Espetáculo sobre sexo casual estreia na Casa de Cultura Laura Alvim

O Fim da Esperança - Foto de Renato Mangolin

Conhecer alguém por meio de aplicativo de relacionamentos é algo que acontece na vida de 10 milhões de brasileiros, segundo uma pesquisa recente do site Business of Apps. Esse retrato da nossa contemporaneidade é esmiuçado no espetáculo inédito “O Fim da Esperança”, do festejado dramaturgo irlandês David Ireland — o mesmo do sucesso “Avenida Cyprus” –, que finalmente chega ao Brasil para uma curta temporada no Espaço Rogério Cardoso, na Casa de Cultura Laura Alvim, a partir de 5 de maio, no Rio.

Sob a direção de Wendell Bendelack, a peça que traz no elenco Rafa Baronesi e Thais Belchior joga uma lente de aumento sobre uma noite fullgás vivida por seus personagens, Dermot, um poeta egocêntrico, e Janet, uma funcionária de supermercado. Após uma transa casual, a dupla formada por um match de app começa a conversar e descobre muitas coisas, inclusive que não tem quase nada em comum. Quem nunca?

“Acontece com todo mundo, o tema é universal. Quando me deparei com esse texto, quis muito fazer porque queria encenar algo que divertisse as pessoas, mas também fizesse refletir. Ultimamente, cada vez mais vivemos dentro das nossas bolhas. Existe uma dificuldade muito grande em lidar com o outro, em aceitar a diferença do outro. A peça trata de duas pessoas bastante diferentes, que começam a se conhecer só depois do sexo. Ela é o avesso dele. E então começam a tratar de temas como sexualidade, política e religião, entre outros”, conta Rafa, que também assina a realização do espetáculo.

Embora deem vida a um casal heterossexual no palco, tanto o ator como Thais acreditam que se fosse uma formação LGBTQIAP+ a dinâmica não mudaria muito. “A peça fala muito sobre a importância do ‘ter’ à frente do ‘ser’. A gente mostra uma situação que é muito mais comum do que se pensa. Os relacionamentos estão cada vez mais líquidos, ninguém quer se apegar. Agora, acho que toda mulher cria uma casca para se proteger”, conta a atriz.

Coincidentemente, Thais e Rafa, assim como seus personagens, também não se conheciam antes dos ensaios da peça e foram unidos pelo diretor, Wendell Bendelack. “A gente nunca tinha se visto direito. Quando o Wendell falou, fui pesquisar quem era o Rafa no Instagram. É muito bom isso para o espetáculo, porque a nossa falta de intimidade também aparece na cena. Tudo é desconhecido e novo”, explica ela.

Para a encenação, que se passa integralmente durante uma única noite, Wendell criou com a cenógrafa Cris de Lamare um ambiente multifuncional para a dupla transar e ter uma grande DR — discussão de relação.

“Há muito tempo queria dirigir uma história sobre um casal. É uma situação agradável de se acompanhar, porque você fica curioso para saber onde isso tudo vai dar. O personagem do Rafa acorda na casa dela, logo depois do gozo, e a mulher está fantasiada de rato (risos). A partir daí, trabalhamos várias camadas, há absurdos, reflexões e a gente brinca com assuntos da atualidade. O público vai se identificar demais”, diz Wendell.

Com tradução e adaptação de Diego Teza, o espetáculo “O Fim da Esperança” traz ainda na ficha técnica Tiago Ribeiro (figurinos) e Paulo Roberto Moreira (iluminação). A direção de produção é assinada pela CultConsult (Elaine Moreira + Cris Rocha). A montagem tem o apoio institucional da FUNARJ, Secretaria de Cultura e Economia Criativa e Governo do Estado do Rio de Janeiro.

