Inédito ‘Bípede sem pelo’ estreia no SESC Copacabana

Espetáculo de dança cênica desenvolvido, dirigido, coreografado e encenado por Alexandre Américo tem como inspiração a natureza afrocentrada e a conexão com o solo a partir de manifestações culturais da terra.

por Waleria de Carvalho
Bípede sem pelo

Celebrando os 10 anos do projeto poético de movimento do Artista e Pesquisador da Dança Contemporânea Alexandre Américo, sua nova criação artística, o espetáculo “Bípede sem Pelo”, chega ao Rio de Janeiro. Com estreia marcada para 12 de outubro às 19h na Sala Multiuso do Sesc Copacabana, a montagem de dança cênica foi ganhando corpo a partir das inquietações de Alexandre sobre a natureza da morte e do desejo de repensar a concepção do ser humano enquanto cultura, como coisa que inventa. Neste sentido, o espetáculo pretende, a partir das manifestações encontradas nos sambas de nossas terras, fazer sentir/pensar uma coisa que parece ser cada vez mais rara em nosso cotidiano: a capacidade de estarmos conectados ao piso do planeta. O espetáculo foi selecionado pelo Edital de Cultura SESC RJ Pulsar.

Surgindo como continuidade de “Cinzas ao Solo”, trabalho desenvolvido em 2016 pelo artista potiguar, Américo deu início à montagem do atual projeto em 2021, fabulando um ser que se compreende enquanto parte dos mistérios das coisas que são o mundo, na tentativa de não separar natureza e cultura, passado e futuro, céu e terra, dança e técnica, carne e espírito, arte e política, vida e morte. As inspirações deste trabalho vieram de mergulhos em muitas referências de natureza afrocentrada, mas também de imagens que perpassam a cultura humana desde outros lugares.

“Fazem parte do escopo imagético de referências deste trabalho as imagens dos orixás Omolu e Iansã com suas palhas-da-costa e seus ventos, o culto aos Egun-eguns na Bahia, a dança dos orixás, estátuas de bronze encontradas no Egito Antigo, o Manto do Bispo do Rosário, a figura do Cronos devorando o filho, bem como do Atlas suspendendo a Terra, fotografias de pessoas em transe feitas por Pierre Verger e sonoridades advindas do Oriente”, adianta Alexandre Américo sobre a base da cena desta montagem.

O espetáculo torce a ideia do animal humano, o Bípede Sem Pelo, revelando, assim, um evento estético que nos põe em continuidade com as coisas mundanas, em giros, saltos, cruzamentos e amarrações, devolvendo-nos um saber próprio das manifestações culturais da terra. “O que se apresenta é um compartilhamento profundo e sensível das práticas de danças tradicionais brasileiras das quais eu experiencio desde criança. O mundano, aqui, se refere às coisas materiais e tudo o que é concreto. Estou interessado naquilo que foi profanado, ou seja, em tudo o que desceu do púlpito lustroso e repousou sobre a terra. É dançar para o chão, para baixo, referenciando o corpo das manifestações populares do nordeste do Brasil, em especial, de Natal (RN)”, pontua o potiguar.

Em sua gênese, “Bípede sem pelo” faz parte da pesquisa de movimento na qual o artista mergulhou a partir de 2012 por conviver com epilepsia mioclônica juvenil, uma síndrome epiléptica generalizada caracterizada por abalos involuntários nos membros, especialmente nos braços e nas mãos. Desde então, Alexandre se debruçou a pesquisar um modo de se mover que é pouco habitual na cultura das danças contemporâneas às quais ele poderia ter acesso. Assim, sua pesquisa de movimento surge a partir de uma possível impossibilidade à dança.

“Convulsiono sempre que me proponho a realizar passos codificados. Para que eu persistisse na dança, precisei me entender como improvisador e passei a gestar meus trabalhos a partir de minha singularidade de ser. Danço improvisando assuntos corporais que variam entre os espasmos mais intensos a linhas mais pontuais e suavizadas. Danço alargando meu sentimento de liberdade para que eu não convulsione. Assim, este modo de se mover passa a percorrer toda a minha trajetória ao longo desses 10 anos”, revela Américo.

Artista e Pesquisador da Dança com Licenciatura em Dança e Mestrado pelo PPGARC, ambas pela UFRN, Alexandre Américo foi aluno especial de Doutorado em Estudos da Mídia (UFRN) e Diretor Artístico da Cia Gira Dança (Natal/RN). No momento, é atuante na área da investigação em Arte Contemporânea, com enfoque em estruturas performativas, improvisação e seus desdobramentos dramatúrgicos. Com um perfil que transita com facilidade entre a academia e o palco, Alexandre acredita que teoria e prática caminham de mãos dadas, uma servindo à outra.

“Toda a minha formação no universo da dança cênica se deu, simultaneamente, dentro e fora dos espaços acadêmicos, e por isso me empenho em borrar as fronteiras entre o que é e o que não é academia. Penso que fazer dança é fazer conhecimento, e por isso me interesso em tecer um diálogo constante entre autores dentro de minhas criações. Para esta peça, em especial, tenho como suporte teórico o texto ‘Bípedes Sem Pelo: o caso das emoções, do Prof. Dr. Marcos Bragato, para me ajudar a pensar o que é esse humano dentro da ciência em relação à dança. E com o Michel Maffesoli e seu livro ‘Ecosofia: uma ecologia para nosso tempo’, que me auxilia no entendimento desse humano contemporâneo que busca se relacionar de maneira a não se separar da natureza e seus processos”, reflete Américo.

Desejando que este trabalho alcance os segmentos LGBTQIAPN+, negro, pessoas marginalizadas e periféricas, Alexandre pretende fazer compreender que a vida sem um senso de comunidade não vale a luta. “Devemos nos voltar profundamente à nossa relação com a terra, com a ancestralidade viva que nos rege. Entender que, ao refletir sobre a morte, podemos descobrir outros modos de encarar a vida para além daqueles impostos pela máquina capitalista que tanto devora nosso axé, nosso pulso de vida. Faço uma dança para alargar a liberdade de nossas ínfimas e poderosas existências. Para reelaborarmos, coletivamente, quem somos a partir de uma noção de corresponsabilidade com o decurso do mundo”, pondera.

“Sinto que precisamos admitir que a invenção do Homem ou Animal Humano individual e apartado da natureza é a receita para a catástrofe do planeta. Vale pensar que não são todas as culturas que o ser se percebe de maneira individualista. Há muito o que se aprender com o senso de comunidade disposto em corpos de terreiro, por exemplo. O Homem é uma invenção moderna e por isso pretendo torcer essa noção, reinventá-la. Inventar um outro bípede sem pelo”, finaliza Alexandre Américo.

SERVIÇO:

“Bípede Sem Pelo”

  • Temporada: De 12 a 22 de outubro de 2023
  • Dias da semana: de quinta-feira a domingo
  • Horário: 19h
  • Local: Sala Multiuso do Sesc Copacabana 
  • Ingressos: R$ 7,50 (associado do Sesc), R$ 15 (meia-entrada), R$ 30 (inteira)
  • Endereço: Rua Domingos Ferreira, 160 – Copacabana
  • Informações: (21) 2547-0156
  • Bilheteria – Horário de funcionamento:
  • Terça a sexta – de 9h às 20h
  • Sábados, domingos e feriados – das 14h às 20h
  • Classificação Indicativa: 18 anos
  • Duração: 40 minutos
  • Lotação: Sujeito à lotação
  • Gênero: Dança

FICHA TÉCNICA:

  • Dança | Direção | Coreografia | ALEXANDRE AMÉRICO
  • Co-Direção | Desenho De Luz | LAURA FIGUEREDO
  • Interlocução Coreográfica | ELISABETE FINGER
  • Cenografia | Assistência de Direção | JÔ BONFIM
  • Figurino | Maquiagem | Assistência de Direção | ANA VIEIRA
  • Veste | ANDALUZ
  • Trilha Sonora | Sonoplastia | TONI GREGÓRIO
  • Voz | IONARA MARQUES
  • Textos | Voz Off | ALEXANDRE AMÉRICO
  • Design Cênico | VINICIUS DANTAS
  • Visagismo | MARCONE SOARES
  • Cabelo | CID GUTYERREZ
  • Fotografia Processual | BRUNNO MARTINS
  • Fotografia de Divulgação | JAN
  • Design Gráfico | YAN SOARES
  • Assessoria de Imprensa | MARROM GLACÊ COMUNICAÇÃO
  • Produção | CELSO FILHO – LISTO! PRODUÇÕES

Daniel Dantas e Leticia Sabatella em curtíssima temporada de “Ilíada” no Teatro Prio, no Jockey

Ilíada

Ilíada – Foto de Gilson Camargo

Depois da temporada de sucesso no Rio de Janeiro, Ilíada está de volta ao circuito teatral carioca para seis apresentações no Teatro Prio, no Jockey (antigo Teatro XP, que reabre depois de uma reforma e com novo patrocínio). Daniel Dantas e Leticia Sabatella  reestrearam a peça no dia 6 e o espetáculo poderá ser visto até o dia 15 de outubro.

O casal de atores encena dois momentos da Guerra de Tróia — o Canto 1, com o estabelecimento do conflito interno entre os gregos e suas motivações, e o Canto 20, com o retorno triunfal do herói Aquiles ao campo de batalha. A direção da aclamada tradução da obra por Manoel Odorico Mendes é de Octavio Camargo, que também assina a música original do espetáculo. O curador do teatro, Caio Bucker, está à frente da produção, ao lado de Fernanda Thurann.

Em 2022, Daniel Dantas e Leticia Sabatella apresentaram os dois cantos da Ilíada na abertura do 32º Festival de Inverno da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e, então, resolveram levar a montagem para outros Estados do Brasil. O texto integra o repertório da Cia Ilíadahomero de Teatro, fundada por Octavio Camargo, em 1999, no Paraná. Interpretados em sequência pelos atores, os Cantos 1 e 20, ligam dois momentos epifânicos do poema heroico.

“Eu entrei em um projeto que já existia, e fiquei apaixonado pela linguagem, não só do Homero, mas pela linguagem específica do Odorico, nosso tradutor. E meio de brincadeira eu comecei a decorar, a conversar, e ficamos amigos eu e o Octavio, o diretor da companhia. […] Eu acho fundamental que a gente repita e insista fazendo coisas que às vezes não são tão fáceis, porque eu acho que é um pouco isso que a arte pode oferecer, buscar dar à plateia o que ela quer e o que ela ainda não quer, aquilo que ela vai aprendendo a gostar”, declara Daniel Dantas.

Leticia Sabatella destaca a ponte entre arte e educação que Ilíada propõe. Recitada em festivais na antiguidade por séculos e matéria-prima essencial para a educação no mundo grego, a Ilíada é considerada a obra fundadora do pensamento ocidental. Além de estabelecer vínculos com a literatura grega, a montagem coloca em evidência as paixões humanas, mostrando a atemporalidade dos sentimentos.

“Unir o meio acadêmico com a arte é algo pelo qual a gente tem que lutar. É uma honra participar dessa pesquisa em torno de um estudo tão profundo, tão intenso, de algo que nos forma, que nos alimenta, que explica muito do que nós somos. É importante pensar que esse texto da Ilíada era empregado para educar e como a gente precisa valorizar isso na nossa sociedade, no nosso país. É muito lindo a gente pesquisar isso dessa forma e ir entrando neste clássico do ocidente que é a Ilíada”, reflete Leticia Sabatella.

FICHA TÉCNICA:

  • Texto: Homero
  • Tradução: Manoel Odorico Mendes
  • Direção: Octavio Camargo
  • Elenco: Daniel Dantas e Leticia Sabatella
  • Figurinos: Cristina Cordeiro
  • Iluminação: Beto Bruel
  • Música original: Octavio Camargo
  • Design gráfico e fotografias: Gilson Camargo
  • Direção de produção: Caio Bucker
  • Assistência de produção: Aline Monteiro
  • Operação de som: Dafne Rufino
  • Operação de luz: Kelson Santos
  • Assessoria jurídica: BMN Advogados
  • Contadores: Cissa Freitas e Francisco Junior
  • Uma produção: Caio Bucker e Fernanda Thurann
  • Idealização: Cia. Ilíadahomero
  • Realização: Bucker Produções Artísticas e Brisa Filmes

SERVIÇO:

TEATRO PRIO

  • Av. Bartolomeu Mitre, 1110B – Leblon (no Jockey Club)
  • 06 a 15 de outubro de 2023
  • Sextas e sábados 20h, domingos 19h
  • Ingressos: Sympla
  • R$ 80,00 (inteira) e R$ 40,00 (meia)
  • Classificação indicativa: 12 anos
  • Duração: 70 minutos
  • Estacionamento rotativo no local

Sentimentos pelo olhar da dança

Sentimentos pelo olhar da dança

Sentimentos pelo olhar da dança – Foto de Danilo Sérgio

MPB- Amor, Guerra e Paz traz a reflexão, através de ritmos e movimentos musicais do Brasil, uma visão sobre a história do no nosso país através da Dança Contemporânea. Assim, o corpo dá forma aos sentimentos : solidão, alegria, tristeza,empatia , carinho e saudade em um recorte histórico do período vivenciado a partir dos anos de chumbo em busca da real liberdade de expressão. O espetáculo – que poderá ser visto no Futuros, no Flamengo, no dia 15 de outubro, à15h e 17h, gratuitamente,  traz ao espectador a esperança de um povo brasileiro que se revitaliza a cada canção, mesmo enfrentando problemas políticos, culturais e sociais. Movimento, som e canção em busca de dias melhores de amor e paz.

MPB é o 5º espetáculo do Laboratório de Dança Daniel Cortez e fala sobre o povo brasileiro, um misto de sentimentos e ritmos que trazem à tona a história de um povo que, desde as suas raízes, luta para ser uma nação igualitária em condições sem perder a alegria. Quais são as trilhas sonoras que maram a história do povo brasileiro? Será que conseguimos contar nossas experiências de vida através das canções do Brasil?

O Laboratório, ao escolher ritmos brasileiros como fonte de inspiração para seu novo espetáculo, propõe o desafio de experimentação de diferentes formas de ver e entender o cotidiano interno das pessoas ao ouvir músicas que marcaram vidas, sua contemporaneidade e sua brasilidade. Pensando nisso, o coreógrafo Daniel Cortez idealiza uma coreografia onde os Bailarinos do LBDC vivenciam as relações entre o corpo e o ritmo através de formas desconstruídas, desarticuladas, desalinhadas, arrojadas , possibilitando um painel alegre e instigante de movimentos e sons.

SERVIÇO

MPB – AMOR, GUERRA E PAZ

  • TEATRO FUTUROS
  • Rua Dois de Dezembro, 63 – Flamengo, Rio de Janeiro – RJ, 22220-040
  • DIA 15 DE OUTUBRO DE 2023
  • ÀS 15 E ÀS 17 H
  • ENTRADA GRATUITA
  • CLASSIFICAÇÃO 14 ANOS
  • RETIRADA DOS INGRESSOS NO SITE DO SYMPLA

FICHA TÉCNICA

  • COREOGRAFIA E DIREÇÃO: DANIEL CORTEZ
  • ELENCO: ANDRESSA RODRIGUES
  • BEATRIZ NASCIMENTO
  • BEATRIZ OTÍLIA
  • DANIEL CORTEZ
  • DUDA VIEIRA
  • JENNIFER SILVA
  • ESTEVAO FREITAS
  • JULIANO COSTA
  • ASSISTENCIA DE DIREÇÃO: ESTEVÃO FREITAS
  • FIGURINO: BEATRIZ OTÍLIA
  • VISAGISMO: ANDRESSA RODRIGUES
  • TRILHA SONORA: DANIEL CORTEZ E ESTEVÃO FREITAS
  • CENOGRAFIA: ESTEVÃO FREITAS E DANIEL CORTEZ
  • ILUMINAÇÃO: DAVID ISRAEL
  • OP DE SOM: ELISANGELA ASSIS
  • PRODUÇÃO: LUCIANA EZARANI
  • FOTOGRAFIA:DANILO SERGIO
  • DESIGNER:LEONARDO WIL

Grupo Arte de Viver apresenta ‘Aladim e o Pé de Caju’

Aladim e o Pé de Caju

Aladim e o Pé de Caju

Vem com a gente rir muito e se encantar com essa história mais que especial nos dias 14 e 15 de outubro no Centro Cultural Arte de Viver (Rua Samuel Uchôa,395 –Montese – Fortaleza).

Aladim, menino danado, que se mete numa aventura fantástica, com direito a castanhas mágicas, casa mal assombrada, jumento de duas cabeças, bode que descome ouro, uma gigante encalhada que se apaixona pelo vilão da história e até princesa!

A peça é uma adaptação regionalista de dois clássicos infantis: Aladim e João e o Pé de Feijão, tendo como personagem principal o nosso “gênio nordestino”, forte e esperto, mas ingênuo. A história de Aladim é contada por um sanfoneiro a uma vendedora de frutas, trazendo elementos característicos da cultura e do saber popular nordestino. 

Ficha ténica

  • Elenco: Ana Gleice, Danilo Ventura, Jady Vitória, Karine Araújo, Pedro Dias, Vicente
  • Anastácio e Viviane Silva
  • Texto: L.B. Matins
  • Direção: Hemetério Segundo
  • Dias: 14 e 15 de outubro às 18 horas
  • Centro Cultural – Arte de Viver
  • (R. Samuel Uchôa,395 – Montese)
  • PROMOÇÃO – Meia para TODOS
  • Lembrando que o valor simbólico é unicamente para manter o Instituto Grupo Arte de Viver

 

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