Espetáculo de dança reconhece o protagonismo de corpos fora do padrão 

"Elementos disponíveis para outras composições", de Paulo Emílio Azevedo, chega ao Sesc Barra Mansa na quinta, 21/11

por Bruno Pirozi

“Elementos disponíveis para outras composições”, do coreógrafo e dramaturgo Paulo Emílio Azevedo. Foto: divulgação

O Sesc Barra Mansa recebe nesta quinta (21/11) mais uma apresentação do espetáculo “Elementos disponíveis para outras composições”, do coreógrafo e dramaturgo Paulo Emílio Azevedo. Por meio do lúdico e de elementos cênicos com apelo à infância (carrinho de controle remoto, skate, pneu, bola e uma cadeira de rodas), oito intérpretes da Cia. Gente se revezam em cena, tomando o palco como se fosse uma grande caixa de brinquedos e dando novo significado à função ordinária desses objetos — como fazem, em geral, as crianças “arteiras”: 

Brincar é um ato político para essa gente que teima em dançar a vida. Vamos explorar o lúdico e trazer para os holofotes os corpos dos intérpretes, cada um na sua singularidade; e o grupo, por sua vez, em toda a sua diversidade corporal. É uma ruptura com padrões de beleza, a evidência de outras belezas, pura desobediência”, provoca Azevedo, que apresentará o espetáculo em seis unidades do Sesc durante novembro. 

 

Vencedor do Prêmio Funarte Acessibilidança 2020, “Elementos disponíveis para outras composições” chega aos palcos por meio do Edital de Cultura Sesc RJ Pulsar. Paulo Emílio Azevedo recorre à base da sua metodologia, tendo em vista o corpo do intérprete como matéria principal da composição, sem cultivar a premissa de que a técnica precede o sujeito. Portanto, não vemos mais um corpo que deva alcançar uma dança, mas sim uma dança que se abriga em cada corpo.  

 

“Elementos disponíveis para outras composições” leva em consideração a investigação cênica de três obras anteriores de Paulo Emílio Azevedo: “Pseudópodos”, “Procedimento II urbano” e “Gudubik”. 

Além das apresentações de dança, as seis unidades do Sesc RJ terão um workshop gratuito no mesmo dia do espetáculo, das 10h ao meio-dia. A oficina “O melhor de cada um”, ministrada por Paulo Emílio Azevedo, dura 90 minutos e é voltada para qualquer pessoa que queira (re)conhecer suas potências. 

A proposta da oficina segue a metodologia desenvolvida pelo coreógrafo, na qual o sujeito é o centro do processo e os conteúdos performáticos são oriundos da biografia corporal de cada participante, em convergência com sua cultura lúdica. Não há pré-requisito para a participação e as inscrições devem ser feitas diretamente na unidade do Sesc RJ. 

 

SERVIÇO 

 

Dia 9 de novembro, às 19h30:   

Teatro do Sesc Teresópolis (Av. Delfim Moreira 749, Várzea) 

 

Dia 16 de novembro, às 19h: 

Teatro do Sesc Nova Iguaçu (Rua Dom Adriano Hipólito 10, Moquetá) 

 

Dia 21 de novembro, às 19h: 

Teatro do Sesc Barra Mansa (Av. Tenente José Eduardo 560, Ano Bom) 

 

Dia 22 de novembro, às 19h: 

Espaço Multiuso do Sesc Ramos (Rua Teixeira Franco 38) 

 

Dia 23 de novembro, às 19h: 

Teatro do Sesc São Gonçalo (Av. Presidente Kennedy 755, Estrela do Norte) 

 

Dia 29 de novembro, às 19h: 

Teatro do Sesc São João de Meriti (Av. Automóvel Clube 66, Centro) 

FICHA TÉCNICA 

“Elementos disponíveis para outras composições”, com a Cia. Gente 

 Criação e direção: Paulo Emílio Azevedo

 Assistente de direção: Paula Lopes 

 Intérpretes-criadores: Barbara Santos, Bruno Santos, Everton Viana, Julia Rios, Mauricio de Muros, Patrick Nunes, Rebeca Gois e Tácio Fidelis

Direção técnica e iluminação: Filipe Itagiba 

Produção: Flávia Menezes 

 Coordenação geral: Zuza Zapata 

Sobre o autor: 

Paulo Emílio Azevedo é professor. Tem doutorado em Ciências Sociais, com especialização em antropologia do corpo e cartografia da palavra, além de pós-doutorado em Políticas Sociais. Natural de Macaé, vive em Niterói, para onde se mudou aos 18 anos. Parte de sua infância e parte da adolescência foram dedicadas ao esporte, com destaque para o futebol, a natação e o atletismo. Em 1997, ele sofreu um acidente grave de carro, que o imobilizou por dois anos, impossibilitando-o de seguir a carreira de atleta. Por outro lado, a experiência em uma cadeira de rodas lhe deu uma percepção de vida que serviu como base para a criação de metodologias no ensino da dança, além de um novo olhar para as múltiplas deficiências. 

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