Ficha técnica

O Fim da Esperança

  • De: David Ireland
  • Tradução e adaptação: Diego Teza
  • Direção: Wendell Bendelack
  • Elenco: Rafa Baronesi e Thais Belchior
  • Cenógrafa: Cris de Lamare
  • Figurinista: Tiago Ribeiro
  • Iluminador: Paulo Roberto Moreira
  • Trilha sonora: Rafa Baronesi
  • Programação visual: Luciano Cian
  • Fotos: Renato Mangolin
  • Assessoria de imprensa / Mídias sociais: Dobbs Scarpa
  • Direção de produção: CultConsult / Elaine Moreira + Cris Rocha
  • Realização: Baronesi Produções Artísticas

Serviço

  • Casa de Cultura Laura Alvim — Espaço Rogério Cardoso
  • De 05 a 28 de maio
  • Sextas e sábados — 19h / Domingos — 18h
  • Ingressos: R 50 (inteira) / R 25 (meia)
  • Lotação: 53 lugares
  • Gênero: comédia
  • Classificação indicativa: 16 anos
  • Duração: 60 minutos
  • Vendas: Funarj

Uma forma de reaprender a compartilhar equilíbrios

EYJA: primeira parte, a ilha – Foto Código Art – (Daniel Debortoli e Viviane Dias

Em 2010, a Multifoco Cia de Teatro dava seus primeiros passos. No mesmo ano, o vulcão da geleira Eyjafjallajökull, no sul da Islândia, entrava em ebulição, paralisando o tráfego aéreo e cancelando diversos voos pelo mundo. Inspirado pelo famoso caso de impacto mundial, a Multifoco estreia “EYJA: primeira parte, a ilha” dia 04 de maio de 2023, às 19h, no Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro, o primeiro espetáculo de uma trilogia desenvolvida pela companhia. Contemplada pelo edital de Fomento Carioca (FOCA) em 2022, a montagem, a primeira inteiramente circense da Companhia e com protagonismo de Ana Luiza Faria, uma artista deficiente visual, aborda a relação dos sujeitos como ilhas à deriva. As personagens estão numa grande jangada, um território instável, reaprendendo a compartilhar equilíbrios e coletividades.

“Em 2020, com a pandemia, cada pessoa se tornou uma ilha isolada em seus lares. As cidades se tornaram arquipélagos de pessoas em solidão, isoladas umas das outras, e foi subtraído aquilo que nos identifica como animais sociais. Dez anos separam esses dois eventos da natureza e nesse tempo surge a companhia. De alguma forma nos parece fazer sentido falar dessas solidões, dessa dificuldade de viver em coletividade, de (con)viver, de pensar como produzir acordos a partir dos encontros. Pensar, sobretudo, esse território instável da nossa sociedade – de acordos nem sempre tão explícitos, frequentemente tácitos”, sintetiza Ricardo Rocha, diretor do projeto, que prevê também duas oficinas na linguagem investigativa do espetáculo.

Formado por um coletivo de artistas com origem majoritariamente do teatro, mas com a formação em circo também atravessando a trajetória de boa parte do elenco, o espetáculo nasce da linguagem híbrida entre circo e teatro. No atual projeto, a pesquisa do coletivo se volta para um mergulho na criação de seu primeiro espetáculo inteiramente circense, com a participação de todas e todos os acrobatas da companhia. Investigando a criação autoral, por meio de números de portagens e acrobacias de solo, a montagem toma por referência o circo contemporâneo numa pesquisa de linguagem entre circo-teatro-dança.

“Há no circo um encantamento e um risco que trazem outros estímulos para a formação da atriz e do ator de teatro e é isso que buscamos: revelar a potência de cada integrante da companhia e compartilhar esses caminhos de aprendizado e formação. Por isso, EYJA é uma espécie de circo-teatro, uma linguagem que se fortalece da potência dessas duas artes”, sinaliza Ricardo.

Nesta primeira parte do projeto, a companhia apresenta um jogo de acrobacias e portagens, pulsões e vazios, explosões e repousos, suspensões e desmoronamento, intencionando traduzir simbolicamente a relação do ser humano com a solidão e o desconhecido. “Nosso desejo em montar este espetáculo nasce da vontade de experimentar, por meio das acrobacias e coreografias acrobáticas, uma verticalização na cena circense. Pensar por outros caminhos e maneiras de encontrar o público e também aprender a partir do intercâmbio com artistas que convidamos para o processo criativo. Ampliar horizontes. É uma trajetória desafiadora que, sem dúvida, deixará um legado importante para o nosso repertório”, pondera Rocha.

