Festival Teatro das Oprimidas celebra a resistência e multiplicação criativa do teatro feminista de Bárbara Santos

Núcleo Marincanto com peça Até Quando_ - Foto_ Luis Gomes

O mês de Março, em que se comemora o Dia internacional das Mulheres (8 de março), simboliza luta e resistência para mulheres de todo o mundo. Além da cobrança por igualdade, direitos e luta contra o machismo e o patriarcado, o mês celebra o Dia Internacional do Teatro do Oprimido. Para reafirmar os avanços dessa metodologia teatral sistematizada no Brasil, o Centro de Teatro do Oprimido (CTO), realiza o Festival Teatro das Oprimidas nos dias 16 e 17 de março, na sede da instituição, na Lapa, bairro de arte, cultura e resistência do Rio de Janeiro, com apresentações de peças e performances que discutem temáticas como: gênero, raça, diversidade, migração, meio ambiente e território. Além dessas atividades, o evento conta com o lançamento da décima edição da revista METAXIS, que apresenta a importante contribuição que o Teatro das Oprimidas têm gerado através das Estéticas Feministas da diretora, atriz e escritora Bárbara Santos. A programação conta ainda com o lançamento de um documentário, uma exposição artística, além da participação de grupos teatrais da instituição e núcleos de Teatro das Oprimidas criados ao longo do projeto.

Bárbara afirma que o público pode esperar que o Festival Teatro das Oprimidas seja um momento para entrar em contato com os mais diversos temas de forma lúdica e, ao mesmo tempo aprofundada e de fácil compreensão: “É incrível como nossos grupos teatrais conseguem traduzir situações espinhosas e complexas em narrativas leves e acessíveis. O Festival vai oferecer beleza, alegria e um convite à participação engajada. Nesses eventos é possível se divertir e se sentir útil.”

Ela também destaca a importância da realização do Festival no mês em que se comemora o Dia Internacional das Mulheres. “O Teatro das Oprimidas reúne artistas-ativistas que utilizam os meios estéticos para expressar suas pautas de luta. Então, nossa maior contribuição está no desenvolvimento de estratégias eficazes de comunicação e de difusão dos temas relacionados aos direitos das mulheres. Por meio do teatro e de outras expressões artísticas, a discussão atravessa fronteiras”, afirma a Kuringa do CTO.

METAXIS 10: edição extraordinária

A nova edição da revista METAXIS, publicação feita pelo CTO dedicada às expressões artísticas de projetos sócio-culturais realizados pelo centro cultural, ganha destaque no festival. A edição especial celebra o projeto Teatro das Oprimidas que circulou nos municípios de Duque de Caxias, Nova Iguaçu, Macaé, Maricá, Niterói, São Gonçalo, Itaboraí, Magé e Guapimirim – cidades que compõem o recôncavo da Baía de Guanabara -, Campos de Goytacazes, além da capital do Estado, Rio de Janeiro. As ações do projeto extrapolaram o território fluminense e as fronteiras do país alçando ações presenciais no Peru até desembarcar no continente africano, em Guiné-Bissau.

A Metaxis 10 conta com textos e artigos reflexivos de participantes do projeto. Relatos sobre os atravessamentos causados pela violência das chacinas e genocídios cometidos pelo Estado no decorrer de 2021 a 2023 e as tragédias ambientais já previstas em cada verão são abordadas nos textos das multiplicadoras e moradoras das favelas de São Gonçalo, Rio e Niterói. Um caderno sobre Teatro das Oprimidas e masculinidades com artigos escritos pelos homens do projeto, além de um caderno dedicado às ações artísticas LGBTQIA+ do projeto. Os desafios enfrentados e as alternativas encontradas diante de como fazer teatro virtual no período pandêmico também ganham destaque nesta edição da revista.

Além de sistematizadora e criadora da metodologia Teatro das Oprimidas, Bárbara Santos é editora da revista Metaxis. A publicação é um periódico do Centro de Teatro do Oprimido dedicado a reflexões, avanços e pesquisas sobre o Teatro do Oprimido e Teatro das Oprimidas. Ela destaca que a décima edição da revista traz, no cenário cultural e artístico, a diversidade de experiências práticas, que, certamente, podem inspirar muitas outras iniciativas. “O interessante é que as narrativas dos textos são diversas, tanto de quem facilita quanto de quem participa dos processos artísticos, assim como de quem produz, administra, registra, divulga e avalia. A METAXIS se resume em uma diversidade de perspectivas que garante a visão ampliada das diversas iniciativas desenvolvidas no projeto Teatro das Oprimidas”, diz Bárbara Santos.

Apresentações artísticas: oprimidas em cena

Marcado por uma diversidade temática grandiosa, o festival conta com performances e peças teatrais que rompem com a barreira entre o palco e plateia, promovendo diálogos cidadãos para a visibilidade de temas que são essenciais para sociedade. O Teatro-Fórum, técnica mais conhecida no universo do Teatro do Oprimido e do Teatro das Oprimidas, faz parte da programação com o espetáculo “Gêneres”. Com direção de Bárbara Santos, o espetáculo debate como a persistência na utilização de um conceito de gênero com estrutura binária pode afetar avanços sociais e promover a intolerância e a violência na convivência cotidiana.

