Flamengo aposta na alma e na superstição de 81 para parar o PSG de Dembélé

O futebol mundial prende a respiração. Nesta quarta-feira (17), às 14h (de Brasília), o Estádio Ahmad Bin Ali, em Al Rayyan, será o palco de um choque de realidades. De um lado, o Paris Saint-Germain, a constelação bilionária financiada pelo estado do Catar, jogando “em casa” e liderada pelo recém-eleito Melhor Jogador do Mundo, Ousmane Dembélé. Do outro, o Clube de Regatas do Flamengo, exausto após uma maratona de 77 jogos, mas empurrado pela mística da camisa branca e pela chance de pintar o planeta de vermelho e preto pela segunda vez na história.

A final da Copa Intercontinental da FIFA 2025 não é apenas um jogo; é o ápice de narrativas que colidem. É a técnica europeia contra a resiliência sul-americana. É o dinheiro infinito contra a massa popular.

O Fator “The Best” e a Aura de Invencibilidade

O clima em Doha mudou na noite de terça-feira. A cerimônia do FIFA The Best, realizada na véspera da decisão, coroou o que o Flamengo terá de enfrentar. Luis Enrique foi eleito o melhor técnico, e Ousmane Dembélé desbancou Mbappé para ser o Melhor do Mundo.

Para o PSG, vencer este título inédito no quintal de seus proprietários (a QSI) é uma obrigação geopolítica. O time chega descansado, tendo jogado apenas 22 vezes na temporada europeia, e com a moral nas nuvens após a conquista da Champions League sobre a Inter de Milão.

No entanto, o brilho parisiense tem uma rachadura. Achraf Hakimi, fundamental na engrenagem de Luis Enrique e finalista do prêmio de melhor defensor, está vetado com uma lesão no tornozelo. A tendência é que o jovem Warren Zaïre-Emery seja improvisado na lateral-direita, criando o “caminho das pedras” que Filipe Luís estudou exaustivamente nas últimas noites.

A Maratona Rubro-Negra e o “Last Dance” do Capitão

Enquanto o PSG descansava, o Flamengo sobrevivia. O campeão da Libertadores chega à sua 78ª partida na temporada, carregando o peso de ter eliminado o Cruz Azul (México) e o Pyramids (Egito) em dias consecutivos de tensão no deserto.

Mas o cansaço físico é combatido com componentes emocionais fortíssimos. O primeiro é a superstição: a FIFA definiu que o Flamengo jogará de branco — o mesmo “Manto Sagrado” utilizado por Zico e companhia no histórico 3 a 0 sobre o Liverpool em 1981.

O segundo é o adeus. Esta final marca a despedida do capitão Gerson. O “Coringa”, pilar do meio-campo e da temporada vitoriosa, teve sua venda acertada para o Zenit, da Rússia, e deixará o clube logo após o apito final. Para o elenco, vencer é também honrar a última dança de seu líder.

Filipe Luís, em sua coletiva, rejeitou o papel de vítima. “Esse grupo tem uma nova alma, se reinventou. Sabemos a dificuldade, mas a vontade de ganhar é a mesma de 81”, declarou o treinador, que busca seu primeiro título mundial no banco de reservas após bater na trave como jogador em 2019.

O Tabuleiro Tático: Onde o Jogo Será Decidido

A provável escalação do Flamengo traz um misto de cautela e ousadia. A grande notícia é o retorno de Pedro. O artilheiro, recuperado de lesão, entrou nos minutos finais contra o Pyramids e está à disposição, embora a tendência seja iniciar no banco para ser a “bala de prata” no segundo tempo, com Bruno Henrique ou o recém-chegado Jorge Carrascal liderando o ataque móvel.

O Duelo Chave: Todo o jogo do Flamengo deve passar pelo setor esquerdo. É ali que Alex Sandro (experiente em parar europeus) e Bruno Henrique tentarão explorar a improvisação de Zaïre-Emery na ausência de Hakimi.

Provável Flamengo: Rossi; Varela, Danilo (o herói da Libertadores), Léo Pereira e Alex Sandro; Pulgar, Jorginho (ou Gerson recuado), Arrascaeta e Gerson (ou Carrascal); Cebolinha e Bruno Henrique.

Provável PSG: Chevalier (ou Safonov); Zaïre-Emery, Marquinhos (recuperado), Pacho e Nuno Mendes; Vitinha, João Neves e Fabián Ruiz; Dembélé, Barcola e Kvaratskhelia (ou Asensio como falso 9).

Serviço do Jogo

A arbitragem ficará a cargo do norte-americano Ismail Elfath, um velho conhecido da torcida rubro-negra: foi ele quem apitou a vitória do Flamengo sobre o Al-Hilal na semifinal de 2019.

  • Onde assistir: A partida terá cobertura massiva no Brasil. TV Globo (aberta), SporTV (fechada), além das plataformas digitais CazéTV, GE e FIFA+.

  • Horário: A bola rola às 14h00 (Horário de Brasília).

Em Doha, os termômetros devem marcar agradáveis 24°C na hora do jogo. O palco está montado. Resta saber se prevalecerá a lógica do dinheiro parisiense ou se a mística de 1981, vestida de branco, escreverá mais um capítulo improvável na história do Clube de Regatas do Flamengo.

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