Um dos mais importantes festivais de arte do corpo, dança e performance da América Latina, o FESTIVAL PANORAMA celebra seus 30 anos com uma edição presencial potente, repleta de atrações, depois de dois anos em formato online. Com patrocínio da Prefeitura do Rio de Janeiro e da Secretaria Municipal de Cultura, o evento fará sua primeira edição de verão, entre os dias 13 e 28 de janeiro de 2023.
Com grandes nomes da dança contemporânea brasileira, o Panorama ocupará espaços icônicos da cidade, como os teatros João Caetano e Nelson Rodrigues, o Museu de Arte do Rio (MAR), a Praça Tiradentes e as Arenas Dicró e Fernando Torres, revisitando sua própria história na cidade e evidenciando temáticas e práticas das danças de ontem, de hoje e de amanhã. Além dos teatros e importantes espaços públicos, o Panorama vai ganhar as paredes da cidade, com projeções surpresa de dança.
“A edição de 30 anos celebra o corpo como matéria-prima da dança e da performance e discute a relação que temos com a história do Rio e do Brasil”, diz Nayse López, diretora artística do Panorama desde 2005.
O festival apresentará peças, performances e intervenções urbanas que colocam em cena alguns dos mais emblemáticos espetáculos dos últimos anos, trazendo de volta ao Rio de Janeiro sucessos dos grandes criadores da dança brasileira, como Alejandro Ahmed, Cristian Duarte, Alice Ripoll e Marcelo Evelin, além de inéditos de novos nomes da dança como Tieta Macau e Idylla Silmarovi.
Em homenagem à sua fundadora, a coreógrafa Lia Rodrigues, o Panorama fará a estreia em teatros cariocas de seu mais recente trabalho, “Encantado”. Nos dias 13 e 14 de janeiro, no Teatro João Caetano, o público poderá assistir ao sucesso do ano na dança brasileira, depois de sua aclamada turnê mundial que passou pelos festivais de Outomne e Kunsten e pela Brooklin Academy de Nova Iorque, e de uma belíssima temporada no Centro de Artes da Maré e semanas de temporada lotada em São Paulo.
No Teatro da CAIXA Nelson Rodrigues, Alejandro Ahmed apresenta “Z”, obra músico-coreográfica do artista, que ficou surdo e nessa peça expressa a relação de seu corpo com o som. Fundador da companhia Cena 11, uma das mais importantes da dança brasileira, Alejandro não dança em cena no Rio de Janeiro há 20 anos e retoma sua relação com o palco em uma peça potente e emocionante. Outro grande destaque é “The Hot One Hundred Choreographers”, solo de Cristian Duarte, que revive a história da dança numa peça com trechos de 100 diferentes coreógrafos, dos clássicos e contemporâneos aos pop.
Também estão na programação do festival: “Looping: Rio Overdub”, versão carioca do espetáculo dos artistas baianos Felipe Assis, Rita Aquino e Leonardo França, que volta ao Rio para fazer o público dançar a democracia na praça; “Barricada”, projeto de Marcelo Evelin que parte de uma aglomeração improvisada para formar um organismo único e plural; e “Suave”, de Alice Ripoll e Cia. Suave, espetáculo que marcou a chegada do passinho e da dancinha do funk aos palcos mundiais da dança. A companhia Original Bomber Crew apresenta “Treta”, que encurrala o público numa performance que mistura skate, grafite e dança urbana para falar da desigualdade no Brasil; e Paula Maracajá recria o universo mágico do clássico infantil da dança em “tudo que não invento é falso”, inspirado na obra de Manoel de Barros.
“O eixo curatorial desta edição emergencial e de volta ao espaço urbano depois de dois anos de edições pandêmicas online é a história que nossos corpos contam. Que história da dança construímos e que histórias do Rio e do Brasil ainda precisam ganhar sua própria narrativa dentro da dança?”, questiona Nayse López.
Corpos e coreografias negras, indígenas, femininas, LGBTQIAP+ e PCDs – que em 1992, quando o festival foi criado, ainda quase não habitavam a dança contemporânea – ganharam corpo, literalmente. Reforçando a vocação de levar a dança também para debates teóricos desde sua primeira edição, o Festival Panorama realiza o seminário “Corpos da História”, com curadoria de Nayse López e Camilla Rocha Campos. Em dois ciclos de conversas, os diferentes corpos, cores e movimentos são trazidos para o centro do debate sobre a construção da sociedade brasileira. Mesmo após 30 anos e uma pandemia que redefiniu os conceitos de presença e colaboração, desenvolver estratégias de contingência ainda é urgente e determinante para os circuitos da cultura e das artes performáticas.
