Com a chegada dos 15 anos, a Multifoco Companhia de Teatro leva seu olhar para as infâncias. Não como quem deseja voltar a ser o que já foi um dia, mas como quem busca a inspiração, a resiliência e o frescor dos começos. É com essa proposta que estreia dia 6 de dezembro de 2025, às 16h, no Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro o inédito “Chuva na Caatinga”, espetáculo inspirado nas tirinhas do cartunista Henfil e adaptado e desenvolvido pelas muitas mãos que compõem a Multifoco. O projeto conta com patrocínio do Governo do Estado do Rio de Janeiro, Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro, através do Edital Fluxos Fluminenses.
Com direção de Ricardo Rocha e Diogo Nunes, a montagem apresenta três personagens do alto da caatinga – a pequena de forte personalidade Graúna, a ingênua cangaceira Zeferina e a intelectualizada cabra Francisca Orelana estão à procura de algo valioso para a humanidade: o sentimento da esperança. Várias dificuldades e descobertas acontecem nesse percurso, como a fome, a seca e a dificuldade de convivência.
“A amizade entre uma ave, um cangaceiro e um bode, bem como suas personalidades e aventuras, parece ser mais facilmente entendida pelas crianças. A ideia inicial surgiu através de uma tirinha específica, que foi o fio condutor, e a partir disso fizemos a escolha de alguns temas para serem abordados. Houve, então, um processo de pesquisa e seleção de quais tirinhas seriam utilizadas e uma costura, que também misturou outros textos e criação autoral para o que atendesse melhor a encenação”, antecipa Clarissa Menezes, idealizadora da montagem e atriz do espetáculo.
Viviane Pereira, uma das atrizes em cena e uma das fundadoras da companhia, acredita na força das figuras de linguagem que Henfil traz em suas obras. “A Caatinga também é uma metáfora para falar da desigualdade social, da fome, seca e da opressão que assolam o nosso país. O pano de fundo da peça é a busca pela esperança, é dizer que essa luta pela dignidade e pela ‘chuva’ é uma pauta que pertence a todas e todos os brasileiros, e que ‘quando a gente acredita no outro, na outra, a amizade vira força. E a força vira luta coletiva por um mundo melhor’”, salienta, citando um trecho do texto da peça.
Com a clássica tirinha adaptada para o teatro, o público-leitor pode se surpreender com a encenação. Presentes no processo de criação como parte da pesquisa em expressão corporal, tanto a estética de cartum, quanto o desenho animado foram observados na busca de características de movimentação. “Abandonamos o realismo, que não se relaciona com a estética dos quadrinhos e do desenho animado, para rabiscar novos quadros na tela da cena. Performamos a temática da peça com gestos, posturas, manipulações do cenário e formas corporais que nascem do olhar atento aos traços de Henfil”, explica o diretor de movimento Palu Felipe.
A peça valoriza a diversidade artística brasileira na escolha de uma dramaturgia autoral baseada na obra do jornalista e escritor brasileiro Henfil, que em 1964 iniciou sua carreira de cartunista. Trabalhou, entre outros veículos, em “O Pasquim”, “Jornal do Brasil”, “Estadão”, “O Globo” e na revista “O Cruzeiro”. O projeto se propõe a construção de memória dos 81 anos do seu nascimento e 61 anos de sua obra. Uma singela maneira de manter viva sua criação por meio da recriação de suas histórias e personagens no teatro.
“Henfil publica sua obra num contexto de Brasil marcado pela censura, onde a graça e a ironia eram artifícios fundamentais para que se pudesse falar do que era pungente naquele momento e tentar passar batido pela repressão, o que era um feito hercúleo. Ao decidir apresentar sua obra no palco para um público de menos idade, viemos buscando quais linguagens nos ajudam a transpor o tom do Henfil para a cena. Então, bebemos nas ferramentas da palhaçaria, da comédia física, além das acrobacias – que já são uma marca da companhia – para trazer a leveza e o humor para a cena”, analisa Bárbara Abi-Rihan, atriz da peça e também fundadora do grupo.
A montagem traz como elemento fundamental a música, assim como a sonoplastia e as onomatopeias, recurso muito utilizado nas histórias em quadrinhos. Responsável pela direção musical, a compositora e musicista Rohl Martinez entra em cena como a onça Glorinha, outra personagem do Alto da Caatinga de Henfil, ajudando a ilustrar com sons a história. “A peça conta com quatro canções originais compostas por mim com a colaboração do diretor Ricardo Rocha em algumas letras. Construímos uma narrativa que mistura movimento e som (utilizando violão, percussões, apitos, efeitos sonoros, etc.), criando uma atmosfera lúdica onde a movimentação das personagens ganha cor e desenho por intermédio do som feito ao vivo em cena”, explica.
