Além de ser um ritmo, um toque, Ijexá é uma cidade do Estado de Osun, no sudoeste da Nigéria, fundada por um neto do imperador Oduduwa (rei iorubá atualmente cultuado como orixá no Candomblé e na Santeria cubana). De uma rica cultura musical e instrumental, o povo ijexá já executava instrumentos percussivos, afinados por cordas, e teve no orixá Ogum, senhor da agricultura, da guerra e dos instrumentos de ferro, bem como em rituais em torno ao Rio Osun – que homenageavam mulheres guerreiras que se convertiam em água para fugir dos seus perseguidores, inspiração para músicas, cantigas, contos, festivais e outras manifestações artísticas e sociais que simbolizavam de forma permanente a trajetória e ancestralidade de um povo, que chega, até os tempos atuais.
Em Cuba “El Ijessa” é um dos ritmos mais tocados nos tambores Bata nas celebrações da Santeria e no Brasil ganhou destaque pelo bloco Afro de Salvador de Bahia “Filhos de Gandi”.
A nova música de trabalho “Te Lo Dira La Noche”, composta pelo autor cubano Pablosky Rosales, aposta na utilização de elementos rítmicos e musicais afro latino-americanos, como tambores Batá, ritmo songo, de Cuba, samba, pagode e toque de ijexá do Brasil.
Para a realização deste trabalho foram convidados músicos do Aláfia, agrupação paulistana, – que tem nos cultos de matriz africana a maior inspiração para o seu trabalho – o compositor e pesquisador musical Eduardo Brechó para a produção musical e percussão, e Igor Damião na guitarra elétrica.
“Acho que o mais bacana e maior desafio desse single é conseguir trabalhar todas essas expressões rítmicas, criando uma fluidez entre as similaridades e as diferenças entre a expressão musical cubana e os sotaques brasileiros como samba e ijexá”, afirma Brechó.
Interpretada em espanhol pela cantora Estela Paixão, também integrante do Aláfia, a canção ganhou arranjo do cubano Pedro Bandera, líder do Batanga & Cia e conhecido percussionista que tem trabalho de pesquisa que analisa a relação entre instrumentos, ritmos e elementos da Diáspora musical africana na América Latina.
Sobre este novo convite para dar voz à canção, Estela, que, em 2020, participou do show em homenagem aos 90 anos da cantora cubana Omara Portuondo, diz: “Fiquei muito honrada em ser chamada para participar desse projeto que une Brasil e Cuba em suas particularidades e potencialidades de uma forma tão bonita, dançante e viva. Para mim, as palavras que definem essa participação podem se resumir a uma parceria solar”.
Sobre este single, Bandera antecipa: “Vai abrir os trabalhos para a construção do primeiro disco do grupo que terá dez músicas, e tem data prevista de lançamento ainda no primeiro semestre do presente ano, mantendo o virtuosismo nas improvisações instrumentais e tendo como conceito a junção de elementos de percussão, cantigas e danças afro-cubanas, afro-brasileiras e afro-latinas. A música é usada para mostrar outros caminhos da Diáspora Africana na América latina. O disco pretende trazer uma viagem rítmico musical com as semelhanças percussivas de Brasil e Cuba, cujas similaridades podem ser explicadas por meio de uma teoria segunda a qual muitas das pessoas traficadas da África foram separadas no porto do Recife e levadas para Santiago de Cuba. Trata-se de uma relação para além do musical e cultural, familiar”, avalia.
SOBRE
Batanga & Cia
Grupo multicultural formado por músicos imigrantes de países como Cuba e Colômbia, com dois integrantes brasileiros, sendo a maioria afro – descendente.
Batanga & Cia apresenta um trabalho autoral com o uso de instrumentos de percussão e elementos musicais de matriz africana, presentes em seus países de origem junto com os ritmos e instrumentos da mesma matriz no Brasil, mostrando, assim, a relação que existe entre as culturas do continente. Com formação instrumental composta por flauta, piano, percussão, saxofone e baixo acústico, interpretam gêneros musicais contemporâneos e populares, como latim jazz, songo, ritmo batanga, rumba e samba, sendo considerada um grupo de World Music. Já participou da trilha sonora da minissérie “Dois Irmãos” (TV Globo, 2017) e fez parcerias com os artistas Xênia França, Luedji Luna, Samuel Samuca (Samuca e a Selva), Tássia Reis e o cantor Sapopemba.
Formação:
Hanser Ferrer – Direção Musical / Piano / Coros / Percussão
Fernando Ferrer Jr – Sax / Coros
Gustavo Martinez – Baixo
Dante Almeida – Percussão: Pandeiro / Surdo
Alexis D’ Arma – Percussão: Itotele / Timbal
Pedro Bandera – Percussão: Iya / Okonkolo / Congas
Estela Paixão
Cantora do Aláfia, foi preparadora de voz dos programas “Canta Comigo” (Tv Record) e “The Masked Singer Brasil” (Tv Globo). Seu timbre e técnica vocal a levaram ser banking vocal para Pericles, Liniker e os Caramelows, e para artistas internacionais, como Vox Sambou, rap Haitiano residente no Canda, e o jamaicano Anthony B.
Participou da gravação do álbum “As Forças da Natureza”, de 2013, com direção artística de Adriano de Martini e participações de Alceu Valença, Fabiana Cozza (com quem Estela faz um dueto) e também com Izzy Gordon e Iza no clipe “Dona de Mim”, de 2018.
Eduardo Brechó
Produtor, compositor e líder do Aláfia, possui uma caminhada musical nacional e internacional há dez anos, quatro discos e já viajou por 13 países.
Igor Damião
Guitarrista, compositor, cantor e produtor musical paulistano, é integrante do Aláfia desde 2018. Como solista, lançou o EP “Super Funk” em 2021, o clipe “Oke Aro” (2018), o single “Dia de Feira é Feriado” (2020) e o álbum “Unidade” (2016). Como instrumentista, já acompanhou Carlos Dafé, Mano Brown, Ellen Oléria, Tássia Reis, Osvaldinho da Cuíca, Almir Guineto, Xenia França e Di Melo. É bacharel em Guitarra pela FAMOSP.
Ficha técnica
Gravação Estúdio Medusa
Janja Gomes –Engenheiro de Som
Gabriel Catanzaro – Direção / Comunicação
Evandro Lufti–Produção Executiva
Produção musical e edição: Eduardo Brechó
Mixagem: Felipe Gomes
Arte de Capa / Colagem – Mariana Ser
Fotografia – Renato Nascimento