O Festival de Ogans Vozes e Tambores é uma iniciativa cultural que apresenta as práticas musicais ligadas à percussão e às expressões das religiões de matriz africana, como o candomblé e a umbanda, na Baixada Fluminense. O objetivo é celebrar e valorizar os diferentes estilos de percussão de cada território, aproximando o público das tradições dos terreiros e fortalecendo a conexão da população com seus bens culturais e com as raízes das culturas negras presentes na região.
O evento será realizado nos dias 22, 23 e 24 de agosto, nas cidades de Duque de Caxias, Nilópolis e Nova Iguaçu , ocupando espaços públicos. Entre eles está o Museu Vivo do São Bento, local de grande importância para a Baixada, que guarda desde vestígios arqueológicos da presença humana até memórias da ocupação do território, incluindo histórias de povos indígenas, colonos e quilombolas.
As atividades terão mediação de três articuladores que representam a cultura local e atuam como mestres de cerimônia e educadores, contextualizando a história das religiões, das nações e dos ritos. Em Duque de Caxias, a mediação será feita por Nielson Bezerra, doutor em História e pesquisador das ancestralidades da Baixada Fluminense. Em Nova Iguaçu, Marcos Serra, doutor em Educação e iniciado no Terreiro de Mãe Beata (Ilé Omiojuàrò), conduzirá as apresentações. Em Nilópolis, a mediação ficará a cargo de Macedo Griot de Moraes, músico e pesquisador de memória oral da diáspora.
O festival reúne ogans, percussionistas sagrados que aprendem e transmitem oralmente, nas casas de santo, os toques e ritmos das liturgias, mantendo viva a memória e a tradição. As apresentações acontecem em trios, seguindo as práticas dos terreiros, e proporcionam ao público uma experiência imersiva da música sagrada. Ao todo, 36 músicos participam das atividades, incluindo mulheres percussionistas que carregam saberes e vivências das tradições, mesmo sem reconhecimento formal.
As performances destacam instrumentos como os atabaques, essenciais para a execução dos toques, e exploram a interação entre ritmo, canto e dança, oferecendo ao público uma experiência imersiva da música sagrada afro-brasileira. Além das apresentações, o festival promove rodas de conversa que aprofundam o entendimento das tradições. A mesa Mulheres e o Tambor reúne Zany Nascimento, Gabrielly Martins e L’AYO para refletir sobre o protagonismo feminino na percussão sagrada, compartilhando saberes e vivências que atravessam territórios e gerações. Já o encontro O Candomblé e suas Nações: Artesanias e Musicalidade, com Leonardo Valerio, André Cleto e Lourenzo Florido (Axé Ylé Yamim Axé Bangbosé), apresenta a diversidade de estilos e expressões musicais do candomblé, mostrando a relação entre instrumentos, ritmos e os ofícios que mantêm vivas essas tradições.
Mais do que um evento musical, o Festival de Ogans Vozes e Tambores é um espaço de difusão cultural e resistência. Ele contribui para o combate ao preconceito religioso e racial, para a preservação do patrimônio oral imaterial e para o incentivo ao estudo da história afro-brasileira. A iniciativa também promove o intercâmbio entre casas de santo e fortalece a identidade cultural da Baixada Fluminense.
O festival é aberto a todos os públicos, incluindo pessoas interessadas em ritmos africanos, estudiosos das religiões de matriz africana e frequentadores de espaços culturais da região. Com entrada gratuita, garante inclusão e democratização do acesso, permitindo que todos possam vivenciar e desfrutar da riqueza da cultura dos terreiros.
O “Festival de Ogans” é realizado pelo Governo Federal, Ministério da Cultura, Governo do Estado do Rio de Janeiro, Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro, através da Política Nacional Aldir Blanc. Conta com o apoio da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de Duque de Caxias e do Museu Vivo do São Bento. Tem parceria com a Tatchiando Forma e Movimento. É uma idealização Portão de Ferro.
Serviço: Festival de Ogans – Vozes e Tambores
Datas: 22, 23 e 24 de agosto de 2025
Entrada: gratuita
22 de agosto – Duque de Caxias
Local: Museu Vivo do São Bento, Rua Benjamin da Rocha Júnior, s/n – São Bento, Duque de Caxias – RJ
Curadoria: Nielson Bezerra
Programação
14:00 – Abertura
14:15 – O Candomblé e suas nações: artesanias e musicalidade
- Leonardo Valerio
- André Cleto
- Lourenzo Florido (Axé Ylé Yamim Axé Bangbosé)
15:15 – Ogans e Ojés: tambores, toques e ancestralidades
- Wagner Gabriel (Awo Korioba)
- Bruno Moisés (Ojé Awo Niyi)
- Bruno Ferreira (Aseledeni – Ilé Baba Afurin)
16:15 – A subversão dos tambores: mulheres e os toques da Umbanda Sagrada
- Letícia Ventania
- Bruna Maria Luiz
- (Coletivo Dicas de Atabaque, escola fundada por Márcio Barravento)
17:00 – Encerramento
23 de agosto – Nilópolis
- Local: Parque Sara Areal, Rua Gonçalves Dias, 724-790 – Nova Cidade, Nilópolis – RJ
- Curadoria: Macedo Griot de Moraes
Programação
14:00 – Abertura
14:15 – Ilê Omolu Oxum
- Aurelino Menezes da Encarnação
- Kahyo Carr Madeira
- Luiz Alberto da Silva
15:15 – Ilê d’Ogum Jah
- Gleidson do Nascimento Guerra
- Márcio Paulo Justino Sinadino
- Ernesto Roque da Silva Filho
17:00 – Encerramento
Redes sociais: @festivaldeogans
24 de agosto – Nova Iguaçu
- Local: Praça dos Direitos Humanos, Via Light, s/n – Centro, Nova Iguaçu – RJ, 26215-220
- Curadoria: Marcos Serra
Programação
14:00 – Abertura
14:15 – Mesa Mulheres e o Tambor
- Zany Nascimento
- Gabrielly Martins
L’AYO
15:15 – Ẹgbẹ́ Ìyá Omi àti Ọbalùwáiyè – Àṣẹ Oníṣègùn
- Ogã Anderson Vilmar
- Ogã Anderson Fonseca
- Ogã Pablo Ferreira
16:15 – Ilé Aşé Omiojuaro
- Ogan Ayko Ayobinan Louro Pereira
- Ogan Ryan Moreira Gomes
- Ogan Thauan Fernandes Amorim
17:15 – Ilê Asé Omi Gbonã
- Ogan Kahuan Victor Sanchez De Souza
- Ogan Juan Luiz de Oliveira Santos
- Ogan Valter Macumba d’Xangô
- 18:00 – Encerramento e coquetel
