Futuros – Arte e Tecnologia apresenta inéditas obras da contracultura brasileira na mostra “Gráfica Poética – Luciano Figueiredo e Óscar Ramos”

A exposição exibe a obra dos renomados designers, com capas de discos originais de Caetano Veloso, Gal Costa, Gilberto Gil e muito mais

por Jorge Rodrigues

Capas de disco, cartazes de cinema e outras peças do design dos anos 1970 ganham exposição com acervo inédito no centro cultural Futuros – Arte e Tecnologia, no Flamengo, Rio de Janeiro, a partir do dia 8 de julho. Gráfica Poética – Luciano Figueiredo e Óscar Ramos, com patrocínio da Oi e da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro e apoio cultural do Oi Futuro, apresenta a obra dos renomados artistas plásticos da contracultura no Brasil, movimento conhecido como uma das forças atuantes na resistência à ditadura militar.

A mostra traz capas de disco de Caetano Veloso, Gal Costa, Jards Macalé, encartes de Gilberto Gil e Maria Bethânia, layouts da revista de exemplar único Navilouca, provas de cor, fotolitos, layouts originais, cromos, acessos a conteúdos exclusivos por QRcode e muito mais. É a primeira vez que se lança um olhar sobre a obra dos dois em conjunto, que se conheceram no Rio de Janeiro em 1971, mas nasceram em cidades fora do Sudeste: Figueiredo é cearense e Ramos amazonense. 

Gráfica Poética exibe uma produção artesanal da era pré-digital, incluindo: 40 obras físicas (como capas de discos, cartazes, livros e revistas), vídeos (aberturas e créditos de importantes filmes do cinema nacional), além de duas visitas guiadas, uma com o artista Luciano Figueiredo, e outra com o curador e um designer abertas ao público geral.

“Desde o final dos anos 1960 e ao longo de toda década de 1970, as artes ficaram sem lugar específico e os artistas seguiam com suas produções em diversos campos de atuação. Foi assim que, como dupla, realizamos mais de 100 obras para as artes emergentes como a poesia da época, o cinema, a música e as artes gráficas do que era experimental no Brasil e que, nos últimos anos, passaram a ser chamadas de expressões da contracultura. Por isso, essa produção é hoje avaliada como representativa de certa resistência artística durante os chamados ‘Anos de Chumbo'”, afirma o artista Luciano Figueiredo.

“Estamos muito felizes em receber e apresentar a exposição ‘Gráfica Poética – Luciano Figueiredo e Óscar Ramos’, com seu rico acervo e alguns trabalhos inéditos, nunca antes exibidos ao público. É uma celebração de dois grandes nomes do design brasileiro, que atuaram em um período conturbado e de resistência cultural no país, e uma oportunidade única para todos conhecerem suas trajetórias e legado”, diz Victor D’Almeida, gerente de Cultura do Oi Futuro.

Curadoria investe em acervo inédito

Com curadoria de Aïcha Barat, pesquisadora e doutora em Literatura, Cultura e Contemporaneidade pela PUC Rio, e Fred Coelho, professor do Departamento de Letras da PUC Rio, a mostra apresenta inúmeros itens da produção gráfica dos designers. 

Entre as escolhas, estão: 20 capas de disco (Araçá Azul, de Caetano Veloso; A todo vapor, de Gal Costa; Barra 69, de Caetano e Gilberto Gil; O Luar, de Gilberto Gil, Talismã, de Maria Bethânia, Cores, Nomes, de Caetano Veloso, Só Morto: Burning Night, de Jards Macalé, entre outras). 

Do mundo do cinema, serão apresentados cartazes (A Agonia, de Julio Bressane; 1x Flamengo, de Ricardo Sollberg; Raoni, de Jean-Pierre Dutilleux e Luiz Carlos Saldanha, entre outros), bem como letreiros de abertura e créditos de filmes concebidos pela dupla; além de dois filmes super 8 raros desenvolvido durante uma estadia em Cardiff, no País de Gales. Já a revista Navilouca, terá alguns de seus processos originais expostos e será reproduzida em versão motion para que os visitantes possam ter acesso às suas páginas. 

“A exposição evidencia o design inovador da contracultura, orientado para a valorização do poder da palavra escrita, sua inventividade e sua visualidade. Capas de disco, cartazes, cenários de show eram pensados como um projeto total no qual poesia e artes plásticas se retroalimentam. Verbal e visual se unem”, reflete Aïcha Barat.

Fred Coelho, pesquisador da contracultura no Brasil, também acredita que a exposição é de grande importância para o público conhecer mais a fundo essa geração de artistas que são verdadeiros pensadores da escrita gráfica/estética.  “Existe toda uma linguagem visual dos anos 1970 permeando o trabalho de Jards Macalé, Gal Costa, Gilberto Gil, Ivan Cardoso, Torquato Neto, Waly Salomão, Hélio Oiticica, Júlio Bressane, por exemplo”, comenta Fred, autor de importantes livros como Livro ou Livro-me, os escritos babilônicos de Hélio Oiticica.

Minibio de Luciano e Óscar

Óscar Ramos nasceu em 1938, na cidade de Itacoatiara, a 270 km de Manaus. Aos oito anos, se mudou para Manaus com a família.  Em 1948, nasceu Luciano Figueiredo, em Fortaleza (CE), onde passou a infância.  Em 1963, já morando no Rio de Janeiro, Óscar estudou pintura com Ivan Serpa no MAM Rio, enquanto Luciano estudou em Salvador com Adam Firnekaes, músico e pintor expressionista que veio ao Brasil influenciado pelas teorias de cor de Paul Klee e Wassily Kandinsky. Luciano e Óscar se conheceram em 1971 no Rio de Janeiro e iniciaram uma longa parceria na vida e no trabalho, assinando conjuntamente cenários para teatro e shows, capas de discos, livros, entre outros. Assinaram a cenografia do show Gal a Todo Vapor, mais conhecido como “Gal Fatal”, com direção de Waly Salomão no Teatro Tereza Rachel, no Rio de Janeiro.  O trabalho da dupla ganhou notoriedade com o uso de faixas com o que Waly chamava de Palavras-Destaque (FA-TAL e VIOLENTO). No ano seguinte, assinam a capa do disco do show e criam a capa do disco Barra 69, de Caetano Veloso e Gilberto Gil. Em 1972, passaram a maior parte do ano trabalhando no layout da revista Navilouca, de Torquato Neto e Waly Salomão, com colaborações de Augusto de Campos, Caetano Veloso, Chacal e Hélio Oiticica, entre diversos outros expoentes da experimentação plástica, poética e comportamental no país. Após inúmeros trabalhos em parceria, Luciano e Óscar se separaram em ​1983, encerrando 11 anos de parcerias e inaugurando uma fase de projetos gráficos individuais. Óscar Ramos faleceu em 2019, em Manaus, aos 80 anos, vítima de um AVC. Sua vida e obra são temas do documentário Oscar Ramos – O homem que morava no Cinema Éden, de Sérgio Cardoso. 

Para mais informações acesse:

www.ludicaproducoes.com.br/graficapoetica

@ludica.producoes no Instagram 

SERVIÇO:

Gráfica Poética – Luciano Figueiredo e Óscar Ramos

Local: Futuros – Arte e Tecnologia (R. Dois de Dezembro, 63 – Flamengo, Rio de Janeiro)

Data: 08 de julho a 27 de agosto;

Horário: 4ª a Dom: 11h às 20h
Entrada gratuita

Patrocínio: Oi e Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro, com apoio cultural do Oi Futuro

Assessoria de imprensa: Purpurina

Julia Casotti – 27 993166423

Fernanda Burzaca – 11 99920-1482

Você pode gostar

Deixe um comentário

Este site utiliza cookies para melhorar sua experiência. Presumiremos que você concorda com isso, mas você pode cancelar se desejar. Aceito Leia mais

Share via