Teatro Legislativo Feminista: construindo leis feministas

O Teatro Legislativo Feminista é um desdobramento do Teatro-Fórum, enquanto no Fórum as pessoas se permitem atuar como espect-ator-atriz, desenvolvendo na prática seus desejos e ensaiando alternativas frente às injustiças, o Teatro Legislativo Feminista permite que a sociedade apresente seu desejo e transforme-o em lei por intermédio de um processo coletivizado com perspectivas feministas e negras. Para tal, o núcleo de Teatro das Oprimidas Marincanto, do município de Maricá, apresenta a peça “Até Quando”, que discute a formação da sociedade patriarcal com o reforço de estereótipos de gênero, que se constroem desde a infância, até os recorrentes casos de violência que estes padrões acarretam.  Retrata-se as diversas faces da violência contra mulher, a partir da história de um casal e sua filha e todo o desenvolvimento da opressão que culmina no caso de abuso infantil e o silenciamento da sociedade frente a esses casos. Ao final da peça, o público será convidado a entrar em cena na busca de alternativas de enfrentamento à temática apresentada, além de construir propostas de leis que visem combater essa realidade.

Exposição artística: a história da revolução

A exposição artística narra a história do projeto Teatro das Oprimidas através de textos, fotos, poesias e audiovisuais produzidos ao longo de dois anos. O festival tem patrocínio da Petrobras, através do Programa Petrobras Socioambiental, e da Secretaria Estadual de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro, através da Lei Estadual de Incentivo à Cultura.

SERVIÇO:

16 de março
11h às 21h

11h – Exposição artística
14h – Performance artística “Isso não é bla bla bla” do Grupo Ponto Chic
14h10 – Peça de Teatro Legislativo Feminista “Até quando?” do Núcleo Marincanto
17h – Performance artística “A Baía é de quem?” do Núcleo Baía de Guanabara
17h10 – Peça de Teatro-Fórum “Brasil, um país acolhedor?” do Coletivo Magdas Migram
19h – Performance artística “Abordagem” do Núcleo Viradouro
19h10 – Espetáculo de Teatro-Fórum “Gêneres” da Cia CTO

17 de março
19h às 03h20

17h – Exposição artística
19h45 – Performance “180 neles!” da Ocupação Artística do Viradouro
20h – Apresentação e Distribuição da revista METAXIS – Teatro das Oprimidas com Bárbara Santos
20h30 – Documentário Teatro das Oprimidas
21h30 – Show musical com Luciane Dom
22h – Show musical com  Moça Prosa
01h – DJ Bieta

Local: Centro de Teatro do Oprimido
Endereço: Av. Mem de Sá, 31 – Lapa, RJ

FICHA TÉCNICA

Núcleo Marincanto – Até Quando?

Direção: Monique Rodrigues e Marcelo Heleno Dantas
Elenco: Rosa dos Anjos, Débora Monteiro, Dayse Laurindo, Ranielly Monteiro, Fernanda Lyrio,Ana Guimarães e Rosane Réde

Cia CTO – Gêneres

Direção: Bárbara Santos

Elenco: Monique Rodrigues, Cachalote Mattos, Nlaisa Luciano Gaspar Mesquita, Marcelo Vitor, Manu Marinho, Emanuelle Rosa, Raquel Dias, Maiara Mendonça, Gabriel Horsth, Eloanah Gentil, Cláudia Simone, Alessandro Conceição, Dominique Di Calafrio e Claudia Natalia Giraldo González

Núcleo Baía de Guanabara – A Baía é de quem?

Direção: Helen Sarapeck e Cachalote Mattos
Elenco: Andressa Dutra, Carlos Alberto Bena, Carla Lubanco, Cristiane de Cássia, Denise Couto, Frankmar Silva, Gabrielle Araújo, Jacqueline Corrêa, João Marcos Silva, Haroldo Corrêa, Isabel Silva, Luciana Antunes, Lucimar Machado, Luís Parucker, Maria Morena, Marcela Gaspar, Mirtha Dandara, Pedro Santos e Wilson Rodrigues

Grupo Ponto Chic – Isso não é blá, blá, blá

Direção: Eloanah Gentil e Maiara Carvalho
Elenco: Raquel Dias, Layza Carvalho, Beatriz Mendes, Maiara Carvalho, Amanda Moraes, Aline Oliveira e Kethelen Oliveira.

Núcleo Viradouro – Abordagem

Direção: Eloanah Gentil e Marcelo Heleno Dantas
Elenco:
Alex Oliveira Silva de Souza, Guilherme da Silva, Gustavo Rezende da Silva, João Vitor Silva Santos, Kaianny Matos de Melo Alves, Maria Eduarda Rezenda da Silva, Pamela Gentil Santos da Silva, Rihanna Silva da Conceição e Vitor Hugo da Silva Santos.

Coletivo Magdas Migram – Brasil, um país acolhedor?

Direção: Claudia Natalia Giraldo González
Elenco: 
Claudia Natalia Giraldo González, Vivian Condori Penaloza, Iréri Ceja Cárdenas, Luz Angela Rojas, Claudia Martinez, Karla Patricia Olmos Pérez e Romina Celsa Celona.

OCA Viradouro – 180 neles!      

Direção: Eloanah Gentil
Elenco:
 Eloanah Gentil, Priscila Rezende, Natasch Carvalho, Aline Conceição e Ana Paula.

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