Celebrando a volta à sua versão presencial, o Festival Panorama também abre espaço para a cocriação por meio de residências com artistas de fora do Rio de Janeiro. Os interessados podem se inscrever no site do Panorama e os resultados poderão ser vistos na programação do festival.
A edição 30 anos do Festival Panorama tem apoio da Samambaia Filantropias, do Consulado Francês no Rio de Janeiro e do Instituto Goethe.
O Festival Panorama mantém a tradição de democratizar a arte: todas as atrações têm entrada franca ou preços acessíveis (até R$ 30).
Abaixo, segue o serviço da programação do Panorama 30 Anos. Alguns trabalhos, por contarem com uma estética específica, terão seus espaços divulgados próximo à data de apresentação, no site e nas redes sociais do festival.
ENCANTADO | LIA RODRIGUES COMPANHIA DE DANÇAS (RJ)
13 jan | 20h
14 jan | 18h
Teatro João Caetano (Praça Tiradentes, s/n, Centro)
Ingressos: R$ 30 (inteira), R$ 15 (meia-entrada e lista amiga)
Duração: 60 min
Classificação indicativa: 16 anos
A palavra ‘encantado’, do latim incantatus, designa algo que é ou foi objeto de encantamento ou de feitiço mágico. ‘Encantado’ é também sinônimo de maravilhado, deslumbrado ou fascinado e uma expressão de cumprimento social.
No Brasil, a palavra ‘encantado’ tem ainda outros sentidos. O termo se refere às entidades que pertencem a modos de percepção de mundo afro -ameríndios. Os ‘encantados’, animados por forças desconhecidas, transitam entre céu e terra, nas selvas, nas pedras, em águas doces e salgadas, nas dunas, nas plantas, transformando-os em locais sagrados. São seres que atravessam o tempo e se transmutam em diferentes expressões da natureza. Não experimentaram a morte, mas seguiram em outro plano, ganhando atribuições mágicas de proteção e de cura. Deste modo, as ações predatórias que ameaçam a vida na Terra, a destruição sistemática das florestas, dos rios e do mar impactam também a existência dos Encantados. Não há como separar os encantados da natureza ou a natureza desses seres.
O Panorama 30 Anos presta uma homenagem à Lia Rodrigues, criadora do festival, com a estreia em teatros cariocas de Encantado, trabalho mais recente da Lia Rodrigues Companhia de Danças, iniciado no contexto da pandemia de Covid-19. O espetáculo fez uma bela e concorrida temporada no Centro de Artes da Maré e encerrou recentemente uma aclamada turnê mundial.
A Lia Rodrigues Companhia de Danças foi fundada em 1990, no Rio de Janeiro, e se mantém em atividade durante todo o ano, com aulas, ensaios do repertório e trabalho de pesquisa e criação, sempre em colaboração com os artistas-bailarinos. Desde 2003, a companhia colabora com a Redes de Desenvolvimento da Maré, no Morro do Timbau, onde realiza atualmente suas atividades diárias, ajudando a construir e garantir a manutenção de local adequado para a dança, além de oferecer aulas e oficinas para jovens da comunidade e doar um grande acervo de vídeos de dança e livros. Em 2004, ampliando suas ações, realizou neste espaço a criação de diversos trabalhos: Contra aqueles difíceis de agradar, Encarnado, Hymnen, apresentações de seu repertório aquilo de que somos feitos e formas breves, entre outras atividades. Em 2007, foi criado o Centro de Artes da Maré, sede da companhia e que abriga outras iniciativas, como a Escola Livre de Dança da Maré. Lá foram desenvolvidos os espetáculos Fúria, Para que o Céu não Caia, Pindorama, Pororoca e Piracema, além do projeto ‘Dança para Todos’, com aulas gratuitas.
FICHA TÉCNICA
Criação: Lia Rodrigues
Dançado e criado em estreita colaboração com: Leonardo Nunes, Valentina Fittipaldi, Andrey da Silva, Larissa Lima, Ricardo Xavier, David Abreu, Tiago Oliveira, Raquel Alexandre, Daline Ribeiro, Alice Alves e Felipe Vian
Assistente de criação: Amália Lima
Dramaturgia: Silvia Soter
Colaboração artística e imagens: Sammi Landweer
Criação de luz: Nicolas Boudier com assistência técnica de Baptistine Méral e Magali Foubert
Montagem e operação de luz: Jimmy Wong
Trilha sonora/mixagem: Alexandre Seabra (a partir de trechos de músicas do povo GUARANI MBYA / aldeia de Kalipety da T.I. Tenondé Porã, cantadas e tocadas durante a marcha de povos indígenas em Brasília, em agosto e setembro de 2021, contra o ‘marco temporal’, uma medida inconstitucional que prejudica o presente e o futuro de todas as gerações dos povos indígenas).
