Uma exaltação à memória e à ancestralidade afro-brasileira. Esta é a definição de “Iê”, a exposição inédita do escultor Claudio Kfé, que faz um tributo à trajetória de artistas que moldaram a cultura afro-brasileira. A abertura da mostra acontece no dia 15 de novembro, às 19h, no Dida Bar e Restaurante, onde ficará em exibição até o dia 30, de forma gratuita..
Carioca e suburbano, Claudio Kfé é um artista negro que há 30 anos se dedica a construir um diálogo entre a sua arte e o sagrado. Nesta exposição, faz uma homenagem ao mestre Jorge Rodrigues, escultor Capixaba que viveu por muitos anos radicado no Rio de Janeiro, e se tornou uma grande inspiração para a obra de Kfé. Trazendo a madeira como obra-prima de suas peças, o escultor dá forma e vida aos orixás, de Exú a Oxalá, através de lanças, abebés, máscaras e adjás, expressando a riqueza da cultura negra.
“Essa exposição é o meu olhar para a vida do negro. A arte para mim é uma linguagem, então não vejo a arte apenas como ganho, é uma forma de expressão. E pensando a minha trajetória, o universo do Candomblé é o maior marco para a expressão da cultura do negro. Se não fosse o Candomblé no Brasil a cultura negra já teria se perdido!”, afirma o artista.
O escultor ainda reflete sobre a importância do mestre Jorge Rodrigues, homenageado na exposição, na sua formação como artista.
“Existe uma variação enorme de artistas negros. Na minha vida, a maior referência é Jorge Rodrigues. Um negro capixaba, erradicado no Rio, que foi autodidata e se descobriu escultor, e se transformou com maestria no artista que eu tive a honra e o prazer de encontrar. Infelizmente morreu prematuramente, mas eu trago dentro de mim uma eterna gratidão e jamais vou esquecer e deixar de exaltar sua memória. E o próprio título da exposição é uma homenagem a ele. Eu não sou nada se eu não referenciar quem veio antes, e definitivamente Jorge Rodrigues é a minha maior motivação com o artista”.
A escolha do Dida Bar e Restaurante como local da exposição não é por acaso. Patrimônio Cultural, Gastronômico e Imaterial do Rio de Janeiro, o espaço é dedicado à valorização de saberes e valores africanos por meio da gastronomia. Criado por mãos pretas e com uma história entrelaçada às raízes da chef Dida, o bar é um local de resistência cultural, onde a tradição culinária e as rodas de samba promovidas por Tia Maria, mãe da chef, são celebradas.
“Trazer à tona a obra de um artista negro, especialmente um que vem de um contexto suburbano carioca, é uma forma de evidenciar que o povo negro possui uma cultura própria e que suas vozes são essenciais para a construção da identidade brasileira. Essa exposição não só enriquece o ambiente cultural, mas também serve como um reconhecimento das capacidades e contribuições do povo negro para a sociedade. Celebrar e divulgar essa arte é, portanto, uma maneira de afirmar que o povo preto é rico em todos os sentidos e capaz de criar e inovar!”, destaca Taís Espírito Santo, produtora da exposição e Fundadora da Orun Aiyé Produções.
No mês em que são celebradas a cultura, a memória e o legado da história afro-brasileira, a mostra “Iê” oferece ao público um mergulho na arte negra contemporânea e ancestral de Carlos Kfé.
A exposição “Iê” é uma realização da Orun Aiyé Produções, uma produtora carioca comprometida em dar visibilidade a artistas pretos.
SERVIÇO
Dida Bar e Restaurante
Rua Barão de Iguatemi, 379 – Praça da Bandeira, Rio de Janeiro – RJ
Datas: 15 a 30 de novembro de 2024
Entrada: Gratuita