Espetáculo Aleito lança olhar sensível sobre a invisibilidade da mulher no âmbito familiar e doméstico

Após décadas de vida dedicadas aos outros, personagem compartilha suas lembranças e, pela primeira vez, toma as rédeas do seu destino

por Redação
Espetáculo Aleito, com Paula Furtado

Ao dar corpo e voz a uma mulher silenciada e esquecida, o monólogo Aleito lança luz sobre uma questão urgente e atual: o abandono em vida, que gera solidão e apagamento. Essa é a premissa que dá sentido à obra protagonizada pela atriz Paula Furtado, em cartaz no Espaço Cultural Municipal Sérgio Porto, no Humaitá (RJ), a partir de novembro. Em Aleito acompanhamos uma mulher esquecida pelos outros e esquecida de si mesma após décadas de vida dedicadas à família e ao trabalho doméstico. A partir de lembranças fragmentadas, ela conta a sua história e, pela primeira vez, toma as rédeas do seu destino.

Criado pelo coletivo interartístico uma película, o espetáculo Aleito tem dramaturgia de Lane Lopes e direção de Isadora Krummenauer. O público é convidado a adentrar um território íntimo, onde a personagem revisita suas memórias e revive gestos de tantas mulheres que, mesmo presentes, tornaram-se invisíveis em suas próprias casas.

As apresentações acontecem às sextas-feiras e aos sábados, às 19h, e aos domingos, às 18h. O Espaço Cultural Municipal Sérgio Porto fica na Rua Visconde de Silva, s/n (ao lado do prédio 292), no Humaitá (RJ). Com a lotação máxima de 30 pessoas, a Sala Preta, onde a montagem é exibida, só pode ser acessada por meio de escadas. A temporada vai de 21 de novembro a 14 de dezembro. Os ingressos custam R$ 80 (inteira) e R$ 40 (meia-entrada), disponíveis neste link aqui. A duração é de 55 minutos, com classificação indicativa de 14 anos. Durante a visita, os espectadores que desejarem materializar a experiência vivida no teatro, podem adquirir o livro homônimo lançado pela Editora Patuá, por R$ 65.

Para Paula Furtado, Aleito não busca representar a velhice, mas ressignificá-la como um espaço de sonho, desejo, memória e ruptura. A obra traz à cena uma personagem que decide reconstruir a própria história a partir dos escombros da memória. “Aleito convida o público a revisitar suas raízes: mães, avós, tias e todas aquelas mulheres que, embora vivas e presentes, tantas vezes se tornaram invisíveis A personagem que interpreto carrega o tempo e suas lacunas e é feita de silêncios atravessados, gestos interrompidos e desejos não concretizados. O projeto nasceu da urgência de dar voz às mulheres da minha família, cujas histórias foram silenciadas, mas resistem na memória. O teatro foi o caminho para contá-las”, afirma a atriz.

“Aleito trata de um processo que atinge a todos: o envelhecer, mas que é especialmente cruel com as mulheres. A personagem é uma mulher que sonha, deseja, se arrepende, muda de ideia e compra briga. Mesmo viva e vibrante, está se tornando esquecida – pelos outros e por si mesma. A dramaturgia costura histórias de muitas mulheres (histórias que corriam no rio das narrativas não-oficiais das famílias) e desloca as contradições do âmbito doméstico para o debate público. Agora cabe aos corpos femininos e marginalizados tomarem as rédeas da história, com um olhar atencioso ao passado e corajoso frente ao futuro”, explica a dramaturga Lane Lopes.

A diretora Isadora Krummenauer reforça o caráter poético da encenação: “Como nas imagens de Francesca Woodman, a personagem tem seu corpo feminino testando os limites entre concreto e onírico. Seu corpo se confunde com o ambiente doméstico, se perdendo nos devaneios, sonhos e mobília. Em Aleito, uma mulher habita sozinha uma casa que é também extensão de seu corpo e de sua memória. Nesse espaço íntimo e simbólico ela convive em uma rotina com os objetos que a cercam. Ao dar vida a eles tem seu vazio preenchido por presenças silenciosas, que reencarnam mortos e lembranças do passado. O palco se torna o abrigo de sua solidão e também o lugar onde as lembranças ganham corpo”.

Em sua terceira temporada, agora sob nova direção, o espetáculo Aleito renasce com um olhar ainda mais humano e sensível. Segundo o coletivo uma película, a personagem deixa o lugar simbólico e ganha presença concreta de uma mulher real, que sente, sonha, deseja e falha.

Ficha técnica

Dramaturgia: Lane Lopes | Atuação: Paula Furtado | Direção: Isadora Krummenauer | Assistência de direção: Rodrigo Cavalini  | Direção de movimento: Deisi Margarida | Desenho de luz: Tayná Maciel |  Operação de luz: Heitor Acosta e Vitória Arruda | Trilha sonora original: Lucas Furtado – Geminin | Operação de som: João Senna | Direção de arte: Caio Cosson | Assistência de arte: Anna Vinhaes | Arte fotográfica: João Gabriel de Oliveira | Arte gráfica: Brenda Spinosa | Mídias sociais: Michele Bento | Assessoria de imprensa: Orbe Comunicação | Produção geral: Alice Botelho | Direção de produção: Guilherme Cirqueira | Realização: coletivo uma película e miolo.

Serviço

Espetáculo Aleito, com Paula Furtado

  • Data: 21 de novembro a 14 de dezembro de 2025
  • Horários: 19h (sextas-feiras e sábados); 18h (domingos)
  • Ingressos: R$ 80 (inteira) e R$ 40 (meia-entrada)
  • Compre online: https://ingressosriocultura.com.br/riocultura/events/48779?sessionView=LIST
  • Local: Espaço Cultural Municipal Sergio Porto | Sala Preta
  • Endereço: Rua Visconde de Silva, s/nº (ao lado do prédio 292) – Humaitá – Rio de Janeiro (RJ)
  • Classificação indicativa: 14 anos
  • Gênero: monólogo teatral
  • Duração: 55 minutos
  • Capacidade: 30 lugares / acesso por escadas
  • Bilheteria: abertura 1h antes do início do espetáculo

Acompanhe as redes sociais

uma película (coletivo): @umapelicula

Paula Furtado (atriz): @paulafurtado

Lane Lopes (dramaturga): @lanelopes_

Isadora Krummenauer (diretora): @iskrmm

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