Entre os dias 20 e 29 de novembro, o Teatro Municipal Gonzaguinha será palco de “VALE QUANTO CUSTA?”, peça que marca a estreia do coletivo artístico “Quase 9” na cena teatral carioca. Com direção de Thaís Nascimento e Ana Paula Rolón, integrantes do grupo, o espetáculo aborda a exploração do trabalho dentro de um restaurante da Zona Sul, em que quatro garçons têm que lidar com a morte de um dos colegas enquanto enfrentam dilemas éticos e uma carga horária abusiva.
Formado por atores, fotógrafos, artistas plásticos e pesquisadores acadêmicos, o coletivo “Quase 9” surgiu em 2023. A peça “VALE QUANTO CUSTA?” é a 1ª do grupo e vem sendo criada há dois anos, influenciada por questões reais já enfrentadas pelos membros: “São artistas que precisaram trabalhar como garçons, em determinados momentos da vida, para pagar as suas contas. E, dentro daquele ambiente de trabalho, presenciaram situações de desrespeito nas relações trabalhador-chefe e trabalhador-cliente, assim como desigualdades de gênero, raça e classe”, ressalta Thaís.
Com uma mistura entre o drama e humor, a montagem levanta reflexões atuais sobre a relação humana com o tempo, o trabalho e a arte. Para Ana Paula, “é um desabafo tragicômico sobre a invisibilidade do trabalhador brasileiro e como o capitalismo pode atropelar a existência das pessoas”. Numa criação autoral e coletiva, as cenas foram pensadas a partir de improvisos e com a intenção de retratar a precariedade em que os personagens estão envolvidos.
Trazendo a sensação de enclausuramento, os atores ficam na área de fumantes do restaurante, um espaço restrito do palco. As roupas, o cenário e objetos utilizados também trazem o sentimento precário enfrentado pelos garçons: “O figurino mostra a dualidade de como nos apresentamos para o mundo e como somos tratados: na frente, tudo impecável. Atrás, a sujeira, as amarras, o que nos aflige e segura”, revela Ana.
Apesar dos momentos marcados pela comédia, em “VALE QUANTO CUSTA?” os temas abordados são tratados com delicadeza. Para falar sobre a escala 6×1, o descaso com prestadores de serviço e as desigualdades, “os atores, personagens e cenas não são estimulados para serem intencionalmente engraçados. O humor se dá pelas situações que se instauram na narrativa”, garante Thaís. Inspirados por diversas linguagens artísticas como as metáforas de Grace Passô, os jogos de grupo de improviso, textos clássicos do teatro brasileiro e na série audiovisual “The Bear” (2022), a peça extrapola o palco e envolve o público, que também é levado a pensar se a experiência de vida vale o quanto custa.
“Sinto que esse trabalho não é só uma peça nascendo, mas um grupo afirmando sua existência”, defende Ana. O espetáculo marca a chegada da “Quase 9” nos palcos após dois anos de preparo. Como afirma Thaís, “existe uma vivência real que toca esses artistas no momento em que elaboramos todo o ambiente da peça”, o que torna a narrativa ainda mais real. O grupo, composto por sete jovens que uniram suas habilidades profissionais em prol de uma criação conjunta, é formado a partir do encontro no curso de artes cênicas da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio).
“VALE QUANTO CUSTA?” fica em cartaz no Teatro Municipal Gonzaguinha, no Centro de Artes Calouste Gulbenkian, entre os dias 20 e 29 de novembro, com apresentações às quintas, sextas e sábados – sempre às 19h. A classificação indicativa do espetáculo da Quase9 é de 16 anos e os ingressos já podem ser adquiridos em https://ingressosriocultura.com.br/riocultura/events/49337.
Sinopse: Durante um turno de trabalho em um restaurante na Zona Sul carioca, dentro da área de fumante, quatro garçons têm que lidar com dilemas pessoais que envolvem “vida” e “trabalho”, além de questões que desafiam suas concepções de ética e justiça após a perda de um colega de trabalho.
