Fortalecendo o protagonismo indígena e apoiando a luta das mulheres originárias Ava Kuña, Aty Kuña

por Redação
Ava Kuña, Aty Kuña

O protagonismo indígena e a luta das mulheres originárias têm ganhado cada vez mais força por meio de iniciativas audiovisuais que buscam promover a equidade e justiça social. Produtoras como a Z&S, estabelecida no interior do estado de São Paulo, têm se dedicado à potencialização de histórias subrepresentadas, mantendo uma conexão significativa com as culturas indígenas e, em especial, com as mulheres dessas comunidades. Esse vínculo, construído com base no respeito, na confiança e na busca pela promoção da autonomia dos indivíduos em suas próprias narrativas, busca abrir espaços para perspectivas que foram sistematicamente ignoradas.

A parceria da produtora com líderes e ativistas indígenas, como Yvoty Rendyju, Nikita Nhandeva, Sol Terena e Benilda Kadiwéu, e coletivos como o Koa Kuera, possibilita a criação de projetos audiovisuais que amplificam as vozes dessas mulheres e de suas comunidades. Entre as produções mais recentes desenvolvidas, estão os documentários “Ava Kuña, Aty Kuña; mulher indígena, mulher política”, “Respeita Nossa História”, “Vermelho urucum, preto jenipapo” e “Yvoty Mbarete: flores da resistência”. Estes projetos não somente abordam questões de violência estrutural e apagamento cultural, mas também destacam a agência e a importância das mulheres indígenas na preservação de suas tradições e na luta pela manutenção de seus direitos.

A luta das mulheres Guaranis

As mulheres Guarani desempenham um papel fundamental dentro de suas comunidades, sendo guardiãs da língua, das tradições e da cosmologia indígena. Ao mesmo tempo, enfrentam desafios profundos e específicos, como a violência de gênero, a segregação e a falta de infraestrutura nos territórios. Portanto, ao trabalhar com profissionais como Nikita Nhandeva e Yvoty Rendyju, a Z&S busca ressaltar a resiliência política delas frente ao patriarcado, ao racismo e à exploração capitalista.

Nikita Nhandeva, educadora e palestrante da cultura indígena, é a figura central do projeto “Respeita Nossa História”, cujo objetivo é conscientizar alunos e professores não indígenas sobre a realidade dos povos originários. Foi conhecendo esse projeto que surgiu a ideia de produzir um documentário homônimo, que será utilizado com propósitos educacionais dentro, e fora, das dalas de aula.

Já Yvoty Rendyju, etnopolitóloga e doutoranda pela Unicamp, foi curadora da exposição “Coração na Aldeia, Pés no Mundo” e colabora com a Z&S como produtora, roteirista e diretora dos documentários “Ava Kuña, Aty Kuña; mulher indígena, mulher política” e “Yvoty Mbarete; flores da resistência”, que evidenciam a mobilização das mulheres indígenas. Seu trabalho acadêmico e artístico confronta a discriminação institucionalizada e a dominação econômica.

Ao trabalhar com essas mulheres Guaranis e de outras etnias — como Kadiwéus e Terenas—, a Z&S busca levar as histórias das mulheres indígenas para o mundo, destacando a ancestralidade e a emancipação social que marcam suas trajetórias. Produções como o curta-metragem “Ava Kuña, Aty Kuña” já participaram de mais de 60 festivais internacionais, incluindo: ImagineNATIVE Film and Media Arts Festival (Canadá), Festival de Cinema Indígena de Barcelona (Espanha), Latino & Native American Film Festival (EUA), Amazônia Fi-Doc #8 – Festival Pan-Amazônico de Cinema e IV Mostra Sesc de Cinema (Brasil). Além disso, o curta recebeu menção honrosa no WideScreen Film & Music Video Festival (Canadá), no Festival Internacional de Cine Austral (Argentina), na Semana Paulistana do Curta-Metragem e na 7ª Mostra de Cinema Negro de Mato Grosso (Brasil), e premiações como Melhor Filme de Não Ficção no Our Heritage, Our Planet Film Week (EUA), Melhor Filme pelo Júri Oficial no 13º Circuito Penedo de Cinema, Melhor Filme Documental no CineMAZ, Melhor Filme na Mostra Olhares Ancestrais no FESTMINA e Melhor Curta no 4º Festival de Curtas-Metragens de Jundiaí (Brasil).

Exibições, seleções e premiações como essas, têm sido essenciais para romper os estereótipos e preconceitos arraigados em uma sociedade marcada pela opressão sistêmica de grupos em situação de vulnerabilidade e para ampliar a conscientização sobre os direitos e as necessidades dos mesmos.

O engajamento com a causa indígena

O estreitamento de vínculos com as populações originárias exige sensibilidade e um compromisso ético para evitar reproduzir visões estereotipadas ou exploratórias e a Z&S vê nessa relação uma oportunidade de troca e transformação coletiva por meio do audiovisual, aumentando a representatividade nas telas e por trás delas.

Para além da produção do próprio conteúdo em si, criar um impacto social positivo, sensibilizando a sociedade sobre as desigualdades e os obstáculos que esses povos enfrentam é o que move projetos da produtora como: “Respeita Nossa História” e “Vermelho urucum, preto jenipapo”. Tais projetos refletem uma metodologia baseada na edificação de interações genuínas e na confiança mútua.

Em “Vermelho urucum, preto jenipapo”, por exemplo, entendemos como os grafismos e as expressões culturais estão diretamente conectados à identidade, aos costumes e à cosmovisão indígena. O curtametragem, apresentado por Danee Suave, inclui entrevistas com Sol Terena – ativista e educadora na área de sustentabilidade e direitos humanos e empreendedora da marca @grafismoindigena – e Benilda Kadiwéu – liderança e artista que atua como estilista e empreendedora social, sendo referência na arte e na moda contemporânea.

Para garantir que as narrativas sejam sempre autênticas e respeitosas, estabelecer um relacionamento contínuo é fundamental. Acompanhar as jornadas dessas mulheres fortalece uma parceria baseada na empatia.

O futuro dessa colaboração está na articulação de novos projetos que integrem múltiplas vozes e levem os saberes e as cosmologias nativas para públicos globais. A participação da Z&S em festivais e mostras internacionais não apenas evidencia a existência desses povos como sujeitos ativos e presentes, mas também atrai a atenção da mídia global para questões urgentes da contemporaneidade brasileira. Essa atuação contribui para a construção de uma sociedade mais justa e inclusiva, onde as histórias dos povos indígenas não só sejam ouvidas, mas também respeitadas e valorizadas.

Z&S Filmes

A Z&S Filmes é uma produtora especializada na criação e distribuição de conteúdos audiovisuais focados em justiça social, diversidade e representatividade. Por meio de parcerias com comunidades indígenas e outros grupos marginalizados, a produtora busca expandir espaços para vozes historicamente silenciadas, utilizando o audiovisual como ferramenta de transformação social.

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