O vagão-leito que serviu de hotel entre Bahia, Aramiru, Itumirim e Juazeiro | Foto de R. Bouillenne, 1922

Imagens da expedição botânica belga ao Brasil há 100 anos em exposição no Jardim Botânico do Rio de Janeiro

Exposição traz a público reproduções de parte significativa do rico acervo histórico de fotografias do Jardim Botânico e outros itens da expedição liderada pelo botânico Jean Massart, além de imagens de expedições atuais que mostram a continuidade das pesquisas de campo da instituição. A mostra abre ao público, às 11h, na segunda (27), e fica até 27 de setembro no Galpão das Artes do JBRJ

por Redação

A exposição O Jardim Botânico e a Expedição Belga no Brasil 1922-23 tem como objetivo apresentar ao público parte do rico acervo fotográfico do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro. As imagens expostas são reproduções de fotografias produzidas pelos biólogos belgas que estiveram no Brasil, nesse período, com destino à Amazônia. Juntamente aos relatórios da viagem, que se encontram nas obras raras da Biblioteca do JBRJ, tais imagens constituem um valioso patrimônio científico.

A mostra está organizada em seis grandes temas, abordando: a organização da ‘missão belga’ e o papel do Jardim Botânico em sua consecução; as viagens científicas que fizeram no Estado do Rio de Janeiro antes de percorrerem outros estados até a Amazônia; a importância científica da expedição; o acervo fotográfico científico proveniente da expedição, com a apresentação de alguns originais em vidro, e a produção do conhecimento científico em campo até os dias de hoje.

Historicamente, o Jardim Botânico do Rio de Janeiro, por meio de seus pesquisadores, tem como uma de suas funções desenvolver trabalhos de campo e manter intercâmbio com instituições brasileiras e estrangeiras.

Já durante as primeiras décadas do século XX, o Jardim realizou e organizou expedições. Uma dessas viagens foi a “missão” biológica belga ao Brasil, realizada entre 1922 e 1923.

Considerada pelos pesquisadores e professores europeus que analisaram os resultados da viagem como uma contribuição ao estudo da biogeografia do Brasil, a expedição belga apontou especialmente a relevância das pesquisas sobre a Amazônia, dado que, segundo seus membros, a região fora pouco estudada até então.

A ‘missão’ foi considerada, ainda, por seus contemporâneos, o prolongamento de um vasto movimento, por parte da Bélgica, de interesse botânico presente no início do século XIX, com as viagens ao Brasil realizadas pelo também belga Van Houte, em 1834.

Os jovens biólogos belgas e seus caminhos no Brasil

Em meados de 1922, partiu de Anvers, na Bélgica, em direção ao Brasil, um grupo de jovens biólogos, especialistas em botânica e zoologia, alguns deles ligados à Universidade de Bruxelas, e outros, ao Jardim Botânico Léo Errera, da mesma universidade: Jean Massart, professor e diretor do Instituto Botânico Léo Errera da Universidade de Bruxelas (coordenador da viagem); Raymond Bouillenne, botânico da Universidade de Liége; os também botânicos Paul Ledoux, Albert Navez e o zoólogo Paul Brien, os três últimos da Universidade de Bruxelas.

Idealizada pelo médico e biólogo Jean Massart, reconhecido como um pioneiro na conservação da natureza na Bélgica, a expedição se estendeu por diferentes locais do Brasil e teve como objetivos o estudo da fauna e da flora e o recolhimento de objetos para demonstração nos cursos universitários. As viagens da missão belga aconteceram em várias etapas: Rio de Janeiro; São Paulo; Minas Gerais e Bahia; Pernambuco, Ceará, Pará e Amazonas.

Em conferência na Sociedade Real das Ciências Médicas e Naturais de Bruxelas, Massart resumiu a descrição de sua viagem ao Brasil, ressaltando a acolhida recebida pelas autoridades governamentais e pelos cientistas de diferentes locais e instituições: “Nós desembarcamos no Rio, em 16 de agosto de 1922 depois de três escalas de alguns dias em Recife e na Bahia (…) e, seguidamente, recebemos as boas vindas das autoridades administrativas locais”. Na cidade do Rio de Janeiro, no Jardim Botânico, Jean Massart e os outros integrantes da ‘missão’ se fixaram durante cinco semanas: “Um grande laboratório (…) foi colocado à nossa disposição o que nos permitiu aproveitar as maravilhosas coleções do Jardim”.

Planejadas e dirigidas pelos cientistas do Jardim Botânico – Antonio Pacheco Leão (diretor da instituição) e João Geraldo Kuhlmann, entre outros, as viagens da ‘missão’ belga foram realizadas inicialmente com duração de um dia: a Jacarepaguá, à Barra da Tijuca e a Piratininga; às ilhas da Baía da Guanabara e à floresta da Tijuca.

Os naturalistas foram também a Xerém, com Adolpho Lutz, do Instituto de Manguinhos, e a Deodoro, com Arséne Puttemans, botânico belga ligado ao Ministério da Agricultura do Brasil.

“Todas essas viagens foram registradas pelos biólogos belgas e, associadas aos textos científicos, relatórios e diários, as fotografias desempenham uma função da maior relevância, dado que integram um material importante para o ensino, pesquisa e divulgação científica, consolidando o papel que o Jardim Botânico do Rio de Janeiro vem desempenhando como uma de suas importantes missões”, afirma a historiadora e pesquisadora afiliada do JBRJ Alda Heizer, curadora da exposição.

A direção de design da exposição é de Mary Paz Guillen. Trechos do relatório belga foram utilizados, em conjunto com os textos que foram produzidos por especialistas do JBRJ: História (Alda Heizer), Etnobotânica (Viviane Stern da Fonseca-Kruel); Itatiaia (Claudia Barros), Amazônia (Rafaela Campostrini Forzza) e fotografia científica (Raul Ribeiro).

Por ocasião da exposição, no mês de agosto, o JBRJ promoverá também rodas de conversa com especialistas sobre fotografia e expedições científicas e oficinas com a equipe de Educação Ambiental.

Serviço
Exposição O Jardim Botânico e a Expedição Belga no Brasil 1922-23
Abertura: 
Segunda-feira (27/6), às 11h.

De 27 de junho a 27 de setembro/2022, diariamente, das 9h às 17h.
Local: Galpão das Artes do Jardim Botânico do Rio de Janeiro
Acesso pela Rua Jardim Botânico, 1008.
Entrada gratuita.

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