- Uma degradação interna nos serviços da Cloudflare, empresa que protege e acelera cerca de 20% do tráfego mundial da internet, deixou inacessíveis ou instáveis plataformas como X (ex-Twitter), ChatGPT, Spotify, Discord e Shopify por quase três horas nesta terça-feira (18).
- O problema começou por volta das 8h48 (horário de Brasília) e foi resolvido às 11h42, segundo a própria companhia, que negou tratar-se de ataque cibernético.
- Milhões de usuários relataram erros como “502 Bad Gateway” ou mensagens pedindo para “desbloquear challenges.cloudflare.com”.
- O incidente expôs novamente a vulnerabilidade da internet concentrada em poucos provedores de infraestrutura.
O que aconteceu A Cloudflare confirmou às 8h48 (horário de Brasília) uma “degradação interna de serviço” que afetou o painel de controle (dashboard), serviços de aplicações, o sistema de acesso corporativo (Access), a VPN WARP e o portal de suporte. Como a empresa atua como intermediária entre usuários e servidores de milhares de sites, qualquer falha nela cascateia para clientes finais.
Usuários em todo o mundo — inclusive no Brasil — enfrentaram dificuldades para acessar serviços essenciais. Plataformas de streaming, redes sociais, ferramentas de IA e até sites de e-commerce apresentaram instabilidade ou ficaram completamente fora do ar durante o pico do problema, entre 9h e 11h.
Serviços mais afetados
| Plataforma/Serviço | Problema principal relatado | Horário de pico de reclamações (BRT) |
|---|---|---|
| X (ex-Twitter) | Carregamento lento ou impossível | 9h–11h |
| ChatGPT / OpenAI | Indisponibilidade total | 9h–11h30 |
| Spotify | App e web com falhas de conexão | 9h–10h30 |
| Discord | Conexão instável | 9h–11h |
| Shopify | Lojas online fora do ar | 9h–11h |
| Canva | Erros de acesso | 9h–10h30 |
| Grindr, Indeed, Axios | Intermitência ou erros 502 | 9h–11h |
Fonte: Downdetector e relatos de usuários
Resposta da empresa Às 10h09 (BRT) a Cloudflare informou que identificou a causa e começou a aplicar correção. Às 11h42 comunicou que o incidente estava resolvido e passou a monitorar eventuais problemas residuais. Até as 12h40 (BRT) a empresa afirmava que os níveis de erro haviam voltado ao normal. Não houve menção oficial a ataque externo ou pico anormal de tráfego, apenas “degradação interna”.
Análise detalhada da falha que expôs a fragilidade da internet centralizada
São Francisco (EUA) – Nesta terça-feira, 18 de novembro de 2025, uma falha interna na Cloudflare deixou claro o quanto a internet moderna depende de poucos pilares invisíveis. Por quase três horas, milhões de pessoas em todo o mundo — inclusive no Brasil — ficaram sem acesso a serviços essenciais de trabalho, lazer e comunicação.
A cronologia oficial, publicada no site de status da empresa, mostra que o problema começou às 11h48 UTC (8h48 no horário de Brasília). Em poucos minutos, o Downdetector registrou picos históricos de reclamações para X, ChatGPT, Spotify, Discord, Shopify e dezenas de outros serviços. Até o próprio Downdetector ficou instável em alguns momentos, pois também utiliza a infraestrutura da Cloudflare.
A empresa, que opera em mais de 330 cidades e bloqueia diariamente 234 bilhões de ameaças cibernéticas, não divulgou a causa exata até o fechamento desta reportagem. Fontes internas falaram em “degradação interna de serviço” que afetou o dashboard, serviços de aplicações e a ferramenta WARP (VPN corporativa). Em determinado momento, a Cloudflare desativou temporariamente o WARP em Londres para conter o problema.
Por volta das 13h09 UTC (10h09 BRT) a equipe identificou a origem da falha e iniciou a implementação da correção. Às 14h42 UTC (11h42 BRT) anunciou que o incidente estava resolvido e passou a monitorar eventuais efeitos colaterais. Às 15h40 UTC (12h40 BRT) os indicadores já mostravam níveis normais de erro.
O episódio reacendeu o debate sobre pontos únicos de falha na internet. A Cloudflare é responsável por cerca de um quinto do tráfego web global. Quando ela falha, mesmo que por poucas horas, o impacto é global e imediato. Analistas lembram que menos de um mês atrás a AWS (Amazon) sofreu pane semelhante, seguida por problemas na Azure (Microsoft).
No Brasil, portais como Exame e Olhar Digital registraram reclamações em massa. Usuários relataram dificuldades para trabalhar remotamente (Canva, Slack), ouvir música (Spotify), conversar (Discord) ou simplesmente navegar no X. Às 11h, quando o problema ainda persistia, o termo “Cloudflare” chegou aos trending topics nacionais.
Até o momento, a Cloudflare não informou se haverá relatório técnico detalhado (post-mortem) nem se compensará clientes afetados. A empresa limitou-se a afirmar que o incidente foi resolvido e que continua monitorando. As ações da companhia (ticker NET na Nyse) caíram cerca de 4% no pré-mercado, mas se recuperavam no início da tarde.
Este é o terceiro grande incidente envolvendo um grande provedor de nuvem em menos de 60 dias, reforçando a urgência de estratégias de redundância e a busca por arquiteturas mais distribuídas — tema que ganha força entre especialistas em segurança e infraestrutura digital.
