase cem poemas, sua quinta publicação tem a percepção de mundo do poeta como guia para pensar a falta, a solidão e os fins e começos. Publicada pela Ficções Editora, a obra conta com a sinopse e prefácio assinados, respectivamente, pelo poeta Salgado Maranhão e pela escritora Carla Dias.

Com uma linguagem poética marcada pela clareza e atenção ao ritmo e cadência das palavras, “Caixa de vazios” se apresenta compartimentado em três seções: “Uma árvore quase pronta”, “Fazenda Harmonia” e “Sombra feliz”. Em todas, a rotina, a inquietude, os afetos e a observação atenta das coisas da vida e da natureza funcionam como motores poéticos. Nesse sentido, Salgado Maranhão destaca que o livro é de uma linhagem que dialoga, por vezes, com Mário Quintana e com Bandeira, pelo pertencimento de um jeito de fazer que busca a simplicidade sem cair no lugar-comum. Além de salientar a “musicalidade de seu versejar”.

“Vicente Humberto se mostra um talentoso preenchedor das faltas e quereres gerados por um vazio fomentador de esperas e observações” 

Trecho do prefácio da escritora Carla Dias

Se Salgado Maranhão usa a sonoridade da obra de Vicente para apresentá-la, Carla Dias invoca a pintura e o ato de pincelar para falar sobre a forma que o poeta transforma o ordinário em beleza. A capacidade de observação do autor vem à tona no prefácio, que ressalta também sua abordagem da morte.

Para ela, o poeta evidencia como o vazio é terreno fértil ao tratá-lo a partir de tantas e diferentes perspectivas : “Talvez o jeito seja esse: desmembrá-lo, dividi-lo em seções, vivê-lo em partes, feito cenas de um espetáculo de teatro protagonizado por reflexões desfiadas ali, na nudez do palco.”

Segundo Vicente, o vazio também faz parte da experiência humana. “O livro sintetiza essa percepção da vida como um processo constante de tentar preencher o incompleto, mesmo sabendo que nunca teremos todas as respostas”.

Vicente Humberto é um poeta das coisas da vida

Vicente Humberto Lôbo Cruz nasceu em Uberaba, Minas Gerais. Durante sua vida, viveu em diferentes cidades, como Goiânia, Pires do Rio, Ipameri, Inhumas, São Paulo, Ouro Preto, Belo Horizonte, Ituiutaba e Rio de Janeiro. Atualmente reside em Araxá (MG) e Catalão (GO).

Poeta, se formou em Engenharia de Minas, pela UFMG, e em Letras, pela UFG. Sua estreia literária aconteceu em 1983 com o livro “Folhas levadas”. Também publicou “Perpendiculares” (Editora Arte Pau Brasil, 1986), “Abacates no Caixote” (Ficções Editora, 2020) e “Borboletas no Repolho” (Editora Ficções, 2021). Além disso, lançou álbuns de músicas com seus poemas. Eles estão disponíveis nas plataformas de streaming, como Spotify e Deezer.

O ato de fazer poesia para Vicente é um processo visceral, de entrega ao poema, e se iniciou ainda na infância. “A poesia tem sido um refúgio, um ponto de fuga e um modo de entender o mundo. Para mim, a poesia é como um ‘big bang’ interno, algo que explode de maneira espontânea e precisa ser traduzido em palavras”, resume.

Isso torna cada livro escrito por ele um reflexo de uma fase de sua vida. “Hoje, com mais de 70 anos, minha escrita é marcada pela reflexão e pela maturidade, mas também pelas mesmas perguntas que sempre me acompanharam.” Essa continuidade se reflete em detalhes, como no hábito de incluir nos poemas de um livro o embrião do próximo livro. O título “Caixa de Vazios”, por exemplo, surgiu em um verso de sua publicação anterior, “Borboletas no Repolho”. “Ainda não sei exatamente aonde isso vai me levar, mas essa é a beleza da criação: é sempre um processo de descoberta”.

Confira um trecho do livro (página 68):

“Ai de mim

Ais de mim

Ás de mim

Cais de mim

Cães de mim

Caos de mim

Cai em mim

Haikai

De mim”

FICHA TÉCNICA

“Caixa de vazios”

  • Autor: Vicente Humberto
  • Editora: Ficções Editora
  • Categoria: Poesia
  • ISBN: 9786587622231
  • Formato: 14 X 21 cm
  • Páginas: 152
  • Ano: 2024
  • Projeto gráfico: Alonso Alvarez
  • Pintura da capa e ilustrações: Adriana Conti Melo
  • Prefácio: Carla Dias
  • Apresentação: Salgado Maranhão
  • À venda nas livrarias Martins Fontes, Loyola, da Vila, Círculo, Amazon, entre outras
  • Adquira online no site da editora: 
  • https://www.livrariaficcoes.com.br/pd-977579.html 

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