Oroboro, dirigido pelo renomado cineasta e artista visual Pablo Lobato, chega aos cinemas no dia 20 de março de 2025, trazendo uma narrativa sensível e poética sobre o poder da arte na formação de jovens estudantes. O documentário, que até o momento tem estreia confirmada em Belo Horizonte, São Paulo e Rio de Janeiro, acompanha dois grupos de alunos que adaptaram para o teatro duas obras-primas da literatura e da música: Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa, e A Flauta Mágica, de Mozart.
A partir dos ensaios, apresentações e da rotina escolar, Oroboro acompanha a intimidade das descobertas, dores e alegrias vividas na radicalidade da juventude. As forças paradoxais das personagens encenadas movem uma vasta constelação temática: vida e morte, arte e educação, cinema e teatro, natureza e urbanização.
O colégio, locação principal do filme e palco das encenações, está situado em um vale entre Belo Horizonte e Nova Lima. Atravessado por um córrego e cercado por áreas verdes e corredores ecológicos, hoje se vê pressionado por uma das urbanizações mais dinâmicas do país.
“Oroboro é um filme fascinante. Ao longo de uma montagem fluida e elíptica, o entrelaçamento das duas séries — a encenação de Grande Sertão e a de A Flauta Mágica — mantém nossa curiosidade viva até as imagens finais.”
— Michel Marie, historiador e teórico do cinema, professor emérito da Universidade Sorbonne Nouvelle – Paris 3
“Diante de uma sensível prática formativa, nesta fronteira entre metrópole e interior, entre expansão econômica e conservação ecológica, percebi um espelho da sociedade brasileira contemporânea. Oroboro é fruto destes paradoxos e revela algo que resiste, vindo desse vínculo essencial entre a arte e a formação humana”, explica o diretor Pablo Lobato.
Produzido pela Claroescuro Studio e distribuído pela Fênix Filmes, Oroboro conta com o apoio da Lei Paulo Gustavo para sua distribuição e o patrocínio da Saúva Jataí para a finalização.
Nota: Oroboro remete ao símbolo ancestral da serpente que engole a própria cauda, formando um círculo. De origem grega, representa o ciclo da vida, a renovação e a transformação contínua.
A confluência entre arte e formação humana no trabalho de Pablo Lobato
O retorno de Pablo Lobato ao cinema com Oroboro reafirma seu modo de criação, que escapa a uma única linguagem e se constrói na relação com diferentes contextos. Seu trabalho acontece no encontro com as forças disponíveis, na colaboração com a matéria e na atenção ao que emerge em cada fazer. Entre o cinema e as artes visuais, seus últimos anos têm sido atravessados pelos diálogos entre arte e formação humana.
“Oroboro partiu de um espanto. Em 2018, me deparei com um brilhante grupo de jovens estudantes adaptando Grande Sertão: Veredas para o teatro. Fiquei profundamente tocado ao vê-los criando juntos, encontrando embocadura para esse mito fundador brasileiro. A peça já estava em curso, mas o filme nascia ali, sem um projeto, sem recursos disponíveis, apenas na urgência do que acontecia diante de mim. Senti que precisava atender a esse chamado. No início, precisei seguir sem equipe, movido por esse encontro inesperado. Aos poucos, fui me aproximando mais desse colégio de Minas Gerais, onde uma linhagem pedagógica implementa, no cotidiano, um pensamento indissociável da arte. Entre 2018 e 2020, formei uma pequena equipe e acompanhei com minha câmera os processos imersivos vividos pelos estudantes, gravando também a segunda turma de adolescentes mais jovens, que me encantou ao adaptar A Flauta Mágica, de Mozart”, relembra Lobato.
Isabella Brisa, aluna e a atriz que interpretou o personagem Hermógenes em Grande Sertão: Veredas, no ano de 2018, comenta sobre a experiência de reviver o processo de criação do espetáculo a partir do filme. “Oroboro foi um presente maravilhoso. O filme é emocionante; sua sensibilidade me tocou profundamente. Minha sincera gratidão e admiração por esse trabalho magnífico e por todos que o tornaram possível. Foi um privilégio participar deste projeto, que reacendeu em mim o desejo de me expressar através da arte”, ressalta Brisa.
Ficha Técnica
- Nome: Oroboro
- Gênero: Documentário
- Duração: 81’13”
- Ano: 2025 (filmado de 2018 a 2022 em Minas Gerais, Brasil)
- Idioma: Português
- País: Brasil
- Direção: Pablo Lobato
- Produção Executiva: Marcus Leskovsek
- Produção: Marcus Leskovsek e Pablo Lobato
- Produtora: Claroescuro
- Fotografia: Pablo Lobato
- Argumento: Pablo Lobato
- Roteiro: Daniel Tavares
- Montagem: Luiz Pretti e Pablo Lobato
- Som: Nelson Pimenta Soares Filho, Pablo Lobato e Pedro Aspahan
- Trilha sonora: O Grivo