Exposição de Manfredo de Souzanetto na Simões de Assis é prorrogada em São Paulo

vista da exposição Escrita-miragem, de André Azevedo, na Simões de Assis vista da exposição Escrita-miragem, de André Azevedo, na Simões de Assis

Em cartaz na Galeria Simões de Assis desde o dia 27 de maio, a exposição “da terra, o que vem…”, do artista Manfredo de Souzanetto, será prorrogada até o dia 02 de agosto, juntamente à mostra “Escrita-miragem”, de André Azevedo, que acontece no andar superior da Galeria.

Em seus trabalhos, Souzanetto utiliza pigmentos naturais misturados à resina acrílica. O material é extraído de regiões de Minas Gerais – muitas vezes em minas abandonadas -, onde o solo é rico em minerais como óxidos de ferro e alumínio. Além disso, o artista incorpora madeira, pedra e metal em sua produção, tensionando os limites entre pintura e escultura.

Manfredo de Souzanetto é conhecido por fabricar os chassis de suas obras, explorando formatos irregulares e estruturas que conectam diferentes telas por meio de elementos de madeira, como triângulos e retângulos. Em alguns casos, essas estruturas criam formas angulares e geométricas que rompem com a orientação tradicional da pintura, sendo instaladas em posições construídas e não convencionais – uma construção que assume contornos circulares e fluídos, com arranjos oblíquos e sinuosos.

Em “da terra, o que vem…”, o visitante poderá conferir uma seleção de trabalhos centrais de Manfredo de Souzanetto, realizados durante as décadas de 1970 e 1980, ao lado de obras concebidas a partir dos anos 2000 e dois trabalhos de 2025. Estão presentes pinturas que articulam formas orgânicas e geométricas em composição e, que ao mesmo tempo, misturam referências à arquitetura e à paisagem. No espaço expositivo também há uma instalação de piso do artista, composta por pedras fundidas em bronze com diferentes tipos de esmaltação. A vitrine exibe estudos preparatórios e amostras dos pigmentos utilizados por Souzanetto, destacando sua pesquisa contínua sobre os materiais e os processos.

Manfredo de Souzanetto também segue em cartaz no Instituto Tomie Ohtake, até o dia 03 de agosto, com a individual “As montanhas”; além de participar de mais duas coletivas: “Pop Brasil: vanguarda e nova figuração, 1960 -70”, até 05 de outubro na Pinacoteca de São Paulo e “Cinco Ensaios sobre o MASP: Geometrias”, até 03 de agosto no MASP – Museu de Arte de São Paulo.

Já em “Escrita-miragem”, mostra com trabalhos recentes do artista André Azevedo, em cartaz no andar superior da Galeria, o visitante poderá conferir um conjunto de 18 obras, criando um diálogo entre as possibilidades plásticas da datilografia e a representação figurativa.

Ao utilizar tecido de algodão e tinta carbono, Azevedo combina a precisão maquínica da datilografia com a delicadeza das formas orgânicas. Em seus trabalhos, o artista explora a estrutura da trama têxtil dentro do universo da contação de histórias, utilizando-se de noções de “fio da meada”, de “pano de fundo”, de “ponto sem nó”, entre outras figuras de linguagem.

Para Azevedo, o tecido é um ensejo para ater-se à ideia de que as coisas se dão por entrelaçamento: que seguem fenômenos de repetição, transmitem processos e reavivam imagens – criando composições visuais, revelando ritmos, nuances cromáticas e figuras florais.

