O CCBB BH recebe, a partir de 14 de junho a exposição “Portinari Raros”, de Candido Portinari (1903-1962), um dos mais célebres artistas brasileiros de todos os tempos. A mostra híbrida, como bem definiu o curador Marcello Dantas, reúne cerca de 200 obras do artista, no formato físico e digital, sendo algumas pouco vistas ou nunca antes expostas.
SOBRE A CONSTRUÇÃO DA MOSTRA: “Associado a certos matizes de cor e a um conteúdo figurativo levemente geométrico, existe um ‘estilo Portinari’ que se fixou no imaginário popular brasileiro. Poucos tiveram a oportunidade de se impressionar com o conjunto de técnicas e linguagens que atravessam a diversidade de sua obra, revelado em imagens tridimensionais, abstratas e realistas.
Para trazer à tona esses aspectos mais raros de sua produção, desenvolvemos alguns eixos, como sua paixão pela fauna e pela flora, imagens de sua infância, seu flerte com a abstração e a fascinação que teve, no final de sua vida, pela imagem simbólica de uma indígena Carajá, além da sua incursão nos palcos, assinando cenários e figurinos para o balé Iara”. (Marcello Dantas – Criador e Curador da Mostra)
PORTINARI TOTAL: A mostra, que ocupará o terceiro andar e o pátio do CCBB BH, será composta por distintos núcleos: “Cidade Imaginária”, “Cores de Portinari”, “Cronologia de Portinari”, “Paisagens”, “Fauna”, “Gráfica”, “A Maria de Portinari”, “Infância”, “Todos por um”, “Projeto Portinari”, “Desenhos”, “Carajá”, “Balé Iara”, “Fora de Série”, “Flores” e “Portinari Imensos”.
OBRAS EM DESTAQUE: Entre os muitos trabalhos do artista presentes na mostra, ressaltamos:
# “Baile na roça” (1923), trabalho a ser exposto pela primeira vez em Belo Horizonte. Esta é de suma importância na obra do pintor porque foi a primeira tela com temática nacional. Ela foi criada quando Portinari tinha apenas 20 anos e estava estudando na Escola Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro. O trabalho ficou desaparecido por mais de cinquenta anos. “Baile na roça” é um óleo sobre tela com 97 por 134 cm e pertence a uma coleção particular.
# As pinturas em óleo sobre tela “Meninos com Balões” (1951), “Jangada e Carcaça” (1940), e “Tempestade” (1943), esta, uma encomenda de Assis Chateaubriand. Ao ver a obra, Chateaubriand quis adquiri-la, mas Portinari explicou que ela já estava reservada para um amigo, prometendo-lhe fazer outra semelhante.
# “O Cemitério” (1955), obra em óleo sobre papel, presente na mostra. É a nona ilustração do livro “A selva”, de Ferreira de Castro, publicação comemorativa dos 25 anos da primeira edição da obra, ilustrada com doze gravuras de Portinari, executadas na Casa Bertrand.
# “A Morte Cavalgando” (1955), a obra se destaca por ser o estudo realizado para o painel “Guerra”, instalado na entrada da Assembleia Geral da ONU, em 1956.
# O painel em óleo sobre madeira “Flora e Fauna Brasileiras” (1934), que tem 1,60m de comprimento, e “Menino Soltando Pipa” (1958), a única cerâmica feita por Portinari ao longo de sua vida.
# Também se destacam “Paisagem com Urubus” (1944), projeto para cenário do “Balé Iara”, o primeiro balé brasileiro a entrar no circuito internacional. Com a Segunda Guerra Mundial, o Original Ballet Russe, passou a excursionar pelas Américas e procurou enriquecer seu repertório, incorporando concepções arrojadas e modernistas de importantes artistas locais. Desta forma, o argumento foi encomendado ao poeta Guilherme de Almeida; a música ao maestro Francisco Mignone e os cenários e figurinos a Portinari.
# Além do projeto para cenário em óleo sobre cartão, os figurinos criados por Portinari para o “Balé Iara” também estarão na mostra, em uma animação digital.
PORTINARI ATEMPORAL: “Ao se debruçar sobre sua trajetória, descobre-se o domínio de um artista que se desafiou a entender a arquitetura da pintura de forma profunda e eloquente, e que usava o desenho como uma espécie de porto sobre o qual suas cores poderiam pousar. Seu desejo popular, a imersão em seus murais, a música que dialoga com o movimento insinuado em seus quadros já sugeria, desde sempre, uma experiência multidisciplinar”, analisa Marcello Dantas. Em dois distintos espaços desenvolvidos para a mostra, as observações do curador poderão ser vivenciadas pelo público visitante. A saber:
# A apresentação “Portinari Imensos” oferece ao visitante uma experiência imersiva pelas pinturas de Portinari, acompanhada de trilha sonora original e desenvolvida através de cinco módulos temáticos do universo estético do artista: Brasil de Portinari, Guerra e Paz, Infância e Arte Sacra. A apresentação será realizada em horário noturno, diariamente, nas paredes do pátio do CCBB BH, conforme programação a ser oferecida no site e nas redes sociais da instituição.
# A criação de uma sala dedicada ao pensamento de Candido Portinari, com uma sequência de experiências visuais e depoimentos de amigos, inclusive da mulher do artista, Maria.
A vasta obra de Candido Portinari reflete o êxito de um artista que triunfou por ser original. A exposição “Portinari Raros” integra a comemoração dos 80 anos do Conjunto Arquitetônico da Pampulha, complexo mineiro que é considerado patrimônio cultural da humanidade pela Unesco.
Gislane Tanaka, gerente-geral do CCBB BH, ressalta a importância da mostra “Portinari Raros” em Belo Horizonte: “A exposição Portinari Raros é uma homenagem ao artista que, mesmo sem ter nascido em Belo Horizonte, teve uma relação muito próxima com a cidade. Portinari deixou sua marca em importantes obras que hoje fazem parte do patrimônio cultural da cidade. É uma honra para nós, que também temos uma relação tão forte com Belo Horizonte, recebermos essa exposição que traz um acervo tão valioso e diversificado. Tenho certeza de que os visitantes ficarão encantados e emocionados ao conhecerem essas obras pouco conhecidas do grande mestre brasileiro”.
João Candido Portinari, fundador e diretor-geral do Projeto Portinari, destaca que “uma exposição desta natureza, e com esta abrangência, não seria possível sem os 44 anos de trabalho do Projeto Portinari, que além de cooperar com seu parceiro de longa data, o curador Marcello Dantas, na seleção das obras, no universo de seu banco de dados que cruza 5.400 obras com 30 mil documentos, forneceu-lhe também suas fichas técnicas, e demais informações sobre elas, além dos arquivos em alta resol
o que permitiram a realização de projeções monumentais das obras, além de conseguir o empréstimo de algumas obras capitais, como o Baile na Roça citado acima”.
Aroldo Medeiros, diretor-presidente da BB Asset, co-patrocinadora da mostra, diz que a gestora de fundos do Banco do Brasil contribui para uma sociedade mais inclusiva e participativa ao investir em cultura. “Acreditamos que cultura e arte geram valor para a sociedade. Estamos felizes em incentivar a exposição de um artista brasileiro tão versátil e relevante como Cândido Portinari”.
O CURADOR
Marcello Dantas é um premiado curador interdisciplinar com ampla atividade no Brasil e no exterior. Trabalha na fronteira entre a arte e a tecnologia, produzindo exposições, museus e múltiplos projetos que buscam proporcionar experiências de imersão por meio dos sentidos e da percepção. Nos últimos anos esteve por trás da concepção de diversos museus, como o Museu da Língua Portuguesa e a Japan House, em São Paulo; Museu da Natureza, na Serra da Capivara, Piauí; Museu da Cidade de Manaus; Museu da Gente Sergipana, em Aracaju; Museu do Caribe e o Museu do Carnaval, em Barranquilla, Colômbia. Realizou exposições individuais de alguns dos mais importantes e influentes nomes da arte contemporânea como Ai Weiwei, Anish Kapoor, Bill Viola, Christian Boltanski, Jenny Holzer, Laurie Anderson, Michelangelo Pistoletto, Rebecca Horn e Tunga. Foi também diretor artístico do Pavilhão do Brasil na Expo Shanghai 2010, do Pavilhão do Brasil na Rio+20 e da Estação Pelé, em Berlim, na Copa do Mundo de 2006. Atualmente, é responsável pela curadoria da próxima edição da Bienal do Mercosul que ocorre em 2022, em Porto Alegre, e é curador do SFER IK Museo em Tulum, México. Formado pela New York University, Marcello Dantas é membro do conselho de várias instituições internacionais e mentor de artes visuais do Art Institute of Chicago.
PROJETO PORTINARI
Fundado em 1979 pelo professor João Candido Portinari, então docente do Departamento de Matemática da PUC- Rio, o Projeto Portinari tem como objetivos, além do resgate abrangente e minucioso da vida e da obra de Candido Portinari, e o atendimento aos estudantes, pesquisadores, e ao público em geral, assim como a realização de exposições, publicações, palestras, e outras atividades de um centro cultural vivo e dinâmico, democratizar o legado pictórico, ético e humanista de Portinari. Com seu Educativo, criado em 1997, ele visa mobilizar este legado na promoção de valores — mais atuais do que nunca! —, como a paz, não violência, a justiça social, o espírito cívico e comunitário, a fraternidade entre os povos, e o respeito à dignidade da vida e à natureza, principalmente junto às crianças e aos jovens, esperança de um mundo mais justo e mais fraterno, mais respeitoso dos direitos humanos.
CIRCUITO LIBERDADE
O CCBB BH é integrante do Circuito Liberdade, complexo cultural sob gestão da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo (Secult), que reúne diversos espaços com as mais variadas formas de manifestação de arte e cultura em transversalidade com o turismo. Trabalhando em rede, as atividades dos equipamentos parceiros ao Circuito buscam desenvolvimento humano, cultural, turístico, social e econômico, com foco na economia criativa como mecanismo de geração de emprego e renda, além da democratização e ampliação do acesso da população às atividades propostas.
SERVIÇO – MOSTRA “PORTINARI RAROS”
LOCAL: Centro Cultural Banco do Brasil (Praça da Liberdade, 450 – Tel: 31 3431-9400)
PERÍODO: De 14 de junho a 07 de agosto de 2023
HORÁRIO DE VISITAÇÃO: De quarta a segunda, das 10h às 22h
RETIRADA DE INGRESSOS: bb.com.br/cultura e bilheteria física do CCBB BH
ENTRADA GRATUITA com apresentação obrigatória do ingresso digital
CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA: Livre
CURADORIA: Marcello Dantas
PATROCÍNIO: BB ASSET e BANCO DO BRASIL
APOIO: PROJETO PORTINARI