Produção e difusão: Colette de Turville com assistência de Astrid Toledo.
Administração França: Jacques Segueilla
Produção Brasil: Gabi Gonçalves / Corpo Rastreado
Produção e idealização do projeto Goethe Institut: Claudia Oliveira
Secretária: Gloria Laureano
Professores: Amalia Lima, Sylvia Barretto e Valentina Fittipaldi
Co-produção: Scène nationale Carré-Colonnes; Le TAP – Théâtre Auditorium de Poitiers; Scène nationale du Sud-Aquitain; La Coursive – Scène nationale de La Rochelle; L’empreinte, Scène nationale Brive-Tulle; Théâtre d’Angoulême Scène Nationale; Le Moulin du Roc, Scène nationale à Niort; La Scène Nationale d’Aubusson; Kunstenfestivaldesarts (Brussels); Brussels, Theaterfestival (Basel); HAU Hebbel am Ufer (Berlin); Festival Oriente Occidente (Rovereto); Theater Freiburg; l’OARA – Office Artistique de la Région Nouvelle Aquitaine; Julidans (Amsterdam); Teatro Municipal do Porto; Festival DDD, dias de dança; Chaillot – Théâtre national de la Danse (Paris); Le CENTQUATRE-PARIS; e Festival d’Automne à Paris.
Apoio: FONDOC (Occitanie) / França; Fundo internacional de ajuda para as organizações de cultura e educação 2021 do ministério federal alemão de Affaires étrangères, do Goethe-Institut e de outros parceiros; Fondation d’entrepriseHermès/França, com a parceria de France Culture.
Lia Rodrigues é artista associada do Théâtre national de la Danse (Paris); Le CENTQUATRE- PARIS
Uma produção da Lia Rodrigues Companhia de Danças com apoio da Redes da Maré (Campanha “A Maré diz não ao Coronavírus” – projeto Conexão Saúde) e do Centro de Artes da Maré.
Agradecimentos: Thérèse Barbanel, Antoine Manologlou, Maguy Marin, Eliana Souza Silva, Equipe do Centro de Artes da Maré.
Encantado é dedicado a Olivier.
LOOPING: RIO OVERDUB | FELIPE ASSIS, RITA AQUINO, LEONARDO FRANÇA (BA)
Resultado de residência artística realizada durante o Panorama 30 Anos
13 jan | 21h
Largo em frente ao Real Gabinete Português de Leitura
Entrada franca
Duração: 90 min
Classificação indicativa: 16 anos
Festa, dança e política. As festas de largo de Salvador e suas contradições são a paisagem predominante deste projeto, que emerge do encontro entre pensamento sonoro e pensamento coreográfico e adquire novas cores e sotaques em cada cidade. Looping constitui um estudo do tempo: repetição e acumulação. Movimentos de tensão e distensão da cultura, através de procedimentos que organizam sonoridades, corpos e espaços. Assim como nas ruas, o que está em jogo são arranjos coletivos através de uma participação estético-política. Looping: Rio Overdub é uma edição especial que comemora os 30 anos do Festival Panorama com a participação de artistas locais.
Looping: Bahia Overdub, espetáculo co-dirigido por Felipe de Assis, Leonardo França e Rita Aquino estreou em 2015. Indicado ao PRÊMIO BRAVO! de melhor espetáculo de Dança 2016, se apresentou no Festival Panorama nos anos de 2016 e 2017, além de diversos outros festivais internacionais no país. Realizou turnê nacional Palco Giratório Sesc 2018, apresentações em Buenos Aires e no Festival DDD Dias da Dança 2019 em Portugal. Em 2018, o espetáculo mobilizou a realização de uma residência artística junto a Scottish Dance Theatre em Dundee, que resultou na obra Looping: Scotland Overdub, com turnê na Escócia 2018-2019 e apresentação no Festival de Edimburgo 2019. Esta experiência consolidou Looping como dispositivo de criação, articulado à formação e reflexão crítica, que possibilita a produção de versões próprias do trabalho em diferentes cidades, com a participação de artistas locais.
