Espetáculo luso-brasileiro com direção de Cássio Scapin chega ao Rio em 4 sessões no Teatro Vannucci

Atores portugueses Luísa Ortigoso e Beto Coville, da companhia Teatro Livre, dão vida ao texto inédito de Cássio Junqueira, revelando o lado humano e sensível de personagens historicamente marcados por estereótipos no imaginário popula

por Redação
Filho da Rainha e A Mãe do Rei

Propondo um mergulho sensível e crítico nas tensões do poder, a partir da emblemática relação entre Dona Maria I e Dom João VI, figuras centrais da história de Portugal e do Brasil colonial, O Filho da Rainha e A Mãe do Rei chega ao Rio de Janeiro, em 4 únicas apresentações, no Teatro Vannucci, na Gávea, de 26 a 29 de maio. Com sessões às segundas e terças, às 20h, e às quartas e quintas, às 17h.

A montagem, dirigida por Cássio Scapin, traz ao palco carioca Luísa Ortigoso e Beto Coville, que interpretam mãe e filho em um embate que atravessa questões de afeto, loucura, poder e patriarcado. Com texto denso e encenação precisa, a peça revela as pressões e contradições vividas por figuras públicas em meio às exigências do trono e da família, traçando paralelos com os conflitos da nossa contemporaneidade.

A dramaturgia de Cássio Junqueira propõe um olhar crítico e contemporâneo sobre a relação entre Dona Maria I e Dom João VI, figuras emblemáticas da história de Portugal e do Brasil. A peça parte do vínculo entre mãe e filho para refletir sobre temas universais como o poder, o patriarcado, a desigualdade de gênero e as tensões familiares que atravessam séculos — do trono à vida cotidiana, da realeza à plebe.

Ao trazer à cena personagens tradicionalmente caricaturadas no imaginário popular — a rainha louca e o rei comilão —, o texto mergulha no lado humano e vulnerável dessas figuras, revelando suas fragilidades, conflitos internos e complexidades emocionais. A rainha, vista como insana por muitos, é resgatada como símbolo das dificuldades enfrentadas por mulheres que ousam ocupar espaços de decisão em sociedades dominadas por homens. A peça evoca a biografia de Maria I, e conta outras histórias de mulheres no poder, atualizando o debate sobre a forma como o comportamento feminino ainda é julgado com severidade.

A encenação valoriza o texto e as nuances da atuação. O diretor destaca o jogo entre o que é institucional e o que é íntimo, desafiando os atores a transitar entre a figura pública e a pessoa real. Essa dualidade é o motor da montagem. Para Luísa Ortigoso, que interpreta a rainha, a complexidade da personagem vai além da representação histórica: envolve a mulher, a mãe, a figura de autoridade em um universo masculino. A atriz portuguesa, que pisa pela segunda vez nos palcos brasileiros, se interessou especialmente pelas camadas simbólicas da personagem.

Beto Coville, que vive Dom João, constroi seu personagem a partir de dilemas psicológicos profundos: a comparação constante com o irmão mais velho, o casamento infeliz e o peso do trono. Sua abordagem busca sensibilizar o público, provocando identificação e empatia. Para o ator, a humanização dessas figuras gera um efeito de redenção e comoção que ultrapassa o contexto histórico.

A peça também convida à reflexão sobre o momento atual, ao lembrar a vinda da corte portuguesa ao Brasil em contraste com os fluxos migratórios contemporâneos, que seguem o caminho inverso. Scapin acredita que revisitar esse passado pode iluminar aspectos do presente. “É uma história que precisa ser compreendida por diversos ângulos, mas jamais esquecida”, afirma o diretor.

A montagem é resultado de uma colaboração entre Brasil e Portugal iniciada em 2020, quando Beto Coville, ator brasileiro radicado em Lisboa, convidou Cássio Scapin para dirigir o projeto. A partir de livros como Dona Maria I – A Rainha Louca, de Luísa Boléo, e As Lágrimas de Dom João, de Alice Lázaro, a companhia Teatro Livre estruturou um espetáculo que atravessa continentes, linguagens e tempos — resgatando figuras históricas para discutir temas que seguem atuais.

Com apoio do Ministério da Cultura de Portugal, o espetáculo estreou no Palácio da Ajuda em 2022 e foi apresentado no Teatro Meridional em 2023. Agora, em parceria com a MIACENA – Mostra Internacional de Artes Cênicas para Espaços Não Convencionais, os produtores Dani Angelotti e André Acioli, junto à Companhia Teatro Livre, trazem o espetáculo para o Rio de Janeiro.

Sinopse

Uma mãe e um filho. Ela rainha e Ele que, não sendo primogénito, não nasceu para ser rei. O primogénito amado morreu. Agora, com o tempo, a idade e a vida, a cabeça da mãe rainha lembra apenas o que a mantém viva. E esse filho rei desabrocha, cresce e corta aos poucos o cordão real que o mantinha em segundo plano, assumindo o seu posto e construindo um reinado que deixou marca nos dois continentes onde foi soberano.

 

Ficha Técnica:

Texto: Cássio Junqueira. Direção: Cássio Scapin. Elenco: Luísa Ortigoso e Beto Coville. Assistência de Direção: Inês Oneto. Cenografia: Eurico Lopes. Figurinos: Fábio Namatame. Música: Davide Zaccaria. Desenho de Luz: Pedro Santos. Fotos: Daniel Fernandes e Sandra Cepinha. Assessoria de Imprensa: Adriana Balsanelli. Designer Gráfico Portugal: André Vaz/ Innovdesigner. Produção Portugal: Helena Veloso e Nuno Pratas. Produção Brasil: André Acioli e Dani Angelotti. Realização: Teatro Livre e Cubo Produções – MIACENA Conexões.

Espetáculo apoiado pela República Portuguesa/DGArtes

Serviço:

O Filho da Rainha e A Mãe do Rei

Teatro Vannucci – Rua Marquês de São Vicente , 52 – 3º andar Loja 371, Rio de Janeiro Temporada: De26 a 29 de maio, segunda e terça, às 20h, quarta e quinta, às 17h.

Classificação: 10 anos.

Duração: 60 minutos.

Ingressos: R$100 (inteira) e R$50 (meia-entrada)

Vendas online: https://bileto.sympla.com.br/event/104967?share_id=1-copiarlink

Acessibilidade: O Teatro é acessível a cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida na plateia.

Você também pode gostar

Compartilhe
-
00:00
00:00
Update Required Flash plugin
-
00:00
00:00
Send this to a friend