Protagonizado por artistas trans do universo Ballroom do Rio de Janeiro e unindo dança, performance, moda e audiovisual, “ATRAQUE” é um espetáculo multilinguagem que desafia convenções e explora os princípios históricos, estéticos e comunitários do vogue, modificando o palco em um espaço de confronto, afeto e resistência. Realizado pela Casa da Mamba Negra, a montagem fica em cartaz no Espaço Cultural Municipal Sérgio Porto, em Humaitá, nos dias 25, 26 e 27 de abril. Com apresentações às 20h (sexta e sábado) e 19h (domingo. Ingressos a R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia).
A montagem carioca, que estreou em 2023, retorna com um elenco expandido e uma abordagem ainda mais inovadora. Para Patfudyda, diretora de arte do projeto, “ATRAQUE” olha para a cultura Ballroom para além do vogue, enxergando as coreografias encarnadas no cotidiano de uma comunidade. “Incorporamos poses e gestos radicais para projetar cenas que questionam o imaginário do que poderia ser uma peça Ballroom. Esse espetáculo não pretende responder ou dar conta de toda a imensidão de uma cultura criada por corpos urgentes, mas ser uma das possíveis criações de mundos”, ela ressalta.
“ATRAQUE” torna-se um terreno fértil de experimentação e transgressão. Através de movimentos únicos e pessoais, a peça revela a beleza da individualidade e da criatividade humana. Segundo o performer Gabe Mamba Negra, essa troca é o que mantém o espetáculo vivo: “Após tantas apresentações, ‘Atraque‘ tornou-se um grande jogo em cena. Através das nossas conexões, criamos experiências novas a cada dia, tornando o trabalho vivo e mutável. Acredito que as relações entre também se apresentam mais íntimas, o que faz com que o espetáculo fique mais orgânico e intenso para o público.”
Potência e prejuízos reverberam em cada apresentação, criando uma conexão única com a placa. Para a produtora musical e DJ do espetáculo Bida Saro, o envolvimento com o público é construído a partir da tensão e da curiosidade gerada em cena: “A obra é naturalmente convidativa pela forma como provoca e instiga. As trocas no palco chamam atenção e a surpresa tem sido um dos elementos-chave da performance. O público não sabe o que esperar, e é nesse momento que desperta aquela inquietação de querer saber mais, de descobrir até onde vai esse ‘atraque‘. Quase como um desejo secreto vindo à tona”, destaca. A performer Kali Mamba Negra completa dizendo que “‘Atraque‘ é um trabalho hipnotizante. Você gostando ou não, tem algo que te estabelece no que está acontecendo em cena. Algo entre o belo e o absurdo.”
A cultura Ballroom é um espaço de expressão, onde as pessoas participantes competem em categorias de dança, moda e performance, como o voguing. Mais do que competições, essa cultura oferece um senso de pertencimento e família para aqueles que estão à margem da sociedade, reforçando suas estruturas de apoio social. Para a performer Leona Mamba Negra, o espetáculo só nasce do encontro de diversas potências artísticas que se enxergam nesse espaço. “Para quem vive essa realidade, são signos conhecidos em outros contextos. Para quem não conhece, são signos novos, outras propostas de mundo. É muito enriquecedor saber que pessoas que se identificam com o que a gente faz, e com quem a gente é, se vêem de alguma forma na performance. Sendo assim, o espetáculo é um manifesto, um chamado para quem se permitir.”
Para Shade Arruda, que está no elenco do espetáculo desde o início, “ATRAQUE” foi uma virada em sua trajetória como artista. “Três anos depois desde que entrei para a casa e começamos a falar sobre o projeto, essa peça já ocupa um lugar tão grandioso, tendo visitado muitos lugares. Acredito que esse projeto foi minha porta de entrada, me fazendo entender que eu posso sim viver de arte e que meu corpo é potente demais”, reflete Shade.
“ATRAQUE” torna-se um espaço onde corpos dissidentes reivindicam o direito de existir, criar e ocupar o mundo da sua própria forma. A performer Laxxota conclui que essa experiência mudou perspectivas. “Para mim, o desejo de estar no palco cercado por pessoas que amo transformaram a visão sobre arte e meus próprios processos criativos. No fim, a melhor defesa é o Atraque.”
Os bastidores do espetáculo são retratados no mini documentário “ATRAQUE – House of Mamba Negra”, lançado recentemente no YouTube. O filme também traz cenas das apresentações e depoimentos sinceros dos membros do coletivo, revelando os desafios, conquistas e o impacto da cultura Ballroom em suas trajetórias.
“ATRAQUE” é apresentado pelo Governo Federal, Ministério da Cultura, Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro e Secretaria Municipal de Cultura.
SERVIÇO:
Espaço Cultural Municipal Sérgio Porto
Endereço: Rua Visconde de Silva s/n – Rua Humaitá
Data: 25, 26 e 27 de abril de 2025
Horário: 20h (sexta e sábado), 19h (domingo)
Entradas: R$ 30 (inteira), R$ 15 (meia)
FICHA TÉCNICA:
- Realização: Casa da Mamba Negra
- Direção geral: Wallace Ferreira / Patfudyda
- Produção executiva: Mário Netto / Germanetto
- Direção de movimento: Allenkr Soares
- Atuação: Idra Maria, Kali, Leona Mamba Negra, Gabe Arnaudin, Laxxota e Shade Arruda
- Design e operação de som: Bida Sarô
- Estatueta: Idra Maria, Kali e Germanetto
- Adereços: Azre Maria Tarântula Mamba Negra
- Violinista: Gabe Arnaudin
- Penteado: Shade Arruda
- Identidade Visual: Renan Graccowvisk
- |Iluminadora: Dafne Rufino
- Produção e Formação de Plateia: Nana Rosas
- Assistente de produção: Isadora Maria
- Parceria: Quafá Produções
- Assessoria de Imprensa: Monteiro Assessoria