Manfredo de Souzanetto

Manfredo de Souzanetto (Jacinto, Brasil, 1947) é pintor, desenhista e escultor. Viveu a infância no Vale do Jequitinhonha e passou parte da juventude entre cidades do Vale do Mucuri, no nordeste de Minas Gerais, e no norte do Espírito Santo, onde teve seus primeiros contatos com as pedras, granitos e cerâmicas da região. Iniciou seus estudos em arte na Escola Guignard, em Belo Horizonte, em 1969, e ingressou na Escola de Arquitetura da UFMG em 1972. Entre 1975 e 1979, viveu em Paris, onde estudou fotografia na École Nationale Louis Lumière, experiência que ampliou sua pesquisa sobre intervenções na paisagem. A partir da década de 1980, começou a desenvolver uma obra que une preocupações ambientais e formais, utilizando pigmentos naturais extraídos da terra em composições que articulam pintura, escultura e arquitetura. De Souzanetto ganhou destaque com prêmios importantes, como o Gustavo Capanema de melhor conjunto de obra, e consolidou sua trajetória em exposições de relevância nacional e internacional, incluindo a Triennale des Amériques, na França, em 1993, ao lado de artistas como Lygia Clark, Julio Le Parc e Cy Twombly. Sua obra está representada em importantes acervos públicos e privados no Brasil e no exterior, como o MASP, MAM São Paulo, Pinacoteca de São Paulo, MAC USP, Instituto Cultural Itaú, Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro, MAM Rio (Coleção Gilberto Chateaubriand), MAC Niterói (Coleção João Satamini), IMS Rio, Museu de Arte de Belo Horizonte, além do Fond National d’Art Contemporain e do Musée de l’Abbaye Sainte-Croix, na França, e da Coleção Statoil, na Noruega.

André Azevedo

André Azevedo (Curitiba, Brasil, 1977) estudou Desenho Industrial na Universidade Federal do Paraná (UFPR) e, posteriormente, Artes Visuais no Centro Universitário Belas Artes de São Paulo. Desenvolve em um contínuo experimento, técnicas construtivas têxteis e linguísticas, manipulando a matéria ordinária do mundo e adicionando camadas simbólicas a estes elementos. A partir de sua vivência familiar, Azevedo passou a entender o têxtil ao mesmo tempo como linguagem, conceito e materialidade, o que lhe possibilita inúmeras formas de interação com o mundo. O ponto de partida para a realização de suas obras vem da própria etimologia da palavra “texto” e de uma citação recorrente entre vários autores: “Texto quer dizer tecido e uma linha um fio de um tecido de linho”. Azevedo explora a estrutura da trama dentro do universo da contação de histórias, utilizando-se de noções de “fio da meada”, de “pano de fundo”, de “ponto sem nó”, entre outras figuras de linguagem. O tecido é um ensejo para ater-se à ideia de que as coisas se dão por entrelaçamento: que seguem fenômenos de repetição, transmitem processos e consequentemente reavivam imagens. Azevedo parte da afirmação de que o tecido é meio porque ele está no meio – entre o homem e o mundo, e entre o mundo e todas as coisas que ele também reveste – e, assim, lança mão de diferentes suportes maleáveis, como livros, telas, vídeo e instalações sonoras.

Seus trabalhos estão presentes em importantes coleções, como MAD – Museum of Arts and Design (Nova York, EUA); The Josef and Anni Albers Foundation (Bethany, EUA); MAR – Museu de Arte do Rio (Rio de Janeiro) MON – Museu Oscar Niemeyer (Curitiba); e MAC-PE Museu de Arte Contemporânea, (Olinda). Azevedo foi finalista no Prêmio Internacional de Artista Emergente (2014) em Dubai.

Simões de Assis

Desde a sua abertura, em 1984, a Simões de Assis dirige o seu olhar para a arte moderna e contemporânea, especialmente para a produção latino-americana. Ao longo de quatro décadas de trabalho, a galeria se especializou na preservação e na difusão do espólio de importantes artistas como Abraham Palatnik, Carmelo Arden Quin, Cícero Dias, Emanoel Araujo, Ione Saldanha e Miguel Bakun, contando com a parceria de famílias e fundações responsáveis.

A partir do contato estreito com pesquisadores e curadores, a Simões de Assis conseguiu a articulação necessária para difundir e representar seus artistas no Brasil e no exterior. Ampliando o alcance no mercado de arte do Brasil, atualmente, a galeria tem três espaços: em São Paulo (SP), Curitiba (PR) e Balneário Camboriú (SC), estimulando trocas e debates, além de fomentar o talento e a carreira de seus artistas.

Serviço

  • “da terra, o que vem” | Manfredo de Souzanetto
  • “Escrita-miragem” | André Azevedo
  • Período expositivo: até 02 de agosto
  • Local: Simões de Assis | Alameda Lorena, nº 2050 – Jardins, São Paulo/SP
  • Horário de visitação: segunda a sexta, das 10h às 19h | sábados, das 10h às 15h
  • Entrada gratuita
  • www.simoesdeassis.com
  • @simoesdeassis_

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