FICHA TÉCNICA
Concepção e criação: Felipe de Assis, Leonardo França e Rita Aquino
Criação musical: Mahal Pita e Felipe de Assis
Músicos: Felipe Assis
Oficinas artísticas: Fábio Osório e Rita Aquino
Intérpretes-criadores: a definir
Coordenação de produção: Felipe de Assis
Técnico de luz: Rangell Souza
THE HOT ONE HUNDRED CHOREOGRAPHERS | CRISTIAN DUARTE (SP)
14 jan | 19h30
15 jan | 18h
Teatro da CAIXA Nelson Rodrigues (Av. República do Paraguai, 230 – Centro)
Ingressos: R$ 30 (inteira), R$ 15 (meia-entrada e lista amiga)
Duração: 52 min
Classificação indicativa: Livre
O artista escocês Peter Davies elaborou uma série de pinturas nas quais figuram textos que tomam a própria arte como assunto, fazendo dela sujeito e matéria para discutir o papel do artista na definição da cultura pop. Nesses text paintings, Davies transportou para as telas alguns de seus rankings pessoais. The Hot One Hundred é sua lista particular de cem artistas. Com The Hot One Hundred Choreographers, Cristian Duarte cria uma experiência coreográfica a partir deste procedimento-lista de Davies. Ele “devorou” vários ícones da dança, coreógrafos e peças que o instiga(ra)m para construir um solo onde a coreografia é gerada pelo trânsito de referências e memória do corpo. A “hot list” pode ser conferida no site Lote 24hs.
The Hot One Hundred Choreographers retorna ao Festival Panorama após 11 anos para duas apresentações dentro da programação que celebra as 30 edições do festival.
Cristian Duarte vive e trabalha em São Paulo. Seu trabalho como coreógrafo tem sido apresentado no Brasil e internacionalmente. Entre seus trabalhos estão: Despedançada (Site-específica, 2021), Hack100 – Um pano de fundo (Audiovisual/2020), O que realmente está acontecendo quando algo acontece? (2017), Ó (2016), Biomashup (2014), Jamzz (2013), The Hot One Hundred Choreographers (2011), Médelei – eu sou brasileiro (etc) e não existo nunca (2006) e Against the Current, Glow para o Cullberg Ballet de Estocolmo (2015). Graduou-se na P.A.R.T.S. Performing Arts Research and Training Studios em Bruxelas. Sua prática artística tem sido marcada pela criação de contextos para experimentação e formação em dança como a residência artística Lote e as plataformas Desaba com Thelma Bonavita e A piece…together? com Paz Rojo.
FICHA TÉCNICA
Concepção, criação e performance: Cristian Duarte
Colaboração e criação: Rodrigo Andreoli
Iluminação: André Boll
Edição de trilha: Tom Monteiro
Hot contribuições: Bruno Freire, Júlio Rocha e Tarina Quelho
Figurino: Cristian Duarte
Design e conceito do site: Cristian Duarte e Rodrigo Andreoli
Webdesign e programação: Roberto Winter
Fotografia: Carolina Mendonça
Apoios/Agradecimentos: Artist Faculty program at School of Dance – Herberger Institute at Arizona State University/USA, Simon Dove, Universidade Anhembi Morumbi, Valéria Cano Bravi, PUC-SP – Artes do Corpo, Rosa Hércoles, Peter Davies e mais de cem coreógrafos.
Prêmio APCA (Associação Paulista dos Críticos de Arte) 2011 – Criação em Dança, Produzido originalmente para o 15o Cultura Inglesa Festival. Para conhecer a lista dos 100 coreógrafos-obras, clique aqui.
Z | ALEJANDRO AHMED (SC)*
20 e 21 jan | 19h30
22 jan | 18h
Teatro da CAIXA Nelson Rodrigues (Av. República do Paraguai, 230 – Centro)
Ingressos: R$ 30 (inteira), R$ 15 (meia-entrada e lista amiga)
* programação acompanhada de conversa sobre corpo e tecnologia
Duração: 60 min
Classificação indicativa: Livre
Z é uma criação em dança com direção e performance de Alejandro Ahmed. Uma obra músico-coreográfica desenvolvida na imbricação entre corpo, composição generativa e coreografia. Em Z a co-implicação entre o som e o mover propõe a construção de um espaço que se constitui como um ecossistema. Dança e música são sobrepostas e moduladas no corpo. Z propõe o som como um acionamento sinestésico de movimento. O corpo se retroalimenta da interdependência com o ambiente que constitui e em que é constituído. Uma peça formulada como labirinto melódico, cinético e ritual guiado por uma guitarra ao mesmo passo instrumento, objeto, corpo estendido, signo, que evoca voz, respiração, forma e palavra sem memória como uma incorporação de alteridade.
As apresentações de Z no Panorama 30 Anos marcam o retorno de Alejandro Ahmed aos palcos cariocas como bailarino após 20 anos.
