Espetáculo “Prima Facie” é o grande vencedor da 19ª edição do Prêmio APTR, em cerimônia que homenageou os 60 anos de carreira de Tony Ramos

Foto: CRISTINA GRANATO

Não faltaram lágrimas e muitos aplausos na grande festa do teatro carioca, o 19º Prêmio APTR, que aconteceu na noite desta quarta-feira (9), no Teatro Carlos Gomes. O espetáculo “Prima Facie” levou 5 troféus para casa. Tony Ramos recebeu o Troféu Marília Pêra, pelo conjunto da obra, e foi surpreendido pelo ator Amaury Lorenzo, que declamou para ele o poema “Soneto da Felicidade”, de Vinicius de Moraes, antes de interpretar a clássica música “Eu Sei que Vou Te Amar”, ao lado de Kelzy Ecard.

“Obrigado. Eu sou surpreeendido dessa forma. Trabalhei o dia todo e passei em casa, para ficar limpinho, e vir para a casa de nós todos: o teatro. Estou em cartaz em São Paulo também. O que é essa vida?. Completei 61 anos de palco em junho. Passa um filme na minha cabeça. Com vários companheiros de cena. Sem ser blasé, fui sempre em busca de um bom texto, com respeito. Levei um susto com a homenagem, deve ser porque já estou velhinho nesse negócio (risos). Tem muita gente querida aqui. Estou muito feliz com a minha profissão. “Eu Sei Que Vou Te Amar”, por mais clichê que possa parecer, é a música minha e da minha companheira, Lidiane, estamos juntos há 56 anos”, disse Tony.

A atriz Valéria Barcellos ganhou o prêmio de Atriz em Papel Coadjuvante e foi às lágrimas. “Estou sem saber o que dizer. Não é comum ver uma pessoa como eu ganhando prêmios. Bom estar com omeu nome aqui e não numa lápide”, discursou Valéria, que é trans. Ela também foi homenageada por Tony Ramos em seu discurso. “Parabéns, querida, por sua luta e perseverança”, disse ele.

Outro grande momento da noite foi quando Othon Bastos recebeu o prêmio de Ator em Papel Principal pelo desempenho na peça “Não me Entrego, Não” . Ele foi ovacionado de pé por todos, por três minutos.

“Acho que cada colega meu merece esse prêmio. Quem ganhasse hoje estaria representando bem o nosso teatro. Chegar aos 92 anos fazendo esse monólogo é bom demais. Era para ficarmos dois meses em cartaz e já estamos aí a um ano”, disse Othon.

Eliana Pittman também emocionou o público ao reverenciar Irene Ravache, cantando “Maria, Maria”, de Milton Nascimento. Já Rosemary cantou para Renato Borghi “Bandeira Branca”, do repertório de Dalva de Oliveira. Irene e Borghi foram os grandes homenageados da festa e receberam, respectivamente, seus troféus, dos amigos de longa data, Marcos Caruso e Ítala Nandi.

“Fui ver ‘A Ratoeira’, com 16 anos, e quando terminou o espetáculo, quis saber: como faço pra fazer isso? Ali eu entendi que queria ser do teatro, encontrei minha turma, queria fazer qualquer coisa”, lembrou Irene, também muito aplaudida.

Ítala reverenciou Borghi e se ajoelhou para lhe entregar o troféu pela homenagem. Eles começaram a trabalhar juntos no Teatro Oficina nos anos 1960.

“Tudo que se faz no Rio de Janeiro está lançado para o mundo. Estou muito feliz de estar aqui recebendo esse prêmio. Quero dedicar essa homenagem a Zé Celso Martinez Correia e a meu companheiro que está há mais de 30 anos trabalhando comigo: Elcio Nogueira Seixas”, disse Renato, emocionado.

Pela primeira vez, a categoria Produção foi dividida em duas: teatro e teatro musical. Os vencedores foram os espetáculos “Não Me Entrego, Não”, que também rendeu a Flávio Marinho o troféu de dramaturgia, totalizando três prêmios. “Vital – O Musical dos Paralamas” foi escolhido como produção musical.

Para encerrar a noite, Fernanda Abreu e Sandra de Sá foram chamadas ao palco. Elas cantaram as músicas “Tudo Vale a Pena” e “Olhos Coloridos”, exaltando assim a diversidade das produções indicadas este ano em 17 categorias ao Prêmio APTR, numa noite para ficar guardada na memória.

Eysyadsi o presidente da APTR e diretor geral da cerimônia, Eduardo Barata

Veja a lista completa dos vencedores:

MÚSICA
Azullllllll – “Alaska” (Trilha Sonora ) / “Faminta” (Direção Musical e Trilha Sonora Original) / “Um Pássaro Não é Uma Pedra” (Direção Musical)

DRAMATURGIA

Flávio Marinho – “Não me Entrego, Não”

ATOR EM PAPEL COADJUVANTE

Thelmo Fernandes – “A Falecida”

ATRIZ EM PAPEL COADJUVANTE

Valéria Barcellos – “A Palavra Que Resta”

TROFÉU MARÍLIA PÊRA

Tony Ramos

CATEGORIA JOVEM TALENTO – TROFÉU MANOELA PINTO GUIMARÃES

vencedor

CENOGRAFIA (empate)

André Cortez – “Prima Facie”

Marieta Spada – “Um Filme Argentino”

ILUMINAÇÃO

Wagner Antônio – “Prima Facie” / “Alaska”

FIGURINOS

Fábio Namatame – “Prima Facie”/ “Alguma Coisa Podre”

DIREÇÃO DE MOVIMENTO

Édio Nunes e Milton Filho – “Professor Samba”

JOVEM TALENTO

Chico Beltrão – Pelas trilhas de “Lady Tempestade” e “Dois Contra o Mundo”

INFANTIL (empate)

“Quebra Cabeça: Em Busca Da Peça Que Falta”

“Voz De Vó”

DIREÇÃO

Yara de Novaes – “Prima Facie” / “Lady Tempestade”

ATOR EM PAPEL PROTAGONISTA

Othon Bastos – “Não me Entrego, Não”

ATRIZ EM PAPEL PROTAGONISTA

Débora Falabella – “Prima Facie”

ESPETÁCULO

“Ordinários”

PRODUÇÃO

Teatro

“Não me Entrego, Não”

Teatro Musical

“Vital – O Musical dos Paralamas”

Related posts

“Partiu 90!” estreia temporada na Barra com viagem nostálgica à infância analógica

Monólogo “Meu Remédio”, de Mouhamed Harfouch, realiza temporada popular no Teatro Nelson Rodrigues, da CAIXA Cultural Rio de Janeiro

Deborah Colker apresenta “Sagração” no Teatro João Caetano