A presença de Ana Luiza Faria, artista circense e atriz com deficiência visual convidada do espetáculo, é um marco no pensamento ético / estético da Multifoco. A ideia surgiu das trocas acerca de “Sobre Trabalho ou Sobre Viver”, experiência de espetáculo digital da companhia de onde surgiram várias reflexões com Tatiana Henrique, uma das diretoras convidadas daquele projeto.

“Surgiu, então, a parceria com a Analu por meio de um depoimento dela sobre seu trabalho como artista circense cega. E ficou latente a necessidade do grupo de se posicionar, como parte ética da construção de seus trabalhos, exercitando a acessibilidade dentro e fora da cena. Por isso nos debruçamos para que toda a linguagem de audiodescrição neste projeto fosse parte das escolhas estéticas do espetáculo e compusesse a sua linha dramatúrgica. Trabalhar com uma intérprete cega é considerar outras formas de promover acessibilidade”, acredita o diretor da montagem.

O espetáculo é a primeira parte de um projeto que toma por referência o vulcão Eyjafjallajökull, ainda em atividade, mas adormecido sob um manto de neve e gelo. De nome islandês, significa EYJA (ilha); FJALLA (vulcão); JÖKULL (geleira). Para a Multifoco, pensar uma trilogia é pensar um projeto único que se desdobra ao longo do tempo. Após “EYJA, a companhia estreia “FJALLA ainda em julho deste ano e tem expectativa de desenvolver “JÖKULL em 2024. Os três são pensados como espetáculos separados, mas são continuidades.

“‘EYJA’ é um deslocamento para pensar indivíduo e coletividade, pensar o sujeito das cidades e pensar o naufrágio desse modelo urbano de organização social. Sobretudo, é um espetáculo cheio de poesia, musicalidade e de movimentos acrobáticos que, juntos, procuram navegar sobre esses mares do pensamento. O público vai encontrar isso tudo misturado para provocar pontos de reflexão e deslocamentos de perspectivas. O protagonismo de uma intérprete cega faz o espetáculo navegar, é o que nos move em construir uma cena desafiadora para nós e para o público. Levar as pessoas com deficiência para o centro do trabalho é nosso maior desafio e para o público será uma experiência nova no campo do circo-teatro. A gente toma um susto, mas cresce e aprende”, encerra Ricardo Rocha.

SERVIÇO:

Teatro I

  • Temporada: 04 a 28 de maio de 2023
  • Quinta a sábado às 19h | Domingo às 18h
  • Inteira: R$ 30 | Meia: R$ 15, disponíveis na bilheteria física ou no site do CCBB (bb.com.br/cultura)
  • Estudantes, maiores de 65 anos e Clientes Ourocard pagam meia entrada
  • Classificação indicativa | 12 Anos
  • Duração | 60 min

Centro Cultural Banco do Brasil

  • Rua Primeiro de Março, 66 – Centro – RJ
  • Tel. (21) 3808-2020 | ccbbrio@bb.com.br
  • Informações sobre programação, acessibilidade, estacionamento e outros serviços:
  • bb.com.br/cultura

Tom na Fazenda de volta aos palcos

Tom na Fazenda – Foto de Victor Pollak

Tom na Fazenda é um caso raro nas artes cênicas brasileiras. Espetáculo vencedor dos prêmios da APCA, Associação de Críticos de Teatro de Quebec, Shell, Cesgranrio, APTR e Questão de Crítica, ele retoma para uma temporada em São Paulo, de 05 maio até 25 de junho, no Teatro Vivo, de sexta a domingo, depois de 24 apresentações em Paris, no Théâtre Paris-Villette, com grande repercussão entre a imprensa da cidade e o público – foi o melhor público da casa dos últimos 20 anos.