Alejandro Ahmed é coreógrafo, diretor artístico, e performer. Junto ao Grupo Cena 11 Cia. de dança promove o desenvolvimento de uma tecnologia de movimento que objetiva produzir uma dança em função do corpo e suas extensões. As investigações atuais estão situadas em novas definições para o conceito de coreografia. Termos como situação coreográfica, coreografia imaterial e dança generativa nomeiam os campos de interesse aos quais Alejandro Ahmed objetiva atualmente seus procedimentos junto ao Grupo Cena 11 e como performer.
FICHA TÉCNICA
Criação, Direção e Performance: Alejandro Ahmed
Direção compartilhada: Mariana Romagnani
Assistência de ensaio e Assistência de produção: Karin Serafin
Interlocução para som e iluminação: Hedra Rockenbach 2018/2020
Coordenação técnica: Grupo Cena 11
Operação de Vídeo, luz e Som: João Peralta
Interlocução para operação de som: Eduardo Serafin
Apoio: Grupo Cena 11, JUSC ( Jurerê Sports Center)
Agradecimentos: Grupo Cena 11, Mariana Romagnani, Bruno Bez, Eduardo Serafin, Hedra Rockenbach, Priscila Menezes, Diego de Los Campos, Andrea Druck, Tom Monteiro, Marcos Morgado, Adilso Machado, Loreta Dialla, Cecilia Blasius, Fabiana Dultra, Sheila Ribeiro, Theo Gomes, Dogo, Malu Rabelo, Marcos Klann, Andreia Druck e JUSC – Jurerê Sport Center.
BARRICADA | MARCELO EVELIN (PI)
Resultado de residência artística realizada durante o Panorama 30 Anos
21 e 22 jan
LOCAL E HORÁRIO A CONFIRMAR
Duração: 50 min
Classificação indicativa: Livre
O nome barricada refere-se às táticas populares de insurreição que surgiram no século XVI, estruturas únicas e improvisadas que são construídas como um movimento de confronto, mas também funcionam como um espaço de proteção para uma determinada comunidade. Barricada, de Marcelo Evelin, é uma prática coletiva que propõe pensar proximidade como estratégia de defesa e o estar juntos como uma posição política. Uma figura coreográfica na qual um conjunto de corpos encadeados se articula e desarticula para marcar um momento no tempo e no espaço, e questionar noções de autonomia e resistência. Uma arquitetura de corpos firme e porosa, que interrompe fluxos, desloca identidades e fricciona fronteiras.
Este projeto vem sendo desenvolvido por Evelin e pela Demolition Incorporada, sua plataforma de criação, desde 2019. As apresentações no Panorama 30 Anos contarão com artistas locais previamente selecionados para residência artística com o coreógrafo.
Marcelo Evelin é coreógrafo, pesquisador e intérprete, vive e trabalha entre Amesterdam e Teresina. Estudou dança com Peter Goss, Lila Greene, Mark Tompkins, e Odile Duboc. Nascido em Teresina, chegou em Amesterdam em 1987, onde estudou na Escola de Nova Dança (SNDO), trabalhou com companhias de dança e teatro locais, e, em 1988, foi estagiário no TanzTeatro Wuppertal sob a direção de Pina Bausch. Deu seus primeiros passos como coreógrafo em 1989, dando início à construção de um corpo de trabalho que hoje é composto por mais de 30 peças. Desde 1999, Evelin tem ensinado regularmente na Escola Mime em Amsterdã, onde ele também cria peças e orienta os alunos em seus próprios processos criativos. Em 2006, Evelin fundou, em Teresina, o Núcleo do Dirceu, um coletivo de artistas e plataforma para pesquisa e desenvolvimento das artes cênicas contemporâneas , que coordenou até 2013.
FICHA TÉCNICA
Criação e performance: Marcelo Evelin/Demolition Incorporada com elenco local participante da residência
Música: “Floresta Amazônica”, de Heitor Villa Lobos, retrabalhada por Sho Takiguchi
SUAVE | CIA. SUAVE + ALICE RIPOLL (RJ)
27 e 28 jan | 19h
Teatro da CAIXA Nelson Rodrigues (Av. República do Paraguai, 230 – Centro)
Ingressos: R$ 30 (inteira), R$ 15 (meia-entrada e lista amiga)
Duração: 50 min
Classificação indicativa: 12 anos
Tudo é uma questão de flow, de manhã, não tem o erro, o atraso, o que saiu da linha, porque o que realmente importa é o jeito: como você vibra, como você pulsa, como se move? Se a gente força, não acontece o que era pra acontecer, perde a espontaneidade. Então tenho que fazer outras coisas pra estar trabalhando, não as que eu costumo fazer. Mas criar é mesmo inventar novos modos de criação. Que desafio pode ser maior?
