A peça, que rendeu a Ester indicação ao Prêmio APCA de Melhor Atriz, reúne cinco cenas independentes que trazem situações aparentemente cotidianas de cinco mulheres: uma filha ressentida diante do pai em coma; uma mãe às voltas com os festejos de casamento do filho; uma escritora dando uma entrevista para a TV; uma jovem do século 19 que lida com o patriarca abusivo; uma mulher que tenta em vão acender um cigarro.
Os textos têm em comum a figura da mulher “esgarçada” em sua existência. Personagens que, oprimidas pelas regras sociais, acabam deixando emergir o animal indomesticável que nelas habita.
Como diz o jornalista e crítico Valmir Santos, “Ester Laccava conhece bem a distância entre nascer e tornar-se mulher, uma construção sociocultural examinada por Simone de Beauvoir há 90 anos. Embora os espetáculos solos da atriz e diretora não citem diretamente ‘O Segundo Sexo’, livro central na obra da filósofa francesa, eles fomentam o pensamento feminista, buscando novos modos de enunciar a violência causada pela desigualdade de gênero, tão premente ontem como hoje.”
Com mais de 40 anos de carreira, a atriz, performer, diretora e roteirista paulistana Ester Laccava apresenta pela primeira vez seu trabalho ao público carioca, trazendo ao Teatro Poeira o espetáculo OSSADA, parte da trilogia feminista formada ainda pelas peças “Curtume” e “Árvore Seca”.
OSSADA reúne cinco textos do livro “I Must Collect Myself”, da dramaturga, cineasta e roteirista inglesa Maureen Lipman (1946), todos adaptados por Ester Laccava, Elzemann Neves e João Wady Cury, além de dois poemas da polonesa Wislawa Szymborska (1923-2012) e um da musicista e compositora norte-americana Laurie Anderson (1947).
“Os textos colocam em questão a nossa capacidade de (con)viver em sociedade, na medida em que os tempos atuais fizeram cair as máscaras e criaram novas matizes para o ainda primitivo senso de sobrevivência. A missão é provocar o público, revelando que ainda é possível fazer as pontes emocionais e afetivas no mundo globalizado.”, conta Ester Laccava.
SINOPSE
Cinco cenas independentes apresentam situações cotidianas de cinco mulheres: uma filha ressentida diante do pai em coma; uma mãe às voltas com os festejos de casamento do filho; uma escritora dando uma entrevista para a TV; uma jovem do século 19 que lida com o patriarca abusivo; uma mulher que tenta em vão acender um cigarro.
A MONTAGEM
As cinco histórias se passam num cenário minimalista – uma instalação com ossos sobre três totens de ferro que remetem a uma sala de museu de história natural.
Serviço
LOCAL: Teatro Poeira
Rua São João Batista, 104 – Botafogo, RJ
HORÁRIOS: terças e quartas, às 20h / INGRESSOS: R$80 e R$40 (meia) em www.sympla.com.br e na bilheteria de 3ª a sab, das 15h às 20h e dom das 15h às 19h / CAPACIDADE: 150 lugares / DURAÇÃO: 60 min / GÊNERO: drama / CLASSIFICAÇÃO: 14 anos / ACESSIBILIDADE: banheiros e locais para PNE /TEMPORADA: até 27 de agosto
FICHA TÉCNICA
- Criação, Direção: Ester Laccava
- Dramaturgia: Ester Laccava, Elzemann Neves e João Wady Cury, a partir dos textos de Maureen Lipman
- Poemas: Wislawa Szymborska e Laurie Anderson
- Atuação: Ester Laccava
- Assistência de Direção: Elzemann Neves e João Wady Cury
- Desenho de Luz: Mirella Brandi
- Trilha Sonora: Muepetmo
- Fotos: João Caldas
- Identidade Visual: Giulia Lacava e Pedro Lacava
- Assistente Geral: Giulia Lacava
- Direção de Produção: Emerson Mostacco
- Realização: Laccava Produções Artísticas e Mostacco Produções
- Assessoria de Imprensa: JSPontes Comunicação – João Pontes e Stella Stephany
ESTER LACCAVA – idealizadora, diretora e atriz
Com 43 anos de carreira, Ester Laccava é atriz, performer, diretora e adaptadora. Formada na Escola de Artes Dramáticas EAD (1989) e Escola Macunaíma (1983). Formada em dança clássica e contemporânea (1981). Estudou teatro em Chicago e Paris. Deu aula de dança em Washington (USA) durante um semestre em 1982 na cidade de Yelm. De 1987 a 1988 enriqueceu seu currículo com duas temporadas fora do Brasil – em Chicago como atriz em No Exit, de Jean Paul Sartre, direção de Katerine Anstiti, e em Paris como assistente de direção na Lactorat du Cinema Jean Paul Violin. Indicada 4 vezes ao Prêmio Shell de Melhor Atriz, indicada 3 vezes ao APCA, Melhor Atriz e Melhor Espetáculo, indicada ao Prêmio Bibi Ferreira de Melhor Atriz.
No VIII Cultura Inglesa Festival, “Garotas da Quadra”, texto de Rebeca Prichard, com adaptação e direção de Mário Bortolotto, recebeu duas indicações ao Prêmio Shell 2004 de Melhor Atriz e Melhor Tradução. Como produtora e atriz em “A festa de Abigaiu” foi vencedora do 11° Cultura Inglesa Festival, ganhando também o prêmio de Melhor Produção. Também foi indicada pela Revista VEJA SP como melhor peça de teatro em 2007. Como protagonista do espetáculo recebeu indicação ao Prêmio Shell 2008 na categoria de Melhor Atriz.
Em 2010, produziu “Piscina sem Água” de Mark Ravenhill, e atuou como atriz, ganhando o prêmio de melhor espetáculo do 11º Cultura Inglesa Festival. Concebeu “A Árvore Seca”, de Alexandre Sansão, assinando também a trilha sonora do espetáculo. Monólogo baseado na Literatura de Cordel, rendeu-lhe a 4ª indicação ao Prêmio Shell de Melhor Atriz de 2011. Em 2014, produz e atua no Sesc Belenzinho, Centro Cultural São Paulo, Teatro Cacilda Becker e Itaú Cultural, o espetáculo “Pedra de Paciência”, texto de Atiq Hahime e direção de Fernanda D’Umbra. Em 2019, é indicada ao Prêmio APCA de Melhor Atriz em “Ossada”, direção também de Ester. Indicada em 2020 ao Prêmio Bibi Ferreira de Melhor Atriz no espetáculo “Uísque e Vergonha”, adaptação de Michele Ferreira e direção de Nelson Baskervile. Em 2020, adaptou e realizou seus espetáculos para a linguagem das lives: “A Árvore”, com texto de Silvia Gomez e interpretação de Alessandra Negrini, é recriado, roteirizado e dirigido por Ester no formato híbrido de peça-filme. Em 2021, “Da Natureza da Besta”, espetáculo de dança com sua dramaturgia e direção, estreou no Centro Cultural São Paulo, também recebendo a indicação de Melhor Espetáculo no Prêmio APCA.
Em 2022, Ester Laccava comemorou 40 anos de carreira com “Ouro (O)culto”, texto seu em parceria com Elzeman Neves, em que também assinou a direção, e atuou ao lado de uma banda de jazz e três atores, no Sesc Paulista. Em novembro de 2023, estreou “Curtume”, texto de Denizart Fazio, no Sesc Pompeia, também assinando direção, cenário e trilha, além de atuar, sendo indicada ao Prêmio APCA de Melhor Atriz. Participou com o espetáculo “A Árvore Seca” em vários festivais nacionais e internacionais (Alemanha e Portugal). Em 2015, participou do Festival de Teatro de Valongo (Porto) com “A Pedra de Paciência”, de Atiq Hahime, premiado cineasta e escritor do Oscar e do Goncour em 2008 com esse romance. Em 2020, foi convidada para dar uma formação para jovens criadores em Portugal.