“É raro ver uma encenação ser ovacionada de pé todas as noites e uma atuação alucinante de seus atores que fazem um trabalho incrível de interpretação.” (Libération, Laurent Goumarre)

Foi mais um passo na trajetória da produção brasileira. Essa projeção internacional começou no verão de 2022, quando Tom na Fazenda participou do Festival d´Avignon, também na França, para o público e programadores de teatros. Ao lado de cerca de 1700 espetáculos de diversos lugares do mundo, foi um dos destaques do evento. Além de Paris, estão programadas para a temporada 2023/2024 mais de 45 apresentações em 27 cidades, da França, Bélgica, Suíça, Marrocos e Portugal. Até 2026, há uma agenda de apresentações internacionais.

“Depois da pandemia, diante das inúmeras incertezas no cenário cultural brasileiro, num primeiro movimento de uma retomada das atividades, resolvi apostar mais uma vez na peça. Arquei com os custos para levar o trabalho para o Festival d´Avignon, acreditando na internacionalização do projeto. A ideia era ter dois ou três contratos com produtores internacionais para cobrir os gastos. Mais uma surpresa: as 21 apresentações da peça na cidade francesa tiveram ingressos esgotados. E a peça independente tem agora, pela primeira vez, uma vida internacional”, conta Babaioff.

A peça, baseada na obra Tom à la Ferme, do autor canadense Michel Marc Bouchard, aborda a inabilidade do indivíduo para lidar com o preconceito, a impotência, a violência e o fracasso. Trata de assuntos caros ao Brasil: apesar da homofobia não ser o tema principal, é por causa dela que o destino dos personagens se dá, é uma peça sobre mentiras e relações de dominação. A produção brasileira, considerada pelo autor canadense a versão definitiva de seu texto, atravessou, bravamente resistindo, os piores anos da história do Brasil: sofreu censura, pois teve uma temporada cancelada – sem muitas explicações.

Na trama, o publicitário Tom (Armando Babaioff) vai à fazenda da família para o funeral de seu companheiro. Ao chegar, descobre que a sogra (Soraya Ravenle) nunca tinha ouvido falar dele e tampouco sabia que o filho era gay. Nesse ambiente rural e austero, Tom é envolvido numa trama de mentiras criada pelo truculento irmão (Gustavo Rodrigues) do falecido, estabelecendo com aquela família relações de complicada dependência. A fazenda, aos poucos, vira cenário de um jogo perigoso, em que quanto mais os personagens se aproximam, maior a sombra de suas contradições.

“Em ‘Tom à la Ferme’, a tessitura das palavras é feita sob medida para a encarnação dos atores.” (Le Monde, Joelle Gayott)

Idealizada pelo ator e produtor Armando Babaioff, que também assina a tradução, a encenação é dirigida por Rodrigo Portella. Tom na Fazenda traz no elenco Soraya Ravenle, Gustavo Rodrigues e Camila Nhary, além do próprio Babaioff.

A montagem de Tom na Fazenda no Brasil, transformou a carreira do ator Babaioff. Além de a peça conquistar inúmeros prêmios em diversas categorias, incluindo melhor espetáculo, para o ator também tem sido uma grande surpresa: ele ganhou, além da amizade com o autor canadense, o direito de montar qualquer peça de Bouchard e, depois do sucesso no Festival d´Avignon, foi convidado para criar junto do parceiro Rodrigo Portella, um novo trabalho em coprodução com teatros internacionais para 2025.

FICHA TÉCNICA

  • Texto: Michel Marc Bouchard
  • Tradução: Armando Babaioff
  • Direção: Rodrigo Portella
  • Elenco: Armando Babaioff, Soraya Ravenle, Gustavo Rodrigues e Camila Nhary
  • Cenografia: Aurora dos Campos
  • Iluminação: Tomás Ribas
  • Figurino: Bruno Perlatto
  • Direção Musical: Marcello H.
  • Coreografia: Toni Rodrigues
  • Design Gráfico + Mídias Sociais: Victor Novaes
  • Direção de Produção: Sérgio Saboya e Silvio Batistela
  • Assessoria de Imprensa SP: Canal Aberto
  • Produção Executiva SP: Cláudia Barbot e Júlia Tavares
  • Idealização: Armando Babaioff (quadrovivo)

Serviço

TOM NA FAZENDA

  • Estreia: 05 de maio de 2023
  • Temporada de 5/5 a 25/6
  • Local: Teatro VIVO – Av. Chucri Zaidan, 2460 – Morumbi, São Paulo-SP
  • Horários: Sexta e Sábado, 20h | Domingo, 18h
  • Sistema de vendas: Sympla
  • Duração: 120 min