Serviço:
“VALE QUANTO CUSTA?”, de 20 a 29 de novembro
- Sessões às quintas, sextas e sábados às 19h
- Teatro Municipal Gonzaguinha, no Centro de Artes Calouste Gulbenkian
- Rua Benedito Hipólito, 125 – Centro, Rio de Janeiro – RJ
- Classificação indicativa para maiores de 16 anos
Ingressos disponíveis em https://ingressosriocultura.com.br/riocultura/events/49337
Ficha Técnica:
- Uma produção do Coletivo Artístico Quase 9
- Direção: Thaís Nascimento e Ana Paula Rolón
- Dramaturgia: Anna Pimenta, Guilhermina Libanio, Lucas Cézar e Thaís Nascimento
- Atuação: Anna Pimenta, Andrew Pessoa, Guilhermina Libanio e Lucas Cézar
- Cenário: Lívia Vreuls
- Contribuição Artístico-Corporal: Marina Nogueira
- Figurino: Joyce Olipo e Anna Pimenta
- Iluminação: Vanessa Miranda
- Assistente de Iluminação: Robson Lima
- Pintura de divulgação: Lívia Vreuls
- Assessoria de Imprensa: Luís Gustavo Carmo
- Apoio: Secretaria Municipal de Cultura, Teatro Gonzaguinha, Centro de Artes
- Calouste Gulbenkian e Sala Baden Powell
A Quase 9: Quase 9 é um coletivo artístico transdisciplinar, nascido do encontro de artistas graduados no curso de Artes Cênicas da PUC-Rio. Sete artistas compõem o coletivo, entre eles atores e atrizes, artistas visuais, dramaturgos e pesquisadores acadêmicos da cena. Um grupo de interesses artísticos plurais que encontra, na cena, um ambiente de confluência. Em 2024, comemorando o primeiro ano de trajetória, a Quase 9 produziu o evento “Passadão” no espaço carioca Vizinha 123. Lá, reuniram artistas e atrações de importância na cena teatral carioca. Em 2025, para comemorar o segundo ano de vida, o coletivo estreia o espetáculo autoral “VALE QUANTO CUSTA?”, dando voz aos anseios que também uniram o coletivo – como o processo de amadurecimento e a dificuldade de viver do trabalho artístico.
As diretoras:
Ana Paula Rolón é formada em Artes Cênicas pela PUC-Rio. Natural de Brasília, no Distrito Federal, mudou para o Rio de Janeiro aos 17 anos, onde fez cursos como “O Tablado” (2017), “Focos Móveis” (2018) de Ana Kfouri, “Dramaturgia Latinoamericana” (2018) com Carolina Virgüez e Cecília Boal, e Workshop com Grupo Galpão (2016). Atualmente, trabalha como fotógrafa e videomaker em sua empresa “Foto Olhar”. Entre seus últimos trabalhos no teatro estão o de instalação em “Estratégias Para Amortecer a Queda” (2023) junto a Lúcio Martinez, assistência de produção em “Corpos Opacos” (2018), de Yara Novas, e assistência de direção em “Restos na Escuridão – uma engenharia reversa” (2023), de Fábio Ferreira – peça que venceu o prêmio de figurino no 34º Prêmio Shell de Teatro e também foi indicado pela Direção de Movimento e Iluminação.
Thaís Nascimento é atriz, professora e contadora de histórias, pesquisadora acadêmica e assistente de produção. Graduou-se, em 2019, como Bacharela em Artes Cênicas, pela PUC-Rio, e é também Mestra em Artes da Cena, pela UFRJ, desde 2023. Trabalha como atriz há dez anos e tem colecionado grandes experiências nos palcos ao lado de profissionais de destaque. Atualmente, é Professora de Contação de Histórias, na Educação Infantil, na ONG Rede Cruzada, na unidade de Del Castilho. Entre seus principais trabalhos como atriz no teatro, destacam-se: “Obsessões” (2017), “Anánkê” (2017) e “Roda de Fogo: Vozes da Rua” (2019), todos com direção de Ana Kfouri; “Hecatombe-Bumbá” (2018), direção de Miwa Yanagizawa; “As Mulheres Perderam a Guerra” (2018), direção de Vinicius Arneiro; entre outros. Desde 2023, é integrante da companhia teatral Trestada, e tem atuado em espetáculos infanto-juvenis, no Rio de Janeiro e em São Paulo, que unem Divulgação Científica, Arte e Educação para crianças e adolescentes, são estes: “Piracema”, “A Intrépida Revoada de Maçarica e Batuíra” e “Céu de Pindorama”, ambos com direção de Fernanda Avellar. Neste ano, 2025, foi indicada como atriz ao 9º Prêmio CBTIJ1 de Teatro para Crianças na categoria “Atuação Cênica” pelo seu trabalho em “Piracema”. Na área da Produção em Teatro, tem trabalhado com a Cia dos Comuns, desde 2018, com o espetáculo “Traga-me a Cabeça de Lima Barreto”, monólogo do ator Hilton Cobra e direção de Onisajé.