A produtora executiva Fernanda Xavier entende que, mais do que um título, o espetáculo é um sopro de fé e renovação. “‘Esperançar’ é o verbo que guia a narrativa, um lembrete de que, mesmo em tempos de secura, ainda há sonho, movimento e possibilidade. Inspirado nas potências da infância, o espetáculo nos convida a revisitar o olhar puro e curioso que enxerga o mundo com possibilidades infinitas. Propomos uma reflexão poética e necessária sobre o valor de seguir em busca do que realmente importa. Mais do que esperar a esperança, o espetáculo fala sobre agir, caminhar e acreditar. Porque quando se sonha em companhia, tudo floresce mais fácil”, aposta.
Um dos diretores da peça, que também assina sua cenografia e iluminação, Ricardo Rocha revela que o desejo da montagem nasceu da vontade de celebrar o tempo. “De olhar para tudo o que vivemos nesses 15 anos e reencontrar o encantamento. Montar o primeiro espetáculo infantil é como retornar à origem, mas com a maturidade de quem aprendeu a brincar de outros modos. É um gesto de futuro: reencontrar a infância não como passado, mas como potência criadora”, observa. “Trabalhamos a cenografia como um elemento ativo, que desafia o corpo e provoca a criação de imagens poéticas em cena. A pesquisa da companhia desperta, em crianças de todas as idades, o impulso de mover o corpo e imaginar o mundo, ampliando os modos de existir, sonhar e crescer em comunidade”, finaliza o diretor e visagista Diogo Nunes.
SINOPSE
“Chuva na Caatinga” é uma aventura a partir da obra do cartunista Henfil. Três personagens – a determinada Graúna, a ingênua Zeferina e a intelectualizada Orelana – estão à procura de algo valioso para a humanidade: o sentimento de esperança. Várias adversidades e descobertas acontecem nesse percurso, no qual o trio se depara com a dificuldade de convivência. A montagem é a primeira dedicada ao público infantojuvenil da Multifoco Companhia de Teatro que, em 2025, completou 15 anos de trabalho continuado na cidade do Rio de Janeiro.
FICHA TÉCNICA
- A partir da obra de Henfil
- Elenco: Bárbara Abi-Rihan, Clarissa Menezes e Viviane Pereira
- Musicista: Rohl Martinez
- Idealização: Clarissa Menezes
- Dramaturgia: Clarissa Menezes e Ricardo Rocha
- Citação: Albert Einstein, Bertold Brecht, Conceição Evaristo, Guimarães Rosa e Luiz Antônio Simas
- Direção: Diogo Nunes e Ricardo Rocha
- Direção Musical e Arranjos: Rohl Martinez
- Cenografia e Iluminação: Ricardo Rocha
- Visagismo: Diogo Nunes
- Figurinos e Adereços: Halyson Félix
- Direção de Movimento: Palu Felipe
- Preparação Física: Pico Academia (Rodrigo Stavale)
- Operação de som: Luana Zanotta
- Produção Executiva: Fernanda Xavier
- Assistência de Produção: Halyson Félix
- Interlocução Artística: Danielle Geammal
- Cenotécnico: Moisés Cupertino
- Comunicação Visual: Nícolas Martins
- Assessoria de Imprensa: Marrom Glacê Comunicação (Bruno Morais e Gisele Machado)
- Mídias Sociais: Viviane Dias
- Fotos e Vídeo: Códigos Art (Daniel Debortoli)
- Direção de Produção: Multifoco Produções Culturais
- Apoio: Ato Iluminação, Cia Pequod
SERVIÇO
“CHUVA NA CAATINGA”
Centro Cultural Banco do Brasil
Teatro III
Temporadas:
06 a 21 de dezembro de 2025
Sábados e Domingos às 16h
Sessões Extras:
20 e 21 de dezembro de 2025 – 11h
17 de janeiro a 1º de fevereiro de 2026
Sábados e Domingos às 16h
Sessões Extras:
31 de janeiro e 1º de fevereiro de 2026 – 11h
Inteira: R$ 30 | Meia-entrada: R$ 15, disponíveis na bilheteria física ou no site do CCBB (bb.com.br/cultura)
Estudantes, maiores de 65 anos e cartões Banco do Brasil pagam meia-entrada
Classificação Indicativa: Livre
Duração: 60 minutos
Centro Cultural Banco do Brasil
Rua Primeiro de Março, 66 – Centro – Rio de Janeiro – RJ
Tel. (21) 3808-2020 | ccbbrio@bb.com.br
Informações sobre programação, acessibilidade, estacionamento e outros serviços:
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Funcionamento: De quarta a segunda, das 9h às 20h (fecha às terças).
ATENÇÃO: Domingos, das 8h às 9h – horário de atendimento exclusivo para visitação de pessoas com deficiências intelectuais e/ou mentais e seus acompanhantes, conforme determinação legal (Lei Municipal nº 6.278/2017)