Agropeça comemora 30 anos do Teatro Vertigem

Agropeça – Foto de Ligia Jardim

A influência do agronegócio na sociedade brasileira atual e o aumento acelerado do conservadorismo que cerca este posicionamento político são alguns dos temas de Agropeça, nova montagem do Teatro da Vertigem. A temporada acontece no Galpão do Sesc Pompeia, de 04 de maio a 11 de junho de 2023, de quarta a sábado às 20h, e domingo às 17h – os ingressos ficam disponíveis para venda em www.sescsp.org.br a partir de 25 de abril, e às 12h nas bilheterias das unidades do Sesc SP em 26 de abril, a partir das 17h.

Dirigida e concebida por Antonio Araújo, com texto final de Marcelino Freire, co-direção de Eliana Monteiro e luz de Guilherme Bonfanti, o novo trabalho do Teatro da Vertigem investiga a tendência conservadora e reacionária atual e a relação do agro como forma de linguagem.

Para abordar esse tema, o grupo se faz valer de personagens bem conhecidos da literatura brasileira: Emília, Narizinho, Pedrinho, Tia Nastácia, Dona Benta, Visconde de Sabugosa, Marquês de Rabicó. Criação de Monteiro Lobato, o Sítio do Picapau Amarelo torna-se cenário (e personagem) do novo espetáculo do Vertigem, em uma versão bastante livre.

No elenco estão André D’ Lucca (Saco e Rainha de Sinop), Andreas Mendes (Dona Benta, Marquês de Rabicó e palhaço de rodeio), Lucienne Guedes (Narizinho e Santa | cantora gospel), Mawusi Tulan (tia Nastácia), James Turpin (Visconde de Sabugosa, Boi), Paulo Arcuri (Coronel Teodorico), Tenca Silva (Emília), e Vinicius Meloni (Pedrinho).

Agropeça comemora os 30 anos de existência do Teatro da Vertigem, grupo conhecido e premiado por montagens que investigam São Paulo, utilizando espaços importantes da cidade para compor suas produções, criando novas formas de se relacionar com a arquitetura dos ambientes e provocando o movimento pelo espaço. Exemplos não faltam. O Paraíso Perdido, de 1992, que trata de questões metafísicas vividas pelo homem contemporâneo, foi encenado na Igreja Santa Ifigênia; O Livro de Jó, cujo personagem título foi vivido por Matheus Nachtergaele, teve como espaço o Hospital Humberto Primo, de 1995; Apocalipse 1,11 (2000) usou o antigo Presídio do Hipódromo e BR3 (2006) fez o público navegar pelo Rio Tietê.

A peça faz o cruzamento desse mundo com o Sítio do Picapau Amarelo. Os personagens ganham novos contornos e novas funções sociais e o próprio Sítio se torna um elemento.

Dividido em três blocos, cada uma das partes será narrada por um personagem do universo do Sítio – Pedrinho, Tia Nastácia e Emília. A partir disso, são criadas cenas que envolvem esses personagens (e os demais personagens do Sítio) o que de certa forma relé a série de literatura criada por Monteiro Lobato, entre 1920 e 1947.

A dramaturgia foi escrita depois de um longo período de pesquisas e oficinas, e em processo colaborativo entre direção, elenco e o escritor.

À procura do interior

O novo trabalho do Teatro da Vertigem busca investigar a tendência conservadora e reacionária que está cada vez mais se ampliando pelo Brasil. Para compor este imaginário rural brasileiro, a estrutura cênica escolhida para a realização da peça consiste em uma arena de rodeio, uma competição esportiva de montaria em touros.

 O evento foi objeto de pesquisa durante o processo criativo, tanto para a realização do roteiro quanto para as referências de modalidade de montaria. Em 2022, o início desse estudo que se transformaria na Agropeça foi aberto ao público durante a 6ª edição do Mirada – Festival Ibero-Americano de Artes Cênicas, do Sesc São Paulo. Os estudos do universo rural perpassou também pela clássica personagem da cultura brasileira, Jeca Tatu, entrevistas com profissionais do rodeio – como o peão Cleber Henrique, um dos ganhadores da última edição de Barretos, e a primeira locutora mulher de rodeios do Brasil, Mara Magalhães. O espetáculo propõe a pensar um Brasil contemporâneo que se vê como manutenção da exploração histórica, construindo um país atualizado de passado.

 Na peça, as personagens espelham a complexidade da estrutura social brasileira que ainda necessita revisitar sua memória. Elas expressam discursos distintos, que se colocam em disputa, construindo e desconstruindo um projeto político reacionário. O embate que se apresenta na arena é atravessado por narrativas que friccionam o pensamento retrógrado presente em parte da sociedade brasileira diante da diversidade de gênero, raça e discursos políticos.

Serviço

Agropeça

Teatro da Vertigem

  • Data: 04/05/2023 a 11/06/2023
  • de quarta-feira a sábado às 20h, domingo e feriado, às 17h
  • Local: Sesc Pompéia – Rua Clélia, 93 – Lapa – São Paulo – SP | Galpão
  • Ingressos: R$ 50 (inteira), R$ 25 (pessoas com +60 anos, estudantes e professores da rede pública de ensino); e R$ 15 (Credencial Plena).
  • Classificação indicativa: 14 anos | Duração: 120 minutos

FICHA TÉCNICA

AGROPEÇA
Uma criação do TEATRO DA VERTIGEM
Texto: Marcelino Freire
Concepção e Direção Geral: Antonio Araújo
Co-direção: Eliana Monteiro
Desenho de luz: Guilherme Bonfanti
Performers:
André D’ Lucca, Andreas Mendes, James Turpin, Lucienne Guedes, Mawusi Tulani, Paulo Arcuri, Tenca Silva e Vinicius Meloni
Artistas Colaboradores:
Nicolas Gonzalez (1ª e 2ª Fase)
Lee Taylor (1ª Fase)
Dramaturgismo: Bruna Menezes
Assistente de Dramaturgismo: João Crepschi
Conceito do Espaço: Antonio Araújo
Cenografia: Eliana Monteiro e William Zarella Junior
Sound Designer Associados: Randal Juliano, Guilherme Ramos e Kleber Marques
Figurino: Awa Guimarães
Visagismo: Tiça Camargo
Direção Musical e Trilha Original: Dan Maia
Direção vocal: Lucia Gayotto
Videografismo: Vic von Poser
Preparação Corporal: Castilho, Ricardo Januário
Preparação Corporal (1ª Fase): Fabrício Licursi
Direção de movimento: Castilho
Assistente de Direção: Gabriel Jenó
Assistentes de Iluminação: Giorgia Tolaini
Músicos: Lisi Andrade e Ricardo Saldaña
Operação de luz: Giorgia Tolaini
Operador de Áudio: Fernando Sampaio
Operadoras de Projeção: Júlia Ro e Vic von Poser
Operadores de Câmera: André Voulgaris e Matheus Brant
Operadores de seguidor: Igor Beltrão e Lays Ventura
Contrarregras: Clay Dalim, Flores Ayra, Gabriel Jenó e Jacob Alves
Cenotécnico: Zé Valdir Albuquerque
Montagem, Pintura e Tratamento de Cenografia: Elástica SP Cenografia
Costureiras: Francisca Rodrigues e Cleonice Barros Correa
Sonoplastia dos Ensaios: Dener Moreira
Aulas de Laço: Gui Sampaio
Crânios de Boi: Vinicius Fragata
Máscara Rabicó: Pietro Schlager
Tradutor Yorubá: Mariana de Òsùmàrè
Assistente de arquitetura: Maria Piedade
Acompanhamento no projeto de luz: Chico Turbiani
Estagiária de Direção: Julie Douet Zingano
Estagiário de Iluminação: Felipe Mendes e Caio Maciel
Fotos: Lígia Jardim
Documentarista: Padu Palmerio
Designer: Guilherme Luigi
Assessoria de Imprensa: Canal Aberto
Produção: Corpo Rastreado – Leo Devitto e Gabi Gonçalves

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