O jovem artista brasileiro JOTA abre sua mais recente exposição, “Amor Ódio”, nesta semana no MT Projetos de Arte, no Centro Histórico do Rio de Janeiro. A partir de terça-feira, 9 de setembro, a mostra vai estar aberta ao público. Com curadoria do jornalista, escritor e roteirista Dodô Azevedo, reúne mais de 25 obras inéditas em diferentes formatos, que vão de pequenas dimensões (10x10cm) a grandes composições (150x150cm).
O espaço ficará aberto para visitação de terça a sábado. No dia 12 de setembro, a programação especial inclui um baile que tomará conta do edifício em celebração à abertura da mostra, que seguirá em cartaz por 40 dias.
Criado e residente no Complexo do Chapadão, JOTA constrói sua obra a partir da tensão entre amor e ódio, revelando a convivência de afetos e violências no mesmo território. Suas pinturas transitam entre a potência coletiva dos bailes e a brutalidade da violência policial e do tráfico.
Segundo, Dodô Azevedo, o trabalho de JOTA se mantém alimentado pela poderosa atmosfera do Complexo do Chapadão, onde foi criado e ainda vive. Suas composições compreendem o amor e o ódio entremeados e manifestados no mesmo espaço, em diferentes cenas e momentos. Envolvem, ao mesmo tempo, existir e sentir onde atravessam a pulsante alegria do baile e a violência policial e do tráfico.
“JOTA mostra tanto o pôr do sol sobre os barracos quanto as paredes marcadas por balas; tanto os namorados na laje quanto o olhar de quem atravessa a rua com medo de não voltar. Sua arte é como um díptico: de um lado, o afeto bruto; do outro, a raiva justa. Separar um do outro seria mutilar o sentido”, escreve o curador.
Em sua nova fase, também incorporou elementos visuais e simbólicos do panafricanismo, movimento político, filosófico e cultural em defesa da união de todos os povos afrodescendentes, do continente ou da diáspora. A presença constante das cores da bandeira criada em 1920 remete aos seus significados: o vermelho do sangue dos povos africanos derramados na luta pela liberdade, o preto como afirmação orgulhosa da pele negra, o verde da fertilidade da terra africana. JOTA, nessa referência, cria uma ligação incontornável entre os povos quilombolas, as periferias urbanas e os movimentos globais de libertação.
Serviço
Exposição “Amor Ódio” – JOTA
MT Projetos de Arte
Travessa do comércio, 22 – Arco dos Teles – Centro, RJ
A partir de 9 de setembro – De terça a Sábado
Entrada gratuita
Jota: Johny Alexandre Gomes nasceu em 2000, em Honório Gurgel, e foi criado no Complexo do Chapadão, ambos subúrbios do Rio de Janeiro. Seu trabalho inicial retratava cenas do ambiente familiar e do cotidiano da favela, além da cultura do funk que permeia esses espaços. Ao longo de sua trajetória artística, Jota começou a explorar temas mais abrangentes em suas pinturas, incluindo a pobreza, a violência e o racismo estrutural, tanto nas favelas quanto na Zona Sul carioca, um território que o artista passou a frequentar após o sucesso. Realizou a sua primeira exposição, “Eu vim de lá”, em 2021. Também participou da aclamada mostra “Histórias Brasileiras”, no Museu de Arte de São Paulo (MASP), da histórica mostra ” Dos Brasis”, inaugurado no SESC- Belenzinho-SP, além de exposições individuais na UNFAIR 22, na Holanda, e na Artrio de 2022.
Sobre Dodô Azevedo: Mestre em Letras pela PUC-Rio, professor de Filosofia, roteirista e diretor de cinema, autor de 5 romances, incluindo “Fé a Estrada” (Editora Leya), em que conta sua experiência refazendo a rota de “On the Road”, de Jack Kerouac. O livro foi considerado um dos 20 mais importantes romances em língua portuguesa do século XXI em votação da Revista Bula. Foi colunista de cultura do Jornal do Brasil, O Globo, portal G1 e atualmente escreve semanalmente na Folha de S. Paulo. Vencedor do Prêmio Carolina de Jesus, concedido pela FLUP, por contribuição à cultura. Co-criador do programa de TV “Lazinho Com Você”, com Lázaro Ramos, 2017. Co-roteirista da série “Os quatro da Candelária”, Netflix, 2024, pelo qual venceu o prêmio ABRA 2025.
Sobre o MT Projetos de Arte: Foi criado em 2020 como uma plataforma para artistas com produção não inserida no mercado de arte e no circuito institucional do Sudeste. Ao longo de sua ação, os artistas apoiados pelo MT Projetos expuseram no tradicional MASP, na Pinacoteca de São Paulo, na ArtRio, um dos maiores eventos das artes da América do Sul, além de mostras internacionais. Realizou, ainda, a grande exposição “Meu Nome é Heitor dos Prazeres”, em 2023, no CCBB-RJ. O MT nasceu para impulsionar artistas, e vozes dissidentes, posicionando-se como uma plataforma voltada ao colecionismo de cunho ativista. A ampliação das fronteiras do sistema figura entre seus objetivos, com a incorporação da diversidade de vivências, olhares e narrativas produzidas nas diversas regiões do Brasil. Além de Jota, representa os artistas Heitor dos Prazeres, Gervane de Paula, Humberto Espíndola, Rafael Matheus Moreira e Adir Sodré.
