Festival Salvador Capital Afro debate os desafios das mulheres de empreender no Brasil: ‘Mães solteiras que administram o tempo entre o trabalho, a casa e a maternidade’

Do dia 22 a 25 de novembro, acontece a segunda edição do Festival Salvador Capital Afro. Com o tema Salvador: Cidade Conexão da Diáspora, o evento propõe tornar a capital baiana um ponto de encontro entre cidades e países africanos, estimular o desenvolvimento da economia criativa e de talentos negros locais, além de potencializar o protagonismo da cidade no segmento do Afroturismo.

Um dos assuntos que será tratado no festival é o Movimento Black Money. Átila Lima, empresária, coach e educadora financeira, participará de um painel que discutirá o assunto ao lado de Adriana Barbosa, criadora da Feira Preta; Carlos Eduardo Dias Barbosa, coordenador de Finanças Solidárias do Banco Comunitário de Desenvolvimento Santa Luzia; Giovanni Harvey, diretor executivo do Fundo Baobá para Equidade Racial; Mariana Araújo, gerente de Sustentabilidade da americanas s.a., e Ciça Pereira, CEO da Afrotrampos.

O debate girará em torno de questões como educação financeira, autonomia, aprimoramento de negócios, caminhos de financiamento, além de perspectivas sobre o mercado de trabalho e a construção de um futuro de prosperidade. Para Átila Lima, é importante salientar que segundo pesquisas realizadas pelo Movimento Black Money, recentemente, 51% dos empreendedores no Brasil são negros. Deste total, 61,5% são mulheres, que muitas vezes são mães solteiras e precisam administrar o tempo entre o trabalho, a casa e a maternidade. Neste cenário, os desafios são inúmeros.

“Podemos citar cinco fatores que tornam o empreendedorismo algo mais difícil para as mulheres. São eles a fragilidade nas nossas políticas de formalização, a falta de rede de apoio, poucas ferramentas de gestão pessoal das atividades como agenda, sistemas e metodologias, a invisibilização do trabalho do cuidado das mulheres com a família e a pouca habilidade com a internet e marketing digital. Para ser mais acolhedor com este público, seria necessário dar mais acesso a crédito com orientação financeira para o crescimento sustentável das empresas, mais investimento em creches, escolas e locais de cuidado público seguro para essas mães, além de licença paternidade devidamente remunerada de 3 a 6 meses para compartilhar os cuidados. Também seria válida uma pensão alimentícia que leve em conta os custos de um cuidador em tempo integral e o reconhecimento da paternidade responsável”.

Agente fortalecedor do empreendedorismo no Brasil, o Movimento Black Money vem criando novos caminhos no mercado através de conhecimento, eventos, pesquisas e orientações. Por isso, Átila aconselha quem deseja se aventurar e empreender. “Nunca desista dos seus sonhos. Às vezes, uma ideia que parece não fazer sentido para os outros é o seu diferencial dentro do universo de empreender. Estude sobre gestão financeira, tenha momentos de lazer equilibrando dentro da sua rotina e se conecte com sua fé, pois ser afroempreendedor em nosso país exige muita dedicação e energia”.

Maylla Pitta, diretora de Cultura da Secretaria de Cultura e Turismo de Salvador, reforça que o movimento Salvador Capital Afro sempre teve um comprometimento muito grande com o estímulo ao empreendedorismo negro e, sobretudo, feminino. “Nestes últimos quatro anos, nós executamos uma experiência de realização do 1º Censo das Baianas do Acarajé, que são referência no âmbito do empreendedorismo negro feminino. A primeira referência que a gente tem no empreendedorismo, de mulheres que saíram de casa, que foram para as ruas, numa realidade na qual as mulheres se recolhiam, são as baianas de Acarajé, as quituteiras e a partir deste trabalho, a gente tem desenvolvido um conjunto de ações para o fortalecimento deste ofício. No dia 25 de novembro, nós vamos distribuir equipamentos que estruturam o trabalho dessas Baianas de Acarajé. Estamos falando de ombrelone, tabuleiro, colher de pau, e uma série de equipamentos que fazem com que este trabalho fique minimamente orquestrado. Para que elas tenham condições dignas de trabalho”, .

Sobre o Festival Salvador Capital Afro

Considerado um grande marco do Salvador Capital Afro – movimento que busca projetar a cidade como destino em referência nacional e internacional no Afroturismo -, o festival será totalmente gratuito e está previsto para acontecer de 22 a 25 de novembro, no Centro Histórico. O evento reunirá diversas atividades voltadas para valorização e fomento da economia criativa preta da cidade, assim como para estímulo ao desenvolvimento de políticas públicas necessárias para o posicionamento de Salvador como uma cidade antirracista.

Apontado como um ecossistema capaz de reunir uma diversidade de público e interesses, por meio de quatro pilares – político, econômico, educacional e cultural – o evento também é visto como uma base de transformação social, cujo foco é capacitar pessoas, mobilizar negócios e envolver, de forma atrativa, toda a cadeia de afroempreendedores.

O Festival Salvador Capital Afro é uma iniciativa da Prefeitura Municipal de Salvador, através da Secretaria de Cultura e Turismo (SECULT), no âmbito do PRODETUR Salvador, em parceria com a Secretaria da Reparação (SEMUR), e faz parte do Plano de Desenvolvimento do Afroturismo em Salvador. O projeto tem financiamento do BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento e conta com a parceria de GOL Smiles e Americanas.

Confira a programação completa do Festival Salvador Capital Afro em

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