“Gabriele Basilico: Paisagens Urbanas” fica aberta até o dia 11/9

Exposição promovida pelo Instituto Italiano de Cultura do Rio de Janeiro reúne registros do fotógrafo milanês realizadas entre 1978 e 2012

Foto mostra Basilico - Página 11
Foto mostra Basilico - Página 11

Está chegando ao fim a  a exposição “Gabriele Basilico: Paisagens Urbanas”, que é promovida pelo Instituto Italiano de Cultura do Rio de Janeiro e poderá ser visitada, gratuitamente, até o dia 11 de setembro deste ano, no “Polo Cultural ItalianoRio – arte, design e inovação”. A seleção de obras de Gabriele Basilico, nascido em Milão em 1944, inclui 77 fotografias realizadas entre 1978 e 2012, cobrindo quase todo o seu percurso artístico, com curadoria de Giovanna Calvenzi e Filippo Maggia. Gabriele Basilico foi um dos fotógrafos italianos mais conhecidos internacionalmente e suas obras estão presentes em coleções de prestigiadas instituições públicas e privadas em todo o mundo, e até hoje mais de 130 livros e catálogos foram publicados sobre seu trabalho.

Após obter o diploma em arquitetura em 1973 pelo Politécnico de Milão, Basilico iniciou uma jornada de pesquisa que, através da fotografia, examina com crescente aprofundamento e análise detalhada as áreas urbanas e a paisagem industrial, focando nas mudanças que marcam a passagem do tempo e caracterizam o irreversível processo de antropização dos lugares e, em particular, das cidades metropolitanas. A coleção de obras organizada para a exposição é um exemplo valioso de seu percurso profissional e artístico, considerando essas práticas aparentemente inconciliáveis – e quase inseparáveis – no trabalho de Basilico, como se fossem uma referência constante, um estímulo mútuo às vezes induzido, provocado, outras vezes natural, capaz de produzir uma visão única e especial, resultado de um processo osmótico. A consciência de um olhar que só o progressivo acúmulo de experiência permite ao artista possuir.

Após obter o diploma em arquitetura em 1973 pelo Politécnico de Milão, Basilico iniciou uma jornada de pesquisa que, através da fotografia, examina com crescente aprofundamento eanálise detalhada as áreas urbanas e a paisagem industrial, focando nas mudanças que marcam a passagem do tempo e caracterizam o irreversível processo de antropização dos lugares e, em particular, das cidades metropolitanas. A coleção de obras organizada para a exposição é um exemplo valioso e magistral de seu percurso profissional e artístico, considerando essas práticas aparentemente inconciliáveis quase inseparáveis no trabalho de Basilico, como se fossem uma referência constante, um estímulo mútuo às vezes induzido, provocado, outras vezes natural, capaz de produzir uma visão única e especial, resultado de um processo osmótico. A consciência de um olhar que só o progressivo acúmulo de experiência permite ao artista possuir.

A exposição percorre a carreira artística de Basilico começando com Milano. Ritratti di fabbriche (Milão. retratos de fábricas), realizado em três anos a partir de 1978 e depois exposto no Pavilhão de Arte Contemporânea de Milão em 1983, uma mostra pessoal que o consagrou como uma das figuras mais inovadoras no panorama fotográfico nacional e internacional dos primeiros anos 1980, e prossegue com algumas imagens produzidas para a missão fotográfica coordenada pela DATAR (Délégation à l’Aménagement et à l’Action Régionale) a pedido do governo francês. No mesmo período, Basilico trabalha em uma coleção de imagens dos portos europeus: Gênova, Hamburgo e Antuérpia fazem parte da mostra Porti di mare (Portos de mar), que vencerá o “Prix Mois de la Photo” em Paris em 1990. Beirute representa outro importante capítulo na obra de Basilico: o artista milanês visitou a capital do Oriente Médio quatro vezes entre 1991 e 2011.

Nesta longa fase que abre e fecha o ciclo dedicado a Beirute, Basilico colore, mas principalmente amplia e eleva seu olhar, continuando a prestar grande atenção ao objeto arquitetônico, ao estudo das formas e volumes que, através da fotografia, se tornam tangíveis, mais próximos e imediatos ao espectador. Isso é demonstrado pelas imagens de Paris, Palermo, Barcelona, Porto, mas também de Bilbao, Nápoles, Berlim, onde, independentemente da qualidade da arquitetura, é a busca obsessiva por um equilíbrio formal que sempre surpreende: sobreposições de perspectivas – como no caso de Palermo e Monte Carlo -, luzes, sombras e sinais da contemporaneidade – os carros em Barcelona, o mobiliário urbano de Zurique -, e da História – o Checkpoint Charlie em Berlim -, não apenas completam a construção visual da imagem, mas a contextualizam, tornando aquela fotografia um documento.

Com as campanhas fotográficas de 2007 em Moscou e São Francisco – onde foi convidado pelo MoMA para fotografar o Vale do Silício -, o campo de visão abrangido pelo grande formato da câmera analógica se expande e se eleva. A escolha do ponto de vista não é mais apenas fruto de uma longa e cuidadosa inspeção, mas o ato final de um exercício que o fotógrafo viveu plenamente, com generosidade e respeito pelo lugar e por quem o vive e o transforma a cada dia.

À observação e documentação agora se adiciona um passo fundamental que coincide com uma prática artística mais madura: uma espécie de contemplação lúcida e participativa, uma visão sábia que reconhecemos nos ciclos fotográficos produzidos em Istambul em 2005 e novamente em 2010 por ocasião da nomeação da cidade turca como capital europeia da cultura; em Xangai, também em 2010, para fotografar o Pavilhão Italiano projetado para a Exposição Universal; no Rio de Janeiro em 2011, convidado pela companhia brasileira Oi Telefônica.

“Algumas cidades (Milão, Roma, Beirute) estão presentes em diferentes momentos da mostra. Milão é vista primeiramente como uma cidade industrial, onde até mesmo o aspecto monumental é de algum modo contaminado pela contemporaneidade e captado em perspectivas que recusam qualquer concessão à pura exterioridade. Também a monumentalidade de Roma, tão fortemente impressa no imaginário coletivo, aparece de modo quase incidental nas fotografias de Basilico, como um dado objetivo e por certos aspectos ineludível, mas que não consegue monopolizar o olhar do fotógrafo, preocupado, em vez disso, em procurar na imagem “de cartão-postal” a perspectiva fugidia, o elemento perturbador, o apelo à atualidade. O olhar sobre os monumentos de Roma inclui, portanto, também elementos arquitetônicos modernos; os tons outonais de um dia nublado estão em contraste com a imagem geralmente solar da “Cidade Eterna”; por fim, a multidão que se aglomera diante da Fonte de Trevi obstruindo sua visão geral parece ser uma premonição de como o excesso de turismo torna agora impossível a fruição puramente estética dos monumentos antigos. De Beirute, no entanto, foram fotografadas em 1991 as feridas deixadas pela trágica guerra civil que acabava de terminar e, vinte anos depois, a riqueza efêmera de que são expressão os arranha-céus e os barcos do porto.

O olhar analítico, distanciado e muitas vezes crítico de Basilico se encontra nas fotografias de outros lugares célebres da iconografia italiana, dos Uffizi de Florença ao Maschio Angioino de Nápoles, da Piazza San Marco em Veneza ao Palácio Ducal de Urbino, da Mole Antonelliana de Turim ao Vesúvio de Nápoles. Em todas as cidades do mundo, Basilico nunca está interessado em retratar o que já é notório, mas em explorar a perspectiva original, que lhe permite realçar os contrastes e as dissonâncias. O elemento unificador é a ausência de figuras humanas, que mesmo quando estão presentes constituem sempre um elemento acessório, quase um complemento da paisagem urbana, como os automóveis estacionados nas margens das ruas ou os trilhos ferroviários. O que interessa ao fotógrafo é retratar cada cidade na sua essência arquitetônica, independentemente da humanidade que a construiu, que a povoa e em função de quem ela existe. Retrata-se uma paisagem urbana estática captada em sua objetividade, sem retórica e com distanciamento científico, que é a forma de ver de Basilico e que se observa tanto nas fotografias de grandes perspectivas urbanas, quanto nos recantos de pequenas cidades do interior italiano ou de ruas anônimas das periferias metropolitanas de todo o mundo.

Fazem parte da mostra também algumas fotos do Rio de Janeiro realizadas por Basilico em 2011, quando visitou a cidade carioca para a inauguração da sua exposição monográfica. Coerentemente com sua visão da paisagem urbana, Basilico não se detém na iconografia tradicional da “Cidade Maravilhosa”: em suas fotos não vemos o Cristo Redentor, o Pão de Açúcar, as praias de Ipanema e Copacabana, os Arcos da Lapa ou o Carnaval. No Rio também a atenção de Basilico se foca no tecido urbano, no verticalismo dos edifícios modernos, no detalhe de um cruzamento anônimo de uma rua da periferia. Uma visão moderna, antirretórica da cidade, observada da perspectiva de quem a atravessa diariamente. Um olhar sobre a contemporaneidade que nos obriga a refletir sobre a natureza dos espaços urbanos em que vivemos e sobre como a forma da cidade contribui para moldar nossas relações sociais e nosso modo de viver”.

Marco Marica Diretor do Instituto Italiano de Cultura do Rio de Janeiro

Serviço

“Gabriele Basilico: Paisagens Urbanas”

Visitação: até 11 de setembro de 2024

Curadoria: Giovanna Calvenzi e Filippo Maggia

Funcionamento: de segunda a sexta, das 7h30 às 16h30

Local: “Polo Cultural ItalianoRio – arte, design e inovação”

Endereço: Av. Pres. Antônio Carlos, 40 – Centro, Rio de Janeiro

Produção: Artepadilla

Molduras: Metara

Classificação livre

Entrada franca