Festival Elas, VozesSuburbanas revela talentos femininos da Zona Oeste com shows gratuitos de Nilze Carvalho e Ariel Letícia

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Pela primeira vez a Zona Oeste recebe o Elas, VozesSuburbanas, festival que acontece nos próximos dias 21 e 22 de março no Parque Oeste, em Inhoaíba. Idealizado pela produtora criativa e inquieta, moradora de Campo Grande, Mônica de Castro, o encontro traz uma programação totalmente direcionada a elas e conta com mulheres artistas, ativistas e empreendedoras – a entrada é franca e a classificação é livre – com atrações para públicos de todas as idades. Ao todo são 56 artistas (cis, trans, negras, LGBT+ e indígenas), de diversas expressões como música, dança, teatro, circo, artes plásticas, contação de história, artesãs e performers da região que passarão pelos palcos. Entre as artistas homenageadas, estão mulheres talentosas que têm ligação direta com a Zona Oeste, como as já saudosas: Chica Xavier, atriz consagrada que na década de 80 fundou seu terreiro no bairro de Sepetiba, onde morou até o seu falecimento; e Emilinha Borba – estrela da época de ouro do Rádio. Além delas, a artista visual contemporânea Tadáskía – nascida e criada no bairro de Santíssimo – cuja Galeria que abrigará as exposições levará seu nome – e a cantora/ multi-instrumentista Nilze Carvalho também receberão homenagens. Na sexta (21/03), o show principal ficará a cargo da cantora revelação da região Ariel Letícia e no sábado (22/03) da madrinha da primeira edição, a já consagrada, Nilze.

Os dias 17 e 19 de março serão destinados às apresentações das artistas que foram selecionadas para o Festival a públicos específicos, como aqueles com limitação, restrição ou dificuldade de ir até o Parque Oeste no fim de semana do evento. Lar de idosos, ONGs voltadas para o cuidado de mulheres em situação de vulnerabilidade e escolas públicas da região receberão as atrações em seus espaços com apresentações fechadas ao público em geral.

Já nos dias 18 e 20 de março, na parte da tarde, na Biblioteca Manuel Ignácio da Silva (em Campo Grande), acontecerão duas rodas de bate-papo, que a cada dia homenageará uma artista carioca. A primeira (18/03) traz as cantoras convidadas Maria Zenayde e Áurea Martins falando sobre as questões das mulheres artistas e suas lutas no subúrbio do Rio. O segundo momento (20/03) traz a Secretária Municipal de Políticas e Promoção da Mulher, Joyce Trindade, além da empreendedora social e fundadora do Instituto Josefinas, Aira Nascimento, abordando o tema: ”Como é ser mulher negra e suburbana no Rio de Janeiro”. As inscrições são limitadas a 35 vagas por encontro e poderão ser efetuadas previamente através de formulário disponibilizado na bio da rede social do Festival @elasvozessuburbanas.

Elas, VozesSuburbanas nasceu a partir do olhar aguçado da produtora cultural formada em Dança, Mônica de Castro, que percebeu a necessidade e urgência de um encontro entre/para artistas dedicado e feito por mulheres da Zona Oeste. De acordo com ela, em geral, costuma ser um grande desafio para a mulher ter sua voz ouvida, para a mulher suburbana então, o desafio é em dobro. ”É essencial ouví-las e refletir sobre como se dá o poder feminino na periferia onde, às vezes mesmo sem saber, muitas delas lutam dia a dia por direitos, igualdade e justiça social. É preciso refletir sobre como mães, solo ou não, encontram tempo e disposição para produzir arte, para fazer dessa arte sua sobrevivência e ainda inspirar outras tantas, afinal o subúrbio não para, nem elas”. Mônica acrescenta ainda que, diante do cenário atual, cenário em que mulheres perdem representatividade, oportunidade e até mesmo a vida, o Elas, VozesSuburbanas se faz mais do que necessário. ”É necessário que se recrie um novo cenário, um cenário oposto ao atual, e criá-lo não é fácil. O festival foi idealizado por uma mulher suburbana, ou seja: desistir não faz parte do plano. Há um número crescente de festivais e eventos tendo como foco as mulheres, que bom” – conclui a responsável pela Badulaque Produções.

Consciência e solidariedade

Na ocasião, o Festival aceitará doações de absorventes, que serão destinados a pessoas em situação de vulnerabilidade social – situação de rua, população carcerária e privadas de liberdade. A ação visa empoderar mulheres vulneráveis com solidariedade comunitária e conscientização menstrual. A entrada é gratuita, porém incentiva a contribuição solidária; através da doação de um pacote de absorvente, que será doado para o Instituto Penal Santo Expedito (presídio feminino).

O projeto é contemplado pelo edital Pró-Carioca, programa de fomento à cultura carioca, da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, através da Secretaria Municipal de Cultura.