A dança do passinho é engraçada: parece um bezerro que acabou de nascer e está lutando pela vida e ao mesmo tempo comemorando e brincando. Os intérpretes me presenteiam com uma explosão de criatividade e coragem. Coragem de saber que a vida passa – já diz a tatuagem do Gabriel: one life one chance – e o melhor é a gente se mexer pra valer, sem medo, e aí tanta coisa começa a acontecer, me ensinam estes jovens e geniais cronistas do cotidiano.
E viva a vanguarda das comunidades do Brasil!
Suave é uma coprodução entre a Cia. Suave, dirigida por Alice Ripoll, e o Festival Panorama e retorna à programação do festival nesta edição comemorativa de 30 anos.
Com direção da coreógrafa Alice Ripoll, a Cia. Suave começou com a criação do espetáculo Suave, que estreou no Festival Panorama em 2014. O trabalho da companhia tem como inspiração o passinho, estilo de dança urbana derivado do funk carioca.
Alice Ripoll é coreógrafa, intérprete e diretora de movimento para teatro e cinema. Aos 21 anos, estudando para se tornar psicanalista, tomou um caminho desviante para começar a pesquisar dança, pois se sentia muito curiosa sobre as possibilidades dos corpos e pesquisa de movimento. Atualmente seu trabalho abraça a dança contemporânea e as danças urbanas do Brasil, através de uma pesquisa que abre espaço para que os bailarinos transformem em imagens suas experiências e memórias.
FICHA TÉCNICA
Direção: Alice Ripoll
Interpretação: GB Dançarino Brabo, Hiltinho Fantástico, Katiany Correia, Maylla Eassy, Nyandra Fernandes, Rômulo Galvão,Tamires Costa, Thamires Candida, Tiobil Dançarino Brabo, VN Dançarino Brabo.
Assistência de direção / operador de som: Alan Ferreira / Renato Linhares
Direção de produção: Natasha Corbelino | Corbelino Cultural
Produção Executiva: Thais Peixoto e Milena Monteiro
Criação de Luz: Andréa Capella
Operação de Luz: Tainã Miranda
Figurino: Paula Stroher
Direção Musical de funk: Dj Vinimax
TRETA – UMA INVASÃO PERFORMÁTICA | ORIGINAL BOMBER CREW (PI)
27 e 28 jan | 20h30
SuperUber (Rua Silvino Montenegro 78, Gamboa)
Entrada franca
Duração: 50 min
Classificação indicativa: 16 anos
É um conflito, uma explosão, é um ato premeditado para envolver o outro, onde o público se arrisca para fazer a selfie do dia. É testemunha da violência compartilhada, dos corpos descartáveis no Brasil. A desigualdade das posições sociais e os atritos gerados a partir disso, a parte crua das situações, as cores e os valores. A treta do Palácio do Planalto, a do vizinho, a da batalha de breaking. A treta do Dirceu com as outras quebradas e nossa própria treta que trás a dança como posicionamento no mundo. Os movimentos dessa dança são a expressão de moléculas do que de fato acontece, da realidade do corpo e do cotidiano. tReta é uma criação do Original Bomber Crew, Teresina – Piauí – Brasil.
Original Bomber Crew [OBC] é o elemento breaking do grupo piauiense de hip hop Interação Ralé. Com participações em festivais, batalhas e encontros nacionais e internacionais, é uma organização de práticas, pesquisa e produção da cultura hip hop. OBC se mantém ativo desde 2005 e é referência no Piauí sobre trabalho de formação em dança de rua. Atualmente ocupa a Casa do Hip Hop em Teresina junto a outros artistas da cidade, desenvolvendo criações em espetáculos, performances, batalhas, intervenções urbana, festivais e oficinas de dança, no Piauí e estados vizinhos. Desde 2018 é residente da Casa de Produção / Campo Arte. Junto com o Panorama Raft 2021 e seus parceiros internacionais, produziu a série de vídeos VAPOR-Ocupação Infiltrável. Segue na difusão com tReta, uma inavasão performática, em 2023 estreará os solos Click, Preto Correndo, Maior que Eu e a mais nova criação presencial em grupo, que parte de Vapor.
FICHA TÉCNICA
Concepção: Allexandre Santos e Cesar Costa
Direção: Allexandre Santos
Criação e performance: Allexandre Santos, Cesar Costa, Javé Montuchô, Malcom Jefferson, Maurício Pokemon e Phillip Marinho
Concepção musical: Cesar Costa e Javé Montuchô
Coordenação técnica e desenho de luz: Javé Montuchô
Fotografia: Maurício Pokemon
Assistência administrativa: Humilde Alves / CAMPO Arte Contemporânea
Direção de produção: Regina Veloso / Casa de Produção
Agradecimentos: Cleydinha, Neném, Fedó, Jell, Pangu, Pangulim, WG, Gui Fontineles e Marcelo Evelin
Obra criada em residências de pesquisa e criação entre 2017 e 2018 em Teresina – PI, na Casa de Hip Hop, Espaço Balde e CAMPO Arte Contemporânea.
KA’ADELA – AÇÃO COLETIVA DE CONTRA-ATAQUE | IDYLLA SILMAROVI + JUÃO NYN (MG)
Resultado de residência artística realizada durante o Panorama 30 Anos
20 e 21 jan | 18h
Praça Mauá
Entrada franca
Classificação indicativa: Livre
A plataforma Ka’adela vem desde 2021, a partir da parceria com o festival Panorama Raft, realizando cartografias de monumentos coloniais nos espaços urbanos e criando estratégias performativas de disfarce, reocupação e destituição dos imaginários coloniais presentes na cidade na efemeridade das artes da presença. Dessa forma, propõe a reativação de memórias que desafiam os sistemas coloniais e que trazem à tona, por sua vez, as memórias ofuscadas por esses mesmos sistemas que estão presentes não na arquitetura das cidades, mas nos corpos.
Por se tratar de um coletivo composto por pessoas de diversos territórios, a estratégia de criação acontece a partir de residências artísticas entre os membros do coletivo, para a elaboração das performances criadas nos monumentos. Agora, comemorando os 30 anos do Festival Panorama, Ka’adela propõe abertura do processo criativo com o público, em formato de residência artística para criar, coletivamente, uma ação com mais corpos, criando novas redes de contra ataque à este imaginário colonial.
Dessa forma, as pessoas interessadas à essa discussão e experimentação são convocadas a somar forças para a criação de um ato coletivo por monumentos do Centro do Rio de Janeiro.
Idylla Silmarovi é artista da cena e pesquisadora. Mestre em artes cênicas pela UFOP. Seus trabalhos discutem as intersecções entre arte e ativismo no que tange o debate em torno da memória como direito negado pelo cis-tema colonial. Trabalha em aliança com coletivos de arte e movimentos sociais. Cria espaços autônomos de criação. Se interessa em coroar travestis e derrubar monumentos coloniais. Acredita em guerrilhas.
Juão Nyn é multiartista, Potyguar(a), 33 anos, ativista comunicador do movimento Indígena do RN, integrante do Coletivo Estopô Balaio de Criação, Memória e Narrativa e vocalista/compositor da banda Androyde Sem Par. Formado em Licenciatura em Teatro pela UFRN, há 8 anos em trânsito entre RN e SP.
O projeto Ka’adela é uma plataforma de pesquisa e experimentação desenvolvida pelo Coletivo Autônomo Temporário. Este coletivo é criado pela artista e pesquisadora Idylla Silmarovi no ano de 2021 e tem reunido artistas e ativistas transdisciplinares para desenvolvimento de projetos artísticos pautando ética e esteticamente questões em torno dos “apagamentos de memória”, bem como seus “levantes e retomadas”, compreendendo as artes da presença como uma potencial estratégia de criação e destituição de ficções e imaginários. Como aponta o próprio nome do coletivo, produzimos zonas autônomas e temporárias de criação no campo da performance nos espaços urbanos, se articulando assim como uma plataforma de investigação nas artes da presença contemporânea. O coletivo conta hoje com os artistas: David Maurity, Edgar Kanaykõ Xakriabá, Fredda Amorim, Idylla Silmarovi, Juão Nyn, Rafael Bacelar e Vina Amorim.
FICHA TÉCNICA
Proponentes: Idylla Silmarovi e Juão Nyn
Artistas-residentes: a definir
REZOS PARA RASGAR O MUNDO | TIETA MACAU (MA)
DATA E HORÁRIO A DEFINIR
Museu da História e Cultura Afro-Brasileira (MUHCAB)
Entrada franca
Duração: 30 min
Classificação indicativa: Livre
Chão de areia, alguns escritos, pés que amaciam o chão. Em comunicação com o invisível plurisônico, caboclos bradam. Versos e curas. O que de passagem passa, envulta, o que não se vê, entre o som e o giro, ponto e presença se firmam. Rezos é um dos rastros no qual Tieta (en)cruza o som pa|lavra, da escrita ao ponto cantado, enquanto aparição de cura|ataque e de inversão lexical da lógica do pretenso norte global (em declínio). Um mergulho no estudo do tempo como dimensão incorporada, e por ele a possibilidade de diálogo com um invisível, que nem sempre é transparente. Algo alinhado com a passagem de Beatriz Nascimento que nos recorda que incorporar é lembrar. Em algumas ações Macau vem se deslocando da intenção de fazer arte, e se reaproximando da iminência de assumir o compromisso de (re)lembrar, (re)viver em comum acordo com o invisível. Rezos é um rastro, uma colagem, uma aparição. Uma presença envultada, assombração da memória, ou um rezo de cura.
Artista transdisciplinar, filhe da serpente, criadore de macumbarias cênicas e outras espirais. Tieta Macau é interessada em processos de criação, produção cênica afroreferenciada, poéticas populares e afrodiaspórica, historiografia da arte, escrita em dança entre outras encruzas. Ume das criadores do Coletivo DiBando, atua em colaboração com vários artistas e grupos entre o Maranhão , Ceará e Bahia como Grupo Afrôs, Brecha Coletiva, LABORARTE, Viramundo entre outros. Foi aprovade na edição 2020/2021 dos Laboratórios de Criação do Porto Iracema das Artes (CE) com o projeto Lança de Cabocla. Com o projeto Assombros e Trincheiras teve aprovação na categoria criação do Panorama Raft, em coprodução com o Festival Panorama. Ume das artistas convidada a colaborar na Plataforma EhCHo edição 2021, plataforma de fomento e difusão internacional idealizada por Denise Ferreira da Silva e outros artistas e pesquisadores. Premiade melhor atriz em curta metragem no 49° Festival de Cinema de Gramado e em longa como melhor atriz coadjuvante no 43° Guarnicê de Cinema. Atualmente está participando do programa de bolsas de pesquisa e criação do PACT ZOLVERREIN (ALE). É licenciada em Teatro pela UFMA (MA), cursa o bacharelado em Dança e o mestrado em História Social na UFC (CE).
FICHA TÉCNICA
Criação e performance: Tieta Macau
Criação e performance sonora: Ruan Francisco
Colaboradorys: Abeju Rizzo, Elton Panamby e Inae Moreira
Produção: Encante Território Criativo
Imagens: Luiza Fernandes e Té Pinheiro
INVOLUNTÁRIOS DA PÁTRIA | FERNANDA SILVA & SONIA SOBRAL (PI/SP)
22 jan
HORÁRIO E LOCAL A DEFINIR
Entrada franca
Duração: 45 min
Indicação etária: Livre
Involuntários da Pátria, performance concebida por Sonia Sobral e apresentada pela atriz Fernanda Silva, baseia-se no texto da aula pública proferida pelo antropólogo Eduardo Viveiros de Castro, em abril de 2016, nas escadarias da Câmara Municipal do Rio de Janeiro. O texto apresenta os índios como os primeiros “involuntários da pátria”, que foram transformados em pobres, assim como os negros, para servirem ao sistema capitalista. De um encontro entre Sonia e Fernanda nasceu a ideia de transformar a aula em performance. Representante de tantos involuntários da pátria – índia, negra, pobre, LGBTQ+ – Fernanda grita e dança as palavras de Viveiros em todas as direções, criando com seu corpo e voz uma nova camada ao texto e um novo convite à subversão.
Fernanda Silva é atriz e diretora. Conduz há 25 anos o Grupo de Teatro Metáfora, que desde 2005 mantém o Galpão Teatro Metáfora como espaço de resistência em Parnaíba, litoral do Piauí. Sonia Sobral foi gestora de artes cênicas do Itaú Cultural por 17 anos. Atualmente é curadora de dança do Centro Cultural São Paulo. Integra grupos de pesquisas cênicas e dramatúrgicas.
FICHA TÉCNICA
Concepção: Sonia Sobral
Criação: Sonia Sobral e Fernanda Silva
Performance: Fernanda Silva
Texto: Eduardo Viveiros de Castro. Série Pandemia, N-1 edições
Fotografia: Maurício Pokemon, Caca Diniz e Isabela Bugmann
Realização: Campo Gestão e Criação em Arte Contemporânea
PANORAMINHA | PROGRAMAÇÃO INFANTO-JUVENIL
TUDO QUE NÃO INVENTO É FALSO | PAULA MARACAJÁ (RJ)
21 jan | 16h
Arena Dicró (Parque Ari Barroso – Entrada pela, R. Flora Lôbo, s/n – Penha)
Entrada franca
28 jan | HORÁRIO A CONFIRMAR
Arena Fernando Torres (Parque de Madureira)
Entrada franca
Duração: 45 min
Classificação indicativa: Livre
“Num palco sem pernas ou braços. Um balanço suspenso, atrás daquela moita, na lateral alta, esquerda, no fundo do peito do palco. Os rios eram verbais porque escreveram torto, como se fossem curvas de uma cobra. Só porque se botavam em movimento.