Giuliano Eriston lança EP com repertório de Sérgio Sampaio

Giuliano Eriston

A vitória de Giuliano Eriston no “The Voice Brasil”, em 2021, veio como um furacão na vida do músico nascido na pequena Bela Cruz, no interior do Ceará. Passada a tempestade — e o lançamento do álbum que ele ganhou como prêmio do reality musical, “Universo em Si”, lançado pela Universal Music em 2022 —, Giuliano lança agora um novo EP, dia 5 de dezembro, em única apresentação, com show no Blue Note Rio. “Participar do programa foi incrível, uma vitrine maravilhosa. Mas nunca quis essa coisa de ‘explodir’, estar em todos os jornais, sou tímido. Hoje, navego em mares mais calmos e passei a me encontrar melhor, respeitar meu tempo, minha coerência como artista. Mas fui muito respeitado, artisticamente falando, no The Voice. Sou eternamente grato”, diz.

Em “Giuliano Eriston interpreta Sérgio Sampaio”, que será lançado dia 25 de outubro em todas as plataformas digitais com destaque para Spotify, dizzer, Amazon e Tidal, o músico, de 27 anos, reforça sua brasilidade e apego ao canto nacional, ao homenagear o saudoso e controverso artista capixaba, nome que se destacou na música brasileira principalmente nos anos 1970. Parceiro de Raul Seixas, é de autoria de Sérgio o clássico ‘Eu Quero É Botar Meu Bloco na Rua’. “Acabou que, com o fato de querermos mostrar músicas não tão conhecidas da obra dele, essa música que foi um dos mais eloquentes protestos da MPB contra a ditadura, ficou de fora do repertório,”, conta Giuliano, sobre o trabalho que tem cinco músicas do homenageado regravadas.

Com produção de Pedro Baby, o EP sai pela gravadora Indie Records. O repertório, escolhido a quatro mãos, inclui as canções ‘Cabra Cega’, ‘Maiusculo’, ‘Sinceramente’, ‘Real Beleza’ e ‘Muito Além do Jardim’. Produtor musical disputado, com parcerias com artistas como Marisa Monte, Arnaldo Antunes, Iza, Daniel Jobim, entre outros, Pedro explica que revisitar a obra de Sérgio Sampaio é quase como uma, por assim dizer, reparação histórica. “O Sérgio, pelo que percebo, talvez não tenha sido um artista tão bem digerido em toda a sua potencialidade, porque tinha maneira áspera. Mas eu sou fascinado pela maneira como ele tocava, de forma completamente visceral”, diz Pedro, que afirma que sempre teve o homenageado como inspiração, apesar de Sérgio ter tido a carreira também pontuada por atitudes autodestrutivas e conflitos com

gravadoras. “Tem uma poesia nessa estética, digamos, intensa e irreverente do Sérgio Sampaio. E isso tem a ver com o que tenho procurado para minha carreira ultimamente. Por isso, quis beber na fonte do legado desse grande artista”, completa Giuliano.

Assim como Sérgio inspirou Pedro Baby. O próprio Pedro, serviu de inspiração para Giuliano. Sempre mesmo. Isso porque a história dos dois começa quando Giuliano tinha 12 anos. “Foi durante as gravações do programa Som & Areia, do Multishow, apresentado pelo Davi Moraes, do qual participei, gravado em Jericoacoara”, lembra Pedro, contando ainda que, na época ouviu dizer que tinha um menino que tocava violão muito bem, e pediu para a produção ir atrás do tal menino. Giuliano então participou da atração. Os dois ficaram anos sem se ver até que, recentemente, Giuliano fez uma participação em um show de Michel Teló, que foi seu técnico no “The Voice”, em um festival que tinha Pedro Baby como diretor artístico. “Fui até ele nos bastidores, perguntei se ele lembrava de mim. E não é que ele lembrou?!”, recorda Giuliano.

Desde então, Giuliano e Pedro não se desgrudaram mais, viraram grandes amigos — “A parceria aqui é dentro e fora dos palcos”, Pedro faz questão de frisar. Fã declarado do pupilo, o músico e produtor o indica para vários trabalhos, desde os “Novos Baianos”, passando pela banda “Manifesto Tropical”, projeto dele com Lúcio Mauro Filho dedicado à música brasileira, até tocar com Pepeu Gomes, seu pai e um dos maiores músicos do país, Brasil afora. “Ele realmente é um presente na minha vida, artística e pessoal”, elogia Giuliano, que foi desencorajado por Pedro a deixar o Rio e voltar para o Ceará, nos momentos de dúvida por conta da dificuldade de se estabelecer na cidade. “Fiquei desesperado com medo desse talento deixar o Rio e passei a recomendá-lo para tudo que posso”, diz Pedro Baby.

Apesar de ser filho de um músico com uma professora multiartista, Giuliano é autodidata e aprendeu a tocar instrumentos sozinho. “Meu pai até ensinou os primeiros acordes, mas ele também aprendeu sozinho. Ou seja; zero didática e zero paciência para ensinar”, diverte-se

Eriston. O primeiro instrumento foi o violão, aos sete anos. Depois, em um projeto social da sua cidade, teve contato com a guitarra. “Nessa época, com meus 9, 10 anos, fui influenciado por um professor fã de heavy metal e tive uma banda chamada Fire of the Metal”, recorda Giuliano. “Até alisava o cabelo com escova nessa época” diverte-se o músico, contando ainda que pouco

depois passou a ver a guitarra com outro contexto, “mais jazzístico, ao mesmo tempo que associado à música brasileira”. Giuliano também toca flauta, sax, baixo e bandolim. “Ouço os instrumentos, me apaixono pelo som e me dedico intensamente a aprendê-los”, finaliza Giuliano Eriston, o nome da vez quando o assunto é brasilidade na música em sua essência.

Serviço:

Shoew de lançamento dia 5 de dezembro, às 20h

Bluenote Rio: Avênida Atlântica, 1910 – Copacabana

Ingressos: bluenoterio.combr e eventim.com.br

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