Gente Nova da Antiga

Gente Nova da Antiga

Áurea Martins, André Gabeh e Vidal Assis apresentam “Gente Nova da Antiga”, espetáculo inspirado no disco histórico “Gente da Antiga”, lançado por Clementina de Jesus, Pixinguinha e João da Baiana, nos anos 1960. Com entrada gratuita, o show estreou no último sábado, na Arena Carioca Fernando Torres, em Madureira. A turnê passa ainda, dia 15 de abril, pela Arena Carioca Dicró, na Penha; e, dia 22 de abril, pelo Centro da Música Carioca Artur da Távola, na Tijuca. Todas as apresentações terão tradução em Libras e programas de sala em Braille.

Com arranjos camerísticos e inéditos que ressaltam a beleza e atemporalidade das músicas de caráter afro-brasileiro que compõem o repertório do disco, o show homenageia o trio que, em suas respectivas carreiras, foi responsável por recuperar a memória da conexão africana na música popular. À época da gravação, Clementina tinha 65 anos, Pixinguinha 70 e João da Baiana 82, todos em pleno vigor criativo.

Clementina, Pixinguinha e João da Baiana transitaram com muita naturalidade entre a juventude de seu tempo e foram responsáveis pela transmissão de sua ancestralidade às gerações mais novas. “Gente Nova da Antiga” habita este lugar de afeto no encontro de uma das últimas matriarcas da música negra em atividade, Áurea Martins, de 82 anos, com dois dos melhores cantores negros da nova geração, Vidas Assis e André Gabeh.

“Eu tenho especial amor e respeito por essa arte assim pensada, que o tempo tratou de cristalizar. Acho que a velhice não apaga o essencial; pelo contrário, dá a coloratura exata e até dimensiona o verdadeiro artista”, sintetiza Hermínio Bello de Carvalho, produtor musical do disco “Gente da Antiga”.

No repertório do novo show, as faixas “Yaô” (Pixinguinha e Gastão Viana), “Roxá” (domínio público), “Mironga de Moça Branca” (domínio público), “Batuque na Cozinha” (João da Baiana), “Que Querê” (João da Baiana, Donga e Pixinguinha) e “Fala Baixinho” (Pixinguinha e Hermínio Bello de Carvalho) se unem a canções que não estão no disco, mas que se conectam a elas, como “São Pixinguinha” (Emicida), “Coisa da Antiga” (Nei Lopes e Wilson Moreira), “Moro na Roça” (José Passos e Arnaldo Passos), “Ilú Ayê” (Norival Reis e Cabana), tecendo pontes entre ancestralidade e contemporaneidade.

Dirigido por Renata Grecco, o show tem banda formada pelos músicos Marcos Suzano (percussão e pandeiro), Mário Séve (sax e flautas) e Lui Coimbra (violoncelo, violão e rabeca) – este também diretor musical e arranjador.

GENTE NOVA DA ANTIGA

Áurea Martins é uma artista diamantífera, única. Faz parte de uma tradição de cantoras que, como Clementina, carrega na voz a história da nobreza do povo preto, suas dores e suas potências. Em 2022, viu seu disco “Senhora das Folhas” configurar entre os melhores da década e ser indicado ao Grammy Latino. Em 2023, Áurea comemora 83 anos como se debutasse, cheia de vigor e energia. Nascida para a música no contexto da bossa-nova, foi uma das únicas cantoras negras da cena e sentiu o preconceito deste país de desigualdades. Em 2017, ganhou uma biografia comovente, intitulada “A Invisibilidade Visível”. Com mais de 60 anos de shows, lançou nove discos solo, recebeu o prêmio de Melhor Cantora pelo Prêmio da Música Brasileira 2009 e foi tema de curta-metragem sobre sua vida com mais de 21 prêmios (inclusive de melhor atriz). Em “Gente Nova da Antiga”, Áurea ocupa o protagonismo que é seu por herança e direito.

André Gabeh é cantor de timbre raro e extensão vocal privilegiada. Tem dois álbuns solo, “André Gabeh” (2002) e “O Jardim de André” (2017), e participação em mais de 20 discos como cantor convidado. É também escritor, com três livros lançados: “Nunca foi Sorte, Sempre foi Macumba”; “Suburburinho” e “Bizum e Barnabé Visitam a Terra Mãe”.

Vidal Assis é cantor e compositor da nova geração da música popular brasileira. Seu álbum “Retratos” tem parcerias suas com o poeta Hermínio Bello de Carvalho, e passeia por estilos como samba, baião, afoxé, capoeira e toada.

GENTE ANTIGA

Clementina surgiu como elo entre a moderna cultura negra e a África Mãe. João da Baiana foi compositor e pandeirista. Neto de ex-escravizados, sua mãe formou com Ciata e Amélia as conhecidas Tias Baianas. Foi na casa delas, com Pixinguinha e Donga, que começou sua trajetória artística. Foi um dos primeiros a gravar os chamados pontos de macumba. É considerado pandeirista de referência para o desenvolvimento do samba urbano. Gênio incontestável, Pixinguinha foi instrumentista, compositor, orquestrador e maestro. Misturando valsas, polcas e modinhas com elementos afro-brasileiros e sonoridades rurais, Pixinguinha definiu a forma musical do choro. O autor de “Carinhoso” foi o principal responsável pela concretização de uma música popular, baseada na formação flauta-violão-cavaquinho. Mais tarde, dando ênfase ao uso da percussão, elaborou uma linguagem de orquestra tipicamente nacional.

Sobre as gravações do álbum, Hermínio Bello de Carvalho, produtor musical, nos conta histórias saborosas na contracapa do LP: “A presença de Pixinguinha, todos sabem, enternece pela sua lindeza. Seus quase setenta anos não alteraram a sua inventiva. Com seus sessenta e cinco anos, mãe Clementina deixava transparecer a emoção de se ver em tão ilustre companhia. João da Bahiana? Quem não o viu passar, com seu terno branco, sua imensa gravata de bolinhas, seu cravo na lapela? Seu único problema, e que o afligia terrivelmente, é se deveria ou não cantar com a dentadura – pois não queria ver prejudicada sua articulação”.

“Gente Nova da Antiga” é um show reverente e devoto da irreverência, ousadia, alegria, excelência e resistência destes artistas que formam o que podemos chamar de sementes, raízes, troncos, flores e frondosas copas da música brasileira. Tanto os “Da Antiga” como os “Gente Nova”.

* O projeto “Gente Nova da Antiga” foi contemplado no Edital FOCA 20222 da Secretaria Municipal de Cultura da Cidade do Rio de Janeiro e circula pela Zona Norte da cidade nesta estreia.

SERVIÇO

GENTE NOVA DA ANTIGA

Áurea Martins, André Gabeh e Vidal Assis homenageiam Clementina, Pixinguinha e João da Baiana

EVENTO GRATUITO

Penha

Data: 15 de abril (sábado)

Horário: 19h

Local: Arena Carioca Dicró

Endereço: Rua Flora Lobo s/nº – Parque Ary Barroso

Tijuca

Data: 22 de abril (sábado)

Horário: 17h

Local: Centro da Música Carioca Artur da Távola

Endereço: Rua Conde de Bonfim, 824 – Tijuca

Entrada gratuita e classificação etária livre.

Ingressos disponíveis 1h antes de cada apresentação nos respectivos locais.

Todas as apresentações com tradução em Libras e programas de sala em Braille.

FICHA TÉCNICA

Áurea Martins: voz

André Gabeh: voz

Vidal Assis: voz

Lui Coimbra: violoncelo, violão, rabeca e charango

Marcos Suzano: pandeiro e percussão

Mário Séve: sax e flautas

Renata Grecco: direção artística e direção de produção

Cibele Lopes: produtora executiva

Léo Aversa: fotógrafo

Miriam Roia e Vivi Drumond (Somar Comunicação Integrada): assessoria de imprensa e mídias digitais

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