Espetáculo ‘Re-Acordar’ revive o teatro universitário carioca

Com direção de Amir Haddad e músicas de Sérgio Ricardo, a peça fará temporada no Centro Cultural Justiça Federal, de 17 de janeiro a 7 de fevereiro

por Redação

Em 1967, um grupo de jovens desafiava o status quo dos anos de chumbo. O grupo era o Teatro Universitário Carioca. Mais de 50 anos depois, aqueles atores, que hoje têm idade em torno de 75 anos, voltam a desafiar. Desta vez, desafiando o preconceito contra os idosos. Com a empolgação e a motivação características da juventude, o grupo faz temporada com o espetáculo “Re-Acordar” no Centro Cultural Justiça Federal, de 17 de janeiro a 7 de fevereiro, sempre às quartas-feiras, às 18h30.

“Re-Acordar” conta a história de integrantes do Teatro Universitário Carioca desde quando o grupo se criou, em 1966, até o momento atual, numa travessia de mais de 50 anos que fala sobre os anos de ditadura, prisão, exílio, viver no Brasil. O musical é como um rio que atravessa essas vivências. O texto parte da obra teatral “O coronel de Macambira”, de Joaquim Cardozo, apresentada em 1967, com direção de Amir Haddad e música original de Sérgio Ricardo. Momentos dessa peça emprestam a “Re-Acordar” algumas de suas mais belas cenas, às quais se acrescentam e sucedem poemas de Marta Klagsbrunn e relatos e reflexões de participantes do TUCA. O espetáculo inclui fotos daqueles anos de resistência.

“O espetáculo Re-acordar representa mais de cinquenta anos da vida pública, cultural e política do Brasil. Manter vivas essas memórias, servirá para evitar que os piores momentos desse período (a ditadura militar) se repitam, e procurar multiplicar os melhores momentos vividos desse período. Isso nos dará forças para o desenvolvimento de políticas públicas e melhores condições de vida para as futuras gerações”, reflete Amir Haddad, que assina a dramaturgia e a direção, além de participar do elenco.

Assistir a “Re-Acordar” é uma ótima oportunidade para ouvir canções de Sérgio Ricardo que jamais foram gravadas. Merecidamente, ele será homenageado pelos filhos, os músicos Marina Lutfi e João Gurgel, que abrirão a cena com um tributo ao pai, nas sessões de estreia e de encerramento da temporada.

Os arranjos e a direção musical ficaram a cargo do maestro Luiz Cláudio Ramos, que também foi o responsável pelos arranjos na montagem de 1967. A trilha sonora é a original. E nem parece que é de quase 60 anos atrás, tais atualidade e potência!

Está tudo ali ainda: a arte, a coragem, o vigor, a memória, a alegria de estar no palco, de estar em cena. Aquela juventude que enfrentou a ditadura enfrenta, agora na terceira idade, o etarismo, essa palavrinha, que está na lista dos preconceitos inaceitáveis, ao lado de racismo, machismo, xenofobia e outros conceitos nada politicamente corretos. O bom é que a idade tornou bem mais leve o que, um dia, foi chumbo. Como se os atores tivessem reativado a alegria de viver. Até porque os sonhos não envelhecem.

Ficha técnica

  • Direção e dramaturgia: Amir Haddad
  • Assistência de direção, produção executiva, edição das músicas e relações com o público: Márcia Fiani
  • Direção musical e gravação das músicas do Macambira: Luiz Cláudio Ramos
  • Elenco: Amir Haddad, Alberto Strozenberg, Dora Zaverucha, Márcia Fiani, Marta Klabsbrunn (in memorian), Mônica Arruda, Regina Célia Dantas, Ricardo Valle, Sergio Alevato, Vitor Hugo Klabsbrunn
  • Direção de imagem: Máximo Cutrim
  • Sonoplastia: Evandro Castro
  • Revisão do texto: Regina Célia Dantas
  • Gravação e edição de vídeos: Evandro Castro e Máximo Cutrim (Criação Máxima)
  • Fotografias: Marcos Batista e Mariana Pêgas
  • Participam da trilha sonora: Jacqueline Dowek, Márcia Fiani, Maria Lúcia Porciúncula e Regina Célia Dantas
  • Administração: Sérgio Alevato
  • Arte visual e divulgação: Mônica Arruda
  • Assessoria de imprensa: Sheila Gomes
  • Produção: TUCAARTE – Associação TUCA de Arte e Cultura

Teatro Universitário Carioca – Tuca

O Teatro Universitário Carioca foi fundado por um grupo de estudantes universitários, inspirados nos êxitos do Teatro da Universidade Católica São Paulo.

O Tuca surgiu num contexto de muita criatividade envolvendo o movimento estudantil, apesar de o golpe de 1964 ter fechado a União Nacional dos Estudantes (Une), o que encerrou as atividades do Centro Popular de Cultura (CPC) e talvez tenha impedido a carreira de talentos promissores em vários campos das artes, como teatro, música, cinema e literatura.

Para além de um grupo teatral, o Tuca Rio atuava contra a ditadura militar destacando-se como um centro de política cultural que concentrava grupo de dramaturgia com apresentações de seus resultados, aulas de atuação teatral, curso de história do teatro, laboratórios e ensaios, jornal com análises críticas, produção e apresentações musicais em escolas públicas.

Desde o início o diretor de teatro Amir Haddad foi o orientador artístico do Tuca, participando ativamente de todas as etapas até a escolha do poema dramático “O coronel de Macambira”, do poeta e engenheiro Joaquim Cardoso, inspirado no auto dramático do Bumba Meu Boi, de Pernambuco e Maranhão.

Com a adesão de inúmeros estudantes, foram feitas várias seleções para formar o elenco. Muito trabalho, dedicação, comprometimento e entrega foi moldando a identidade dos participantes que, até os dias atuais, mantêm os vínculos de sociabilidade, afetividade, caráter e talento.

Após uma temporada de cerca de dois meses no teatro Ginástico no Rio de Janeiro, em 1967, o Tuca excursionou por Brasília e São Paulo, tendo ótima receptividade e sucesso.

Serviço

“Re-Acordar”

*EXTRA: Nos dias 17 de janeiro e 7 de fevereiro, o espetáculo receberá os músicos Marina Lutfi e João Gurgel, que abrirão a cena com um tributo ao pai Sérgio Ricardo.

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