Gemini 3: O sucesso que quebrou a Internet e iniciou uma guerra fria de hardware

A euforia em torno do lançamento do Gemini 3, ocorrido em 18 de novembro, cobrou seu preço. O que começou como uma resposta entusiasmada de líderes do setor e uma disparada nas ações da Alphabet transformou-se, dias depois, em um desafio logístico crítico. Diante de uma “demanda avassaladora”, a gigante das buscas foi forçada a pisar no freio, restringindo significativamente o acesso à modalidade gratuita de seu novo modelo de IA.

No entanto, a verdadeira notícia não está apenas na escassez de acesso, mas no que o Gemini 3 provou ser possível fazer com hardware proprietário, enviando ondas de choque que chegaram até a sede da Nvidia.

O fim da “Festa Gratuita” para o usuário comum

Para o usuário final não pagante, a experiência mudou drasticamente. Quem antes contava com até cinco prompts diários garantidos, agora navega em um território de incerteza denominado “acesso básico”. Segundo a nova política, os limites diários tornaram-se flutuantes e podem ser reduzidos para apenas três interações, dependendo do tráfego da rede.

As restrições também atingiram severamente as ferramentas criativas:

  • Nano Banana Pro: A ferramenta de geração de imagens do modelo teve seu limite reduzido de três para duas imagens diárias em contas gratuitas.

  • NotebookLM: O serviço reverteu temporariamente novos recursos, como a criação automática de infográficos e apresentações, citando “restrições de capacidade”.

Assinantes dos planos Google AI Pro (US$ 19,99/mês) e AI Ultra (US$ 249,99/mês) permanecem blindados, mantendo limites de 100 e 500 prompts diários.

O “Efeito Benioff” e a validação do modelo

Apesar das frustrações dos usuários gratuitos, o lançamento foi um sucesso retumbante no mundo corporativo. O catalisador para a recente alta das ações veio de um endosso de peso: Marc Benioff, CEO da Salesforce.

Em 24 de novembro, Benioff declarou no X que estava abandonando o ChatGPT após três anos de uso diário. “O salto é insano — raciocínio, velocidade, imagens, vídeo… tudo está mais nítido e mais rápido,” escreveu. O mercado reagiu elevando a capitalização da Alphabet para quase US$ 3,9 trilhões.

Batalha de gigantes: Gemini 3 vs. GPT-5.1

A superioridade técnica citada por Benioff não é apenas anedótica; ela se reflete nos benchmarks mais respeitados da indústria. O Gemini 3 destronou a OpenAI no ranking LMArena, estabelecendo um novo padrão de performance.

Abaixo, preparamos um comparativo direto das especificações conhecidas e métricas de desempenho que estão redefinindo o mercado:

Recurso / Métrica Google Gemini 3 OpenAI GPT-5.1
Pontuação LMArena 1501 (1º Lugar) ~1485 (2º Lugar)
Infraestrutura de Chip Google TPUs (ASIC Proprietário) Nvidia H100/Blackwell (GPU)
Geração de Imagem Nano Banana Pro (Nativa) DALL-E 3/4
Plano Gratuito Acesso Básico Flutuante (3-5 prompts) Limitado (GPT-4o mini/padrão)
Plano Premium AI Pro ($19.99) / AI Ultra ($249.99) ChatGPT Plus ($20.00)
Ecossistema Integrado ao Workspace/NotebookLM Integrado ao MS Copilot

Análise: A ameaça silenciosa à Nvidia

O aspecto mais disruptivo desta tabela é a linha “Infraestrutura de Chip”. O Gemini 3 roda inteiramente em Tensor Processing Units (TPUs), dispensando as cobiçadas GPUs da Nvidia. A queda de 5% nas ações da Nvidia na terça-feira reflete o temor de que os “hyperscalers” parem de comprar seus chips.

1. A Meta e a Mudança de Paradigma

Relatórios indicam que a Meta Platforms considera migrar sua infraestrutura para TPUs do Google (ou desenvolver arquitetura similar) a partir de 2027. Se Mark Zuckerberg, um dos maiores compradores de GPUs do mundo, decidir que os TPUs oferecem melhor custo-benefício, o “fosso” (moat) da Nvidia começa a secar.

2. Vantagem de Custo e Energia

Como os TPUs são ASICs (chips desenhados para uma única função), eles consomem menos energia por operação que as GPUs de uso geral. Isso permite ao Google escalar o Gemini 3 com margens de lucro que a OpenAI — dependente do hardware da Nvidia — tem dificuldade em replicar.

Em resposta, Sam Altman alertou funcionários da OpenAI sobre “ventos econômicos contrários”, sugerindo que a empresa sente a pressão não apenas na qualidade do modelo, mas na sustentabilidade de sua infraestrutura.

O lançamento do Gemini 3 não foi apenas uma atualização de produto; foi uma demonstração de força que pode redefinir a economia da IA